segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sarney passa por exames cardiológicos e volta para casa, em Brasília

5/5/2013 13:57
Por Redação, com ABr - de Brasília
Sarney
Ex-presidente do Senado, Sarney sofre com problemas cardíacos
O senador José Sarney, de 83 anos, foi submetido a exames na noite passada, no Instituto Cardiológico de Brasília (ICDF) após sentir leve desconforto, segundo a assessoria de imprensa do hospital. Os exames da avaliação cardiológica apresentaram resultados normais. Sarney teve alta em seguida e voltou para casa. O estado de saúde do senador será monitorado pela equipe médica do ICDF ao longo das próximas horas.
Em abril do ano passado, Sarney foi submetido a um cateterismo após exames detectaram “obstrução importante na artéria descendente anterior”. O senador passou por uma angioplastia para desobstruir as artérias e colocar stents (pequenos tubos para manter a dilatação das artérias). Na ocasião, Sarney ficou internado por dez dias no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, dois deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Com 83 anos, Sarney tem quase 60 de carreira política. Como parlamentar fez parte de 13 legislaturas: quatro como deputado federal e seis como senador. Até fevereiro, ocupava a presidência do Senado, quando foi substituído pelo senador Renan Calheiros.
Artéria entupida
Sarney, no ano passado, já havia antecipado um check up, em razão de fortes dores de cabeça. Os exames detectaram “obstrução importante na artéria descendente anterior”, o que carateriza “alterações compatíveis com o quadro de insuficiência coronária”, como relatou o boletim.
Por isso, a equipe médica que o assiste resolveu fazer logo uma angioplastia para desobstruir as artérias e colocar os stents. A nota do hospital, na época, disse que a cirurgia foi realizada com sucesso e adiantou que o senador, que recentemente assumiu a Presidência da República,  tinha um “quadro estável”.

domingo, 5 de maio de 2013

Documentos apontam que CIA via em Brizola a principal ameaça à ditadura

Relatório da agência aponta ex-governador como um ativo insurgente e fomentador da guerrilha

 
 
Com o golpe de 1964, Brizola amargou um exílio de 15 anos, boa parte dele vivendo em sua fazenda no Uruguai Foto: Ricardo Chaves / Agencia RBS
Nos primeiros anos do regime militar (1964-1985), os focos de insurgência armada haviam sido sufocados e a maioria dos líderes políticos de esquerda estava presa ou vivia no exílio. Nesse clima de aparente legalidade, a população se inclinava a apoiar os militares, instigada pelo discurso oficial de combate à ameaça subversiva. Um nome, contudo, era temido nos bastidores do poder: Leonel de Moura Brizola.
Enquanto respirava a brisa do Rio da Prata, no Uruguai, Brizola comandava operações, treinava guerrilheiros e recebia auxílio financeiro de Cuba e de ultranacionalistas brasileiros com objetivo de derrubar a ditadura. A versão sobre as atividades do trabalhista e o papel de Cuba no apoio de grupos extremistas na América Latina estão descritos em um calhamaço de papeis da CIA — a agência de inteligência americana — enviados ao governo brasileiro, ao qual ZH teve acesso.
Intitulado Intelligence Handbook, o dossiê da agência se detém em descrever em dezenas de páginas a ação dos grupos contrários ao regime, com foco sobre o Movimento Nacional Revolucionário (MNR) de Brizola, considerado como o mais "ativo" grupo de oposição ao regime. A documentação é datada de fevereiro de 1968.
A teia de relações de Brizola é descrita em minúcias, bem como os homens que formavam o seu establishment: Paulo Shilling — um dos fundadores do Movimento dos Agricultores Sem Terra (Master), uma organização precursora do MST —, o ex-deputado Neiva Moreira e o coronel do Exército Dagoberto Rodrigues, ex-diretor do Departamento de Correios e Telégrafos no governo João Goulart. Os tentáculos de Brizola se estenderiam pela Europa, onde seu contato era o ex-deputado Max da Costa Santos, que se encontrava exilado em Paris. Era ele quem viajava para Cuba através de uma conexão por Praga em busca de suporte para ações guerrilheiras. Para a CIA, a indicação mais clara do envolvimento de Cuba é seu apoio ao grupo de exilados de Leonel Brizola. "Os couriers (mensageiros) cubanos contataram e financiaram insurgentes brasileiros no Uruguai e financiaram sua viagem a Cuba para treinamento em campos de guerrilha", aponta o relatório.

Tancredo, Simon e Brizola em Nova York: ex-governador prepara seu retorno
Um estilo centralizador
Ainda segundo os documentos, Brizola arranjou um grau de proteção para ele próprio e sua organização no Uruguai desenvolvendo relações próximas com vários políticos e oficiais, bem como com grupos revolucionários daquele país, entre eles o Movimento Revolucionário Oriental e a Frente de Esquerda de Libertação (Fidel), ambos ligados ao regime cubano. Àquela altura, Brizola já sofria com escassez de homens dispostos a "encarar os perigos e dificuldades encontradas pelas guerrilhas" e os relatos apontam o recrutamento de possíveis combatentes até no Paraguai. Embora fosse financiado pelos revolucionários de Sierra Maestra e que membros do MNR eram constantemente treinados na ilha, Brizola se recusava a aceitar cubanos como integrantes do seu grupo, segundo a CIA, "provavelmente temendo perder o controle de sua organização".
— Não resta dúvida que toda a pressão e carga era sobre o Brizola. Ele era o perigo — atesta Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que considera fundamental que toda documentação venha à tona, mesmo que sob a ótica americana dos fatos.
Para a CIA, a "insistência" de Brizola em ser o único comandante de qualquer operação o teria colocado em desacordo com outros grupos brasileiros e contribuído para o seu "fracasso" em obter apoio unânime até entre os exilados no Uruguai. Centralizador, o gaúcho em 1968 estaria cedendo espaço para outras agremiações guerrilheiras, como a Resistência Armada Nacionalista (RAN), sob a liderança do ex-almirante Cândido de Assis Aragão e que reunia antigos oficiais do Exército e da FAB. O grupo contaria, conforme os dados da CIA, com uma rede de escape e uma base guerrilheira de apoio na Bolívia, onde foram encontrados contatos e nomes e endereços em Porto Alegre.
Até mesmo o suporte de Cuba Brizola estaria perdendo, em detrimento de outras lideranças como Carlos Marighella. Diante do suposto isolamento, o ex-governador estaria buscando outras fontes de financiamento através do governo da Argélia, onde Miguel Arraes estava exilado. A atuação de Arraes é tida pela CIA como mais voltada para esfera política, sem ação "proeminente nos círculos revolucionários". Já Brizola era mais temido, principalmente por, dois anos antes, ter posicionado um grupo paramilitar na serra do Caparaó, divisa entre Espírito Santo e Minas Gerais, naquela que é tida como a primeira guerrilha da ditadura. "O grupo foi recrutado, organizado, treinado, financiado e dirigido por Leonel Brizola", enfatiza o relatório da CIA.
— Caparaó era a menina dos olhos do Brizola, mas foi um grande fracasso. Era um grupo muito bem preparado militarmente, mas que acabou se isolando da população e ficou sem condições psicológicas de resistir — relata o jornalista Flávio Tavares, que questiona a maioria dos informes da CIA já que eram baseados em dados do regime que nem sempre traduziam a verdade.
A documentação, contudo, não surpreende a família de Brizola. O filho João Otávio, 60 anos, afirma que se soube mais tarde que havia infiltrados da CIA no Uruguai monitorando seu pai e que foi a partir de 1968 que Brizola parou de arquitetar contra a ditadura.
— Antes disso, ele era uma máquina de conspirar e não tenho a menor dúvida de que tinha apoio de Cuba.
Uma descrição dos levantes
Ao longo das dezenas de páginas do relatório elaborado pela CIA há uma descrição de tentativas de levantes guerrilheiros ocorridos no país e da capacidade de as Forças Armadas sufocarem qualquer "esforço insurgente". Existia o temor de novos movimentos em Estados menos populosos como Mato Grosso, Goiás e Amazonas — o que de fato ocorreu no caso da Guerrilha do Araguaia. O dossiê destaca, contudo, que o Exército, precavido, começou a realizar manobras em áreas rurais e inóspitas e que a população estaria pronta a auxiliar na delação. "O Exército mantém uma boa reputação entre o povo por meio de programa de ação cívica."
O foco embrionário de guerrilha tinha origem em Leonel Brizola. O mais sofisticado esforço teria ocorrido em 1966, na Serra do Caparaó, quando um grupo de cerca de 20 homens apoiados do exílio pelo gaúcho tentou recriar na região uma insurreição nos moldes cubanos. Sem apoio dos camponeses enquanto aguardava instruções de Brizola, os guerrilheiros foram capturados no final de março de 1967. A unidade contava com apoio logístico de Bayard Demaria Boiteux, ex-presidente do PSB. Junto aos guerrilheiros, a ponte de Boiteux era o ex-sargento Amadeu Rocha, a quem repassava dinheiro e remédios. "Amadeu depôs em interrogatório que Brizola gastou US$ 30 mil providenciado por Cuba no esforço em Caparaó", aponta o dossiê da CIA.
Alguns integrantes dessa insurgência, segundo a CIA, teriam participado em 1965 de um incidente no Rio Grande do Sul em um destacamento militar em Três Passos. Eles eram liderados por Jefferson Cardim, que fazia parte do grupo de exilados no Uruguai sob o guarda-chuva de Brizola. O relatório aponta que o levante teve inspiração brizolista, mas sua influência foi nula.
— Cardim estava brigado na época com Brizola. Ele agiu por conta própria quando cruzou a fronteira — assegura Jair Krischke, do MJDH.
A documentação também faz menção à prisão de um grupo de terroristas em Uberlândia (MG), em 1967, com "quantidades de explosivos químicos incendiários e armas". O interrogatório dos presos incluiu o jornalista Flávio Tavares.
— O Grupo de Uberlândia nunca chegou a funcionar. Quis implantar um foco de guerrilha, mas foi infiltrado pela polícia. Se tornou apenas uma isca para levar à minha prisão — lembra Tavares, que nega que o grupo possuía armamentos.
Segundo o dossiê, Tavares teria sido recrutado por um membro do bando para contatar Brizola, com quem se encontrou duas vezes em janeiro daquele ano e teria intermediado para um instrutor de guerrilha viajar a Minas Gerais. O grupo foi desmantelado em julho.
— Na época, fiz um contato com Brizola, mas desconhecíamos que o grupo tinha se transformado em uma armadilha. Tudo o que o grupo fazia a polícia tomava conhecimento. O grupo não tinha relação com o Brizola — afirma o jornalista.
Preocupação com os "reacionários"
O relatório da CIA também tem um capítulo destinado à linha dura do regime, que representava uma "potencial ameaça" à estrutura política do país. A preocupação com esses setores, classificados de "reacionários" pelo dossiê, envolvia não só oficiais aposentados, mas também militares da ativa — a maioria majores e coronéis — com ideias reformistas ligados ao ex-presidente Castelo Branco e que estariam exercendo certa pressão junto ao atual mandatário, Costa e Silva. O temor se estendia a setores da sociedade como latifundiários ("abastados plantadores de café") e industrialistas, que estariam descontentes com a reforma econômica e que, no passado, chegaram a se unir a nacionalistas em busca de uma legislação protecionista.
Nem mesmo o maior nome conservador da política escapou dos adjetivos da CIA. O ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda é tido como a figura política mais "perigosa" ao regime: "Ele é um oportunista esperto, com laços apertados com os conservadores, reacionários e oficiais militares linha dura". O relatório faz menção à Frente Ampla, movimento liderado por Lacerda e os ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek contra o regime, que pleiteava eleições diretas e a recuperação dos direitos cancelados com o golpe. O documento menciona que Lacerda estaria perdendo apoio entre os setores conservadores ao "cortejar" forças pré-revolucionárias. A CIA e os grupos guerrilheiros
Zero Hora teve acesso a documentos da agência de inteligência norte-americana, a CIA, repassados pela ONG The National Security Archive ao governo brasileiro. Especializada na liberação de documentos secretos, a National é vinculada à Universidade George Washington. Ao todo, são 270 paginas, sendo 40 pertencentes ao "Livro de Inteligência" da CIA, de fevereiro de 1968.
A seguir, um resumo de como a CIA monitorava e analisava possíveis grupos exilados capazes de criar focos de "insurgência" no Brasil.
Movimento Nacional Revolucionário (MNR)
Grupo que concentrou sua organização no Uruguai após o golpe de 1964, o MNR era composto por militares contrários ao regime, porém também contava com civis. Segundo os documentos da CIA, era organizado por Leonel Brizola e recebia auxílio do governo cubano.
Trecho dos documentos: "Entre os vários grupos opostos ao governo existente, o MNR de Leonel Brizola é conhecido como o mais ativo".
A Resistência Armada Nacionalista (RAN)
Concentrado em Montevidéu, era dominado por militares excluídos pelo regime, capitaneados pelo almirante Candido Aragão, mas também trazia antigas lideranças do Exército e da Força Aérea. O RAN se opunha às decisões do MRN e não reconhecia Brizola, um civil, como líder.
Trecho dos documentos: "O RAN tem sido mal sucedido em obter apoio significativo tanto dos comunistas cubanos quanto dos chineses."
O Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Fundado em 1922, defendia o marxismo, com forte atuação em sindicatos. Teve um curto período de legalidade. Luís Carlos Prestes e Carlos Marighella foram grandes lideranças, sendo que Marighella deixou a sigla. Segundo a CIA, o PCB recebia auxílio da União Soviética.
Trecho dos documentos: "O PCB segue a linha soviética e é o maior grupo revolucionário disciplinado no Brasil. Soma cerca de 13,2 mil de acordo com suas lideranças."
O Partido Comunista do Brasil (CPB)
Articulado por dissidentes do PCB, na década de 1960, o partido vivia na clandestinidade. Era mais afinado com a doutrina chinesa da esquerda, na defesa de guerrilhas para insuflar a revolução armada. Por ser mais recente, ainda sofria com o número escasso de membros.
Trecho dos documentos: "Três ou quatro grupos do CPB receberam de três a seis meses de treinamento em insurgência urbana e rural na China comunista."
Ação Popular (AP)
Formada por lideranças estudantis de esquerda, surgiu nos anos 1960, liderada por membros da Igreja Católica. Mais forte nos centros urbanos, conseguiu organizar manifestações estudantis e se ramificar pelo país. Conforme a CIA, teria inclinações pela insurgência armada.
Trecho dos documentos: "Se a AP iniciar a insurgência, ela provavelmente tomará a forma de terrorismo urbano. Muito sobre esta organização é especulativo."
Polop
Criado nos anos 1960, congregava lideranças estudantis e de trabalhadores. Radical, incluindo dissidentes de partidos de esquerda, no futuro deu origem a outros movimentos que lutaram contra o regime. Em 1968, a CIA não acreditava na capacidade de insurgência do grupo.
Trecho dos documentos: "Intelectuais marxistas que acreditam que o Brasil pode ser salvo por uma revolução violenta baseada em uma aliança estudante-trabalhador."
Grupos Trotskistas
Os movimentos trotskistas seguiam a doutrina do ucraniano Leon Trotsky, liderança que fez história na União Soviética. Os movimentos tinham diferentes grupos, como o Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT), envolvido em paralisações de trabalhadores.
Trecho dos documentos: "Orientado para preparar e liderar revoltas camponesas, eles têm sido culpados por tentativas de atos isolados de terrorismo e sabotagem."

Em Nova York: Brizola foi acompanhado pelos EUA desde o início da ditadura

ENTREVISTA Peter Kornbluh
Diretor da The National Security Archive
"A história dos arquivos brasileiros deve ser revelada"
Pesquisador da ONG The National Security Archive, Peter Kornbluh é um especialista em obter documentos outrora secretos do governo dos Estados Unidos. Ele tem auxiliado o Brasil na obtenção destes relatórios, como o acervo de 270 páginas que Zero Hora teve acesso, informes entregues à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Em entrevista concedida por e-mail a ZH, o pesquisador avalia a importância da abertura de arquivos, o primeiro ano da Lei de Acesso à Informação brasileira e a influência norte-americana nos regimes militares da América Latina. A seguir, os principais trechos.
Zero Hora - Qual a importância de abrir arquivos secretos de países?
Peter Kornbluh - A abertura de arquivos governamentais é uma obrigação para a democracia. É o direito do cidadão saber, em qualquer país, o que seu governo tem feito em seu nome, mas sem seu conhecimento. Sem acesso à verdadeira história, pode não haver fundamento histórico para um debate público integral sobre o futuro. Particularmente, em países como o Brasil, onde existe um histórico de abusos de direitos humanos e repressão, as evidências nos arquivos são fundamentais para se chegar a um veredicto social, legal e histórico sobre o passado.
ZH - Como funciona o processo para abrir documentos secretos nos Estados Unidos?
Peter - Nos Estados Unidos há uma legislação clara sobre liberdade de informação, que garante o direito legal de requisitar e obter documentos. Existe também o sistema da biblioteca presidencial, supervisionado pelo governo, onde documentos-chave são coletados, revisados e eventualmente disponibilizados para pesquisas escolares.
ZH - O Brasil criou sua Lei de Acesso à Informação. O senhor a conhece?
Peter - O Brasil é uma das últimas grandes nações a aprovar uma lei de acesso à informação, algo muito importante. O aniversário da lei está chegando, e jornalistas e organizações devem avaliar como ela funcionou: quantos pedidos foram arquivados, quantos documentos foram liberados, quantos documentos foram retidos, e se a retenção foi legítima ou ilegítima. É indispensável uma auditoria do primeiro ano para ajudar a melhorar a implementação da lei nos anos que virão. A documentação brasileira não tem apenas o grande papel de fortalecer o fluxo de informação para os cidadãos brasileiros, mas também informar outros países sobre o papel que o Brasil desempenhou no Exterior.
ZH - Qual foi a influência dos Estados Unidos nas ditaduras militares da América do Sul?
Peter - Os Estados Unidos ajudaram secretamente a criar os mais famosos regimes militares na região - do sanguinário regime guatemalteco em 1954 às juntas brasileiras em 1964, até o regime Pinochet em 1973. Nos Estados Unidos e na América Latina nós sabemos muito sobre a intervenção secreta americana na região em virtude da nossa capacidade de usar a lei de acesso à informação para obter documentos com acesso liberado.
ZH - E Cuba financiou grupos armados na América do Sul?
Peter - Como não temos acesso aos arquivos cubanos, não sabemos a história completa sobre o apoio do país às insurgências latino-americanas. Depois que Che Guevara foi morto por tropas treinadas pelos americanos na Bolívia, o apoio cubano para insurgências foi significativamente reduzido até os anos 1980, quando Cuba apoiou alguns elementos revolucionários na América Central.
ZH - Como o senhor avalia o regime militar no Brasil?
Peter - O Brasil é uma superpotência regional. A ditadura brasileira possuía uma política exterior muito intervencionista no Conesul - auxiliando na derrubada de Salvador Allende (Chile), participando no enfraquecimento do governo da Bolívia, influenciando as eleições no Uruguai etc. A história dos arquivos brasileiros deve ser revelada para o benefício da região latino-americana, como também o direito de saber de todos os brasileiros.

sábado, 4 de maio de 2013

Igreja Católica beatifica neste sábado a primeira negra brasileira

PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE

A filha de escrava Nhá Chica será beatificada hoje em Baependi (MG). Francisca de Paula de Jesus (1810-1895), mineira de São João del Rei, é a primeira negra beata brasileira. Ela era leiga --não pertenceu a ordens religiosas.
À rádio Vaticano o cardeal italiano Angelo Amato, prefeito da Congregação das Causas dos Santos e representante do papa Francisco na cerimônia, destacou valores de Nhá Chica, como a vida simples dedicada à caridade.
Papa Bento 16 reconhece milagre atribuído a Nhá Chica
"Nhá Chica viveu plenamente esses valores, deixando-os como herança para todos os brasileiros, mas também para toda a Igreja."
Analfabeta, a "santinha de Baependi" e "mãe dos pobres", como foi chamada, nunca se casou. Aos dez anos, perdeu a mãe, também solteira, e cresceu com o irmão, dois anos mais velho.

Nhá Chica

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Gil Leonardi/Imprensa MG
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A filha de escrava Nhá Chica será beatificada hoje em Baependi (MG).
O irmão, Teotônio Pereira do Amaral, ficou rico. Nhá Chica, sua herdeira, distribuiu tudo como esmola e ergueu uma pequena igreja.
Desde 1991, ela já era "serva de Deus", título recebido da Congregação das Causas dos Santos do Vaticano. Em janeiro de 2011, foi reconhecida como "venerável". A beatificação é o passo que antecede a canonização.
Ela veio com o reconhecimento de um milagre atribuído a Nhá Chica, há 11 meses, pelo então papa Bento 16. Para se tornar santa, é preciso comprovar mais um milagre.
O milagre atribuído a Nhá Chica foi a cura, há 18 anos, de uma doença cardíaca congênita sem a necessidade de cirurgia. A devota curada é a professora aposentada Ana Lúcia Meirelles Leite, 67.
Uma comissão de sete médicos do Vaticano, em outubro de 2011, reconheceu, por unanimidade, que a cura não tem explicação científica.
O bispo dom Diamantino de Carvalho disse que o livro de registro de Nhá Chica tem mais de 20 mil casos relatados como supostos milagres.
O Brasil tem dois santos: frei Galvão, nascido em Guaratinguetá (SP), e santa Paulina, que nasceu na Itália e veio para o país aos dez anos.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Projeto destina royalties do petróleo para educação

A presidente Dilma Rousseff encaminhou nesta quinta-feira ao Congresso Nacional projeto de lei que trata da destinação...A presidente Dilma Rousseff encaminhou nesta quinta-feira ao Congresso Nacional projeto de lei que trata da destinação de royalties do petróleo para a área de educação. O despacho foi publicado em uma edição extraordinária do Diário Oficial da União de quinta-feira, dois dias depois de o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ter se antecipado e sancionado lei estadual que direciona os recursos pernambucanos dos royalties para educação. Campos é visto dentro do Palácio do Planalto como um potencial concorrente de Dilma nas eleições do ano que vem.
Em pronunciamento na rede nacional de TV e rádio, feito na quarta-feira, 1º, em comemoração ao Dia do Trabalhador, a presidente disse que "a mais decisiva" das medidas que está tomando na área de educação é a que "determina que todos os royalties, participações especiais do petróleo e recursos do pré-sal sejam usados, exclusivamente, na educação".
"A educação deve ser uma ação permanente em todos os instantes da vida de uma pessoa. Ela começa na creche, passa pela escola de tempo integral, pelo ensino médio, pela qualificação profissional, pela universidade, o mestrado, o doutorado e tem que prosseguir, de forma ininterrupta, até o fim da vida", afirmou a presidente. "É importante que o Congresso Nacional aprove nossa proposta de destinar os recursos do petróleo para a educação. Peço a vocês que incentivem o seu deputado e o seu senador para que eles apoiem esta iniciativa."
A MP 592, que destinava recursos do petróleo para a educação, perderá vigência nos próximos dias, após o impasse criado com a liminar da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmen Lúcia de suspender a nova distribuição das receitas do petróleo.
Conforme determinado no projeto de lei enviado ao Congresso pelo Planalto, serão destinados exclusivamente para educação "as receitas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, provenientes dos royalties e da participação especial relativas aos contratos celebrados a partir de 3 de dezembro de 2012 (), sob os regimes de concessão e de partilha de produção", quando a exploração ocorrer em "plataforma continental, no mar territorial ou na zona econômica exclusiva".
O projeto de lei também faz referência ao artigo 214 da Constituição, que trata da elaboração de um Plano Nacional de Educação (PNE) a cada dez anos. O último PNE patina no Congresso Nacional há dois anos e meio, devido à polêmica discussão sobre a porcentagem do PIB que deve ser destinada à área.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Em pronunciamento, Dilma defende que recursos do petróleo sejam destinados para a educação

A presidenta Dilma Rousseff defendeu nesta quarta-feira (01), durante pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV sobre o Dia do Trabalho, que todos os royalties, participações especiais do petróleo e recursos do pré-sal sejam usados exclusivamente na educação. A presidenta disse que enviou ao Congresso Nacional uma nova proposta para destinar os recursos do petróleo para a educação.
“Um governo só pode cumprir bem o seu papel se tiver vontade política e se contar com verba suficiente. Por isso, é importante que o Congresso Nacional aprove nossa proposta de destinar os recursos do petróleo para a educação. Peço a vocês que incentivem o seu deputado e o seu senador para que eles apoiem esta iniciativa”, disse.
No pronunciamento, Dilma falou da alegria de comemorar o 1º de Maio com recordes sucessivos no emprego, na valorização do salário e nas conquistas sociais dos trabalhadores. Ela lembrou que o Brasil gerou, nos últimos dez anos, mais de 19 milhões empregos com carteira assinada e que o salário-mínimo cresceu mais de 70% em termos reais. A presidenta também disse que a renda do trabalho foi um dos principais fatores para diminuir a desigualdade.
“Mesmo com a importância dos programas sociais, foi a renda do trabalho que mais contribuiu na diminuição da desigualdade. Com os programas de transferência de renda, já tiramos 36 milhões de brasileiros da miséria. Mas são o emprego e o salário que estão impedindo que essas pessoas voltem para a pobreza, e também aceleram a ascensão social de milhões de outros brasileiros. Foi assim que 40 milhões de brasileiros foram para a classe média. Isso se deu por causa da valorização do salário-mínimo, do recorde na geração de emprego com carteira assinada e do ganho real em todas as faixas salariais”, afirmou.
Segundo Dilma, os direitos trabalhistas avançam e as dívidas sociais históricas estão sendo resgatadas, como ocorreu recentemente com a aprovação da PEC que estende os direitos previstos na CLT aos trabalhadores domésticos. A presidenta disse ainda que o Brasil, em meio a uma crise internacional, conseguiu diminuir o desemprego e conceder reajustes salariais.
“Por sinal, em 2012 enquanto lá fora cresciam o desemprego e as perdas salariais, aqui ocorria exatamente o contrário. Tivemos o menor índice de desemprego da história e, segundo o Dieese, o melhor ano de reajustes, com 95% das categorias conquistando aumento real de salário. Não houve apenas aumento, mas também melhoria na qualidade do emprego: cresceram os níveis de escolaridade dos empregados e ampliou-se a formalização do emprego. Ao mesmo tempo, diminuiu a taxa de desemprego entre os jovens e aumentou o emprego entre os mais maduros”.
A presidenta disse que o Brasil seguirá na rota de crescimento com estabilidade, distribuição de renda e diminuição das desigualdades, lutando pela redução de impostos e pela diminuição dos custos para o produtor e o consumidor.
“É mais do que óbvio que um governo que age assim e uma presidenta que pensa desta maneira não vão descuidar nunca do controle da inflação. Esta é uma luta constante, imutável, permanente. Não abandonaremos jamais os pilares da nossa política econômica, que têm por base o crescimento sustentado e a estabilidade”, afirmou.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Dia do Trabalho é marcado por manifestações em todo o mundo

Grécia vive greve geral contra medidas de austeridade
Grécia vive greve geral contra medidas de austeridade
Redação Internacional, 1 mai (EFE).- Milhares de trabalhadores de todo o mundo reivindicaram nesta quarta-feira, Dia Internacional do Trabalho, a ampliação de seus direitos, caso da Ásia, e políticas que incentivem a criação de novos empregos, no caso do Ocidente.
No sudeste asiático, onde está a mão-de-obra mais barata do planeta apesar do aumento real do salário mínimo nos últimos anos, milhares de pessoas se manifestaram para pedir melhores condições de trabalho.
Milhares de filipinos saíram às ruas em Manila e em outras cidades do arquipélago para pedir um aumento do salário mínimo, enquanto na Indonésia os sindicatos calcularam que cerca de 80.000 pessoas participaram da manifestação organizada em frente ao palácio presidencial, em Jacarta.
No Camboja, onde o sindicato mais importante é o do setor têxtil, a maior manifestação aconteceu em Phnom Penh. A maior reivindicação é o aumento do salário mensal de US$ 80 para US$ 150.
Em Istambul, na Turquia, o feriado foi marcado pela violência. Enfrentamentos entre manifestantes e a polícia terminou com dezenas de feridos e 72 presos. A passeata organizada na capital se dirigia para a praça Taksin, onde a tradicional concentração tinha sido proibida.
Em Rabat, no Marrocos, o sindicato do partido nacionalista Istiqlal (PI), que faz parte do Executivo, levou para as ruas milhares de pessoas, que criticaram o Partido Justiça e Desenvolvimento, líder da aliança governista, e a ruptura do diálogo social.
Na Tunísia o Primeiro de Maio foi dedicado a homenagear o líder de esquerda Chukri Bel Aid, assassinado em 6 de fevereiro, em uma grande manifestação convocada pelo sindicato União Geral de Trabalhadores Tunisianos (UGTT).
Uma greve geral foi a resposta dos cidadãos da Grécia contra os novos cortes aprovados pelo Parlamento. Na Espanha, milhares de pessoas de manifestaram e protestaram contra a situação no país. Os dados do desemprego na Espanha são os piores da história, com 6,2 pessoas sem ocupação, ou 27,16% da população ativa.
Os sindicatos franceses celebraram o dia divididos e em lugares diferentes, com manifestações que reuniram milhares de pessoas e confirmaram as diferenças que os separam em relação à política governamental. A França registra um desemprego recorde: em março, o número de pessoas sem trabalho era de 3,22 milhões.
Nas cidades alemãs de Berlim e Frankfurt manifestantes de esquerda saíram às ruas para bloquear passeatas convocadas pelo ultradireitista Partido Nacional Democrático (NPD). Não foram registrados maiores incidentes no país.
Em Cuba, o presidente Raúl Castro presidiu o desfile de Primeiro de Maio na Praça da Revolução, em Havana, em uma jornada onde os trabalhadores foram convocados para homenagear o falecido líder venezuelano Hugo Chávez.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, parabenizou os trabalhadores por meio de sua conta no Twitter e prometeu 'seguir batalhando por um mundo diferente, onde o trabalho volte a ser o grande organizador social'.
Segundo as últimas estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), existem mais 197 milhões de desempregados no mundo todo, índice que representa 5,9% da força de trabalho.
Desde o início da crise econômica, o aumento total do desemprego foi de 28 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões perderam seu trabalho em 2012.
O epicentro da crise segue nas economias avançadas, onde se encontram a metade das pessoas que ficaram sem emprego na última meia década.
Além disso, 39 milhões de pessoas em idade e com capacidade para trabalhar decidiram, levados pela desesperança, abandonar a busca por uma atividade remunerada.
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Tucanos não se entendem quando assunto é reeleição do presidente

30/4/2013 11:35
Por Redação - de São Paulo

FHC
FHC (Centro) critica Serra e aponta Aécio (D) como provável candidato tucano em 2014
Acusado de comprar votos no Congresso para conseguir mais um mandato, em 1997, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso discorda do candidato de seu partido, Aécio Neves, à sucessão da presidenta Dilma Rousseff quando o assunto é a reeleilção. Principal cabo eleitoral do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência em 2014, FHC discordou, publicamente, de seu pupilo nesta terça-feira. Neves tem batido forte na reeleição e pede a aprovação do mandato de cinco anos. Em entrevista ao jornalista Cristian Klein, do diário Valor Econômico, o tucano disse ainda ser “cedo para julgar”.
– Não é a minha opinião, acho que é cedo para julgar, há exemplos no mundo todo que havendo uma interrupção, aos quatro anos, é razoável. Na prática é isso, é uma confirmação, um recall, que você poderia discutir se seria melhor a cada três ou quatro anos. Mas ele teve sempre essa opinião. O Serra também – afirmou o ex-presidente, referindo-se a Aécio e ao candidato derrotado na campanha presidencial de 2010 José Serra, que ainda permanece no ninho tucano.
FHC acredita que quatro anos são “muito pouco tempo” para se fazer algo de mais duradouro, enquanto seis anos pode ser prejudicial caso a pessoa à frente do Executivo não esteja fazendo o que a população quer. Por isso, em sua avaliação, o ideal seria a reeleição no formato atual.
– Quatro anos é muito pouco tempo para você fazer alguma coisa de mais duradouro. Seis anos é razoável, mas pode ser que seja errado para uma pessoa que não esteja fazendo o que o país quer. Na média é melhor ter quatro mais quatro – disse.
O ex-presidente também disse que não vê motivos para Aécio discutir isso neste momento.
– Nos Estados Unidos funcionou, e mesmo no Brasil se mostrou ter certa eficiência. Portanto, eu manteria minha posição. Mas isso não é uma questão da ordem política e conjuntural. Não vejo razão para ele (Aécio) estar discutindo isso agora – disse.
Na mesma entrevista, Fernando Henrique sai em apoio à proposta do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, que visa a redução da maioridade penal.
– Todo crime agora que aparece quem deu o tiro foi um menor de idade – concluiu.