sábado, 7 de março de 2015

Zavascki ressalta importância da sociedade ter conhecimento de tudo

Ministro do STF que suspendeu o sigilo da lista de políticos citados na Lava Jato, disse que é muito importante que a sociedade esteja ciente de tudo.

Giovana TelesBrasília, DF
Ao justificar a suspensão do sigilo em torno dos nomes e dos documentos fornecidos pelo procurador-geral da República, o ministro Teori Zavascki ressaltou a importância da sociedade ter conhecimento de tudo.
Parece estar clara a preocupação do ministro do STF com a importância social no sentido mais amplo do caso. O ministro Teori Zavascki acatou todos os pedidos de abertura de inquérito e de arquivamento feitos pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot.
O ministro destacou que, nessa fase, cabe ao tribunal apenas controlar se os procedimentos da coleta de provas seguem a lei. E que o procurador é o responsável pelo rumo das investigações. Lembrou que a abertura dos inquéritos não significa que o investigado é culpado.
Teori Zavascki também acabou com o sigilo de todas as apurações feitas até agora e das delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. As delações só vão se tornar públicas no começo da semana que vem. 
Na decisão, o ministro disse "não haver interesse social a justificar a reserva de publicidade". "Pelo contrário: é importante, até mesmo em atenção aos valores republicanos, que a sociedade brasileira tome conhecimento dos fatos relatados".


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sexta-feira, 6 de março de 2015


CPI da Petrobras vai pedir acesso à lista dos indiciados na Lava Jato

Agência Brasil
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras vai pedir ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o acesso à lista com os nomes dos 54 indiciados na Operação Lava Jato da Polícia Federal. O documento foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última terça-feira (3).
A solicitação consta em um dos 109 requerimentos aprovados ontem (5) pela comissão. O primeiro aprovado foi referente à convocação do ex-gerente da Petrobras,Pedro Barusco, cujo depoimento está previsto para terça-feira (10). Como o ex-gerente está em regime de prisão domiciliar, a sua ida à CPI depende de autorização judicial. 
A CPI aprovou a convocação dos ex-presidentes da Petrobras, Graça Foster e Sérgio Gabrielli; dos ex-diretores de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, da Área Internacional, Nestor Cerveró, de Serviços, Renato Duque; da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Magda Chambriard e do doleiro Alberto Youssef. 
O presidente da SBM Offshore no Brasil, Phillippe Levy também será chamado a depor. A empresa holandesa é investigada pelo pagamento de propina aos ex-diretores da estatal, entre eles está Barusco que, em delação premiada, disse que recebeu mais de U$ 20 milhões de propina da empresa. O ex-diretor afirmou, que o pagamento por parte da SMB começou em 1997, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 
As convocações fazem parte dos 43 requerimentos listados pelo relator Luiz Sérgio, constantes no plano de trabalho que norteará os trabalhos da CPI. O presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB) informou que os trabalhos serão divididos em reuniões para as oitivas, deliberação de requerimentos e análise da documentação. Ontem, a CPI recebeu 334 requerimentos que devem ser apreciados na próxima quinta-feira (12).

Tags: convocações, cpi, federal, lava jato, motta, supremo

quinta-feira, 5 de março de 2015

Zavascki terá que analisar 5 caixas de documentos enviadas por Janot

Lista de políticos suspeitos de crime chegou nesta terça ao STF.
Ministro decidirá se derruba sigilo e abre informações da Lava Jato.

Nathalia Passarinho e Renan Ramalho Do G1, em Brasília
Os 28 pedidos de abertura de inquérito contra políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras ocupam cinco caixas que foram entregues na noite desta terça-feira (3) ao gabinete do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF). O grande volume de documentos pode retardar a decisão sobre a divulgação dos nomes das autoridades que serão investigadas.
Em cada petição protocolada no STF, o procurador-geral, Rodrigo Janot, pede que Zavascki derrube o segredo de justiça, para tornar pública a lista de políticos suspeitos. O ministro vai analisar cada solicitação e divulgará o teor dos documentos em bloco. A tendência é de que ele libere todos os dados, conforme requer Janot, com exceção das diligências, como quebras de sigilos bancário e fiscal.
Ao chegar à sessão do plenário do STF nesta quarta (4), Zavascki foi questionado por jornalistas se haveria “notícia esta semana”, ao que respondeu: “Vai ter”. Os pedidos de abertura de inquérito entregues ao ministro se referem a 54 pessoas, entre políticos e suspeitos sem prerrogativa de foro privilegiado. Existem ainda sete pedidos de arquivamento.
São julgados no STF presidente da República, senadores, deputados e ministros de Estado. O procurador-geral deve entregar até o início da próxima semana, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), pedido para investigar um ou mais governadores suspeitos de participação no escândalo de pagamento de propina na Petrobras. As petições, neste caso, serão analisadas pelo ministro Luís Felipe Salomão.
A participação de autoridades no escândalo na Petrobras foi revelada nas delações premiadas do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. Os dois firmaram acordo com o Ministério Público Federal para colaborar com as investigações e delatar os demais integrantes do esquema em troca de redução das penas. Junto com os pedidos de abertura de inquérito, Rodrigo Janot já solicitou uma série de diligências, como quebra de sigilos bancário e fiscal dos políticos.

Delações
Nos depoimentos ao Ministério Público, Paulo Roberto Costa disse que empresas que atuavam em contratos da Petrobras pagavam propina aos diretores da estatal e que parte desses valores foi direcionada ao PT, PMDB e PP, inclusive na campanha eleitoral de 2010.

Costa integrou a diretoria da Petrobras entre 2004 e 2012, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ele foi preso em março pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, sob a acusação de integrar a quadrilha comandada pelo doleiro Alberto Youssef. Após fazer acordo de delação premiada com a Justiça, Costa foi autorizado a ficar em prisão domiciliar.
Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”,  o ex-diretor revelou o nome de 28 políticos supostamente beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras. A publicação afirma que entre os mencionados estão o ex-ministros Edison Lobão (Minas e Energia); Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Mário Negromonte (Cidades); o governador do Acre, Tião Viana (PT); os ex-governadores Sérgio Cabral (Rio) e Eduardo Campos (Pernambuco), além de deputados e senadores de PT, PMDB, PSDB e PP. Os políticos citados negaram participação.
Entenda a Lava Jato
A Operação Lava Jato começou investigando um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas (envio ilegal de dinheiro ao exterior) que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. A investigação resultou na descoberta de um esquema de desvio de recursos da Petrobras, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

Na primeira fase da operação, deflagrada em março de 2014, foram presos, entre outros, o doleiro Alberto Youssef, apontado como chefe do esquema, e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A sétima fase da Lava Jato, deflagrada em novembro do ano passado, teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras em um valor total de R$ 59 bilhões.

Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal. Só na sétima etapa da operação, foram expedidos 85 mandados de prisão, de busca e apreensão e de condução coercitiva (quando o investigado é levado pela polícia para depor) em municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Distrito Federal.

Segundo o MPF, a Lava Jato cumpriu 64 mandados de prisão, 201 de busca e apreensão e 55 de condução coercitiva. Ao todo, 150 pessoas e 232 empresas estão sob investigação da Procuradoria.

Dinheiro desviado e recuperado
Informações divulgadas pelo MPF apontam que os crimes investigados pela Lava Jato desviaram ao menos R$ 2,1 bilhões da Petrobras, com base apenas nos crimes denunciados até agora.

Ao todo, a Procuradoria apresentou 19 acusações criminais contra 87 pessoas, por atos ilícitos como corrupção, crime contra o sistema financeiro, tráfico internacional de drogas, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro.

MPF informou já ter assegurado a recuperação de R$ 500 milhões desviados por investigados na operação. Segundo o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Douglas Fischer, para permitir o resgate da quantia, o MPF fechou acordos de cooperação internacional com 12 países, entre os quais Suíça, Estados Unidos e Holanda. Além disso, foram bloqueados R$ 200 milhões em bens de réus dos processos decorrentes da Lava Jato.

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quarta-feira, 4 de março de 2015

Álvaro Dias, do PSDB, e políticos do PSB e PP foram citados na Lava Jato

3/3/2015 13:31
Por Redação - de Brasília, Curitiba e São Paulo

Álvaro Dias
O “testa de ferro” de Youssef indicou o senador Álvaro Dias como membro do esquema
Às vésperas da divulgação de uma lista com nomes de polílticos envolvidos com a corrupção e desvios bilionários na Petrobras, o doleiro Alberto Yousseff volta a delatar o pagamento de propinas para os partidos da direita, entre eles o PSDB, o PSB e o PP. Em um outro trecho da delação premiada na Operação Lava Jato, vazado para a mídia conservadora, Youssef indica o pagamento de comissões irregulares para integrantes daquelas legendas. Segundo afirmou à Polícia Federal (PF), o senador Ciro Nogueira (PP-PI), atual presidente do PP, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), que morreu em um acidente de avião, em agosto último, e o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, vítima de um câncer fatal, no ano passado, receberam subornos dos empreiteiros. Caciques do PP, de acordo com a delação premiada, teriam recebido subornos entre 2010 e 2011 da construtora Queiroz Galvão em um contrato para implantação de tubovias em Abreu e Lima, de R$ 2,7 bilhões.
O acerto, diz o delator, teria sido fechado antes da assinatura do contrato, na época sob ameaça de criação de uma CPI sobre a estatal. Os R$ 10 milhões de propina também beneficiaram o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra. Campos, segundo o doleiro, recebeu igualmente entre 2010 e 2011 R$ 10 milhões pelo contrato do consórcio Conest, formado pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, para não criar dificuldades nas obras.
Reunião secreta
Durante encontro, em num hotel de luxo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o grupo pressionou executivos da Queiroz Galvão a concluir a negociata e ameaçou estimular a criação de uma CPI sobre a estatal, ideia acalentada oposição ao governo da presidenta Dilma, desde 2010.
Nos dias que se seguiram, a empreiteira fechou o contrato e parte da propina foi paga em doações oficiais a candidatos, segundo o delator. O pagamento do suborno em dinheiro, disse Yousseff, teria sido efetuado por Fernando Soares, o Baiano, também preso na Lava Jato.
As partes negociaram que R$ 10 milhões, total pago ao grupo, seriam destinados a “impedir a realização da CPI da Petrobras”, diz o corrupto confesso, em seu depoimento, conforme vazado, nesta terça-feira. Um dos beneficiários desse dinheiro teria sido o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra. A parte do butim que coube ao PSDB, ainda de acordo com o depoimento, teria sido entregue ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR), para a compra de um terreno, no Rio de Janeiro, pela quantia de R$ 3 milhões. A área comprada teria sido revendida para a Petrobras, meses depois, por mais de R$ 40 milhões.
O delator também afirmou que o então governador pernambucano Eduardo Campos recebeu entre 2010 e 2011 o total de R$ 10 milhões em propina paga no contrato do consórcio Conest, formado pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, para as obras da Refinaria Abreu e Lima. A propina teria servido para que ele “não criasse dificuldades nas obras”, segundo Yousseff.
A Odebrecht teria sido responsável pela propina, no valor de R$ 30 milhões, e o total foi dividido entre Campos, Costa e o PP, disse o doleiro. O valor recebido por Campos teria sido entregue a um emissário do ex-governador, no Recife.
Ligações clandestinas
Em outro depoimento, o suspeito Leonardo Meirelles, apontado como “testa de ferro” do doleiro no laboratório Labogen, também indicou o envolvimento do PSDB no esquema de corrupção da Petrobrás desbaratado pela Operação Lava Jato da PF.
Em depoimento prestado na à Justiça Federal no Paraná, Meirelles confirmou que o doleiro trabalhou, dentro do esquema da Petrobrás, também para o PSDB, além de PT, PMDB e PP, partidos governistas que haviam sido apontados por Youssef e pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.
Meirelles disse ainda ter presenciado uma conversa telefônica de Youssef na qual Sérgio Guerra era mencionado. Esta acusação também foi feita por Costa no âmbito da delação premiada ao Ministério Público Federal. No caso de Meirelles, a referência ao PSDB foi feita após seu advogado, Haroldo Nater, questionar sobre o envolvimento de outras legendas no esquema além de PT, PMDB e PP.
O homem apontado como “testa de ferro” de Youssef afirmou ainda que haveria um segundo tucano envolvido no esquema, além de Guerra, indicando a participação do senador Álvaro Dias. Embora não o tenha citado, nominalmente, deixou antever os fatos já citados em outras investigações da PF. Meirelles disse, no entanto, se tratar de alguém que é conterrâneo do doleiro. Álvaro Dias, senador reeleito do PSDB fez a carreira política em Londrina, no interior paranaense, cidade natal de Youssef. Dias, que integrava a CPI da Petrobrás que funcionou em 2009, nega manter qualquer relação com o doleiro.
Durante oitiva realizada, no âmbito do processo, seu advogado perguntou especificamente sobre a ligação com Guerra. Foi então que respondeu ter presenciado uma conversa de Youssef em que ele citou ao telefone o ex-presidente do PSDB.
– Em uma das ocasiões eu estava na sala, teve um contato telefônico do Alberto Youssef quando do qual surgiu o nome (Sérgio Guerra). Faltava um ajuste, alguém não estava reclamando, estava atribuindo alguma coisa que não estava acontecendo, que não estava caminhando em virtude do que tinha uma coisa do passado que estava parado – disse Meirelles.




terça-feira, 3 de março de 2015

PMDB decidirá esta semana quem presidirá três comissões

2/3/2015 10:47
Por Redação, com Agência Senado - de Brasília

Senado
Entre as comissões está a Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), reúne-se no final da tarde desta terça-feira com a bancada do seu partido para decidir que nomes presidirão as Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Assuntos Sociais (CAS). À Agência Senado, Eunício Oliveira disse que continuam no páreo para presidir a CCJ os peemedebistas Edison Lobão (MA), Garibaldi Alves (RN) e José Maranhão (PB). Ele disse que o passo seguinte será a instalação das comissões, que definirão ainda nesta semana sua pauta de votações.
Quanto à reforma política, ele disse que o PMDB tem posições claras sobre o assunto e que os três projetos sugeridos pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, são de consenso do partido.
Os projetos se referem à desincompatibilização de cargos do executivo para disputar reeleição, o fim das coligações proporcionais e o voto majoritário nas eleições municipais nos municípios acima de 200 mil habitantes.
Na semana passada, Renan Calheiros pediu aos líderes partidários que indiquem os projetos que desejam ver votados nesta reforma. À exceção do PMDB, os outros líderes ainda não se manifestaram.
Vetos presidenciais no Congresso
O Congresso Nacional se reúne na terça-feira, às 19h, com objetivo de concluir a votação do projeto de resolução que altera o procedimento de apreciação dos vetos presidenciais (PRN 1/2015). Também está prevista para esta terça a votação de quatro vetos presidenciais, além do projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2015.
Na última terça-feira, os congressistas não conseguiram fechar acordo para votar o projeto de resolução, o que impediu a apreciação dos vetos, que estão trancando as votações no Congresso. Mesmo assim, o relator do PRN 1/2015, senador Jorge Viana (PT-AC), disse que as lideranças partidárias chegarão em breve a um consenso sobre as alterações nas regras de apreciação de vetos.

segunda-feira, 2 de março de 2015

5 razões pelas quais impeachment de Dilma é improvável, segundo brasilianistas

  • 2 março 2015
Dilma (AFP)
Falta de interesse da oposição e de provas de envolvimento de Dilma no escândalo da Petrobras são alguns dos motivos apontados pelos especialistas
A série de problemas enfrentados pela presidente Dilma Rousseff neste início de segundo mandato já foi indicada por alguns como sinal de ameaça ao seu governo.
Na semana passada, um blog publicado no site do jornal britânico Financial Times listou 10 motivos para acreditar que Dilma poderia sofrer impeachment, entre eles as investigações de corrupção na Petrobras, a economia em baixa, a crise no abastecimento de água e energia e o menor apoio no Congresso.
Leia também: Levy reduz desoneração da folha de pagamentos e critica Mantega
No entanto, para cientistas políticos consultados pela BBC Brasil, esse não é um cenário realista e, apesar dos problemas, no momento não há razão para considerar a possibilidade de que Dilma não termine seu mandato.
Abaixo, cinco motivos pelos quais os brasilianistas consideram improvável um processo de impeachment no Brasil:

1 – Até o momento, não há base para impeachment

Para os analistas entrevistados pela BBC Brasil, apesar dos graves problemas enfrentados pelo governo, não está claro qual seria a base para um processo de impeachment.
"Há tensões dentro do governo, tensão entre Lula (o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) e Dilma, entre o PT e (o novo ministro da Fazenda) Joaquim Levy. A polarização no Brasil está ficando muito forte, entre o PT e a oposição, entre o Congresso e a presidente", enumera Peter Hakim, presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, em Washington.
"Mas a pergunta que eu tenho é como o processo de impeachment seria iniciado, qual seria a base para impeachment", questiona.
Dilma (AFP)
Para analistas, um fator importante é não haver evidências de envolvimento de Dilma no escândalo da Petrobras
Segundo Hakim, até o momento não parece haver nada que possa desencadear um processo de impeachment. Ele ressalta que acusações de "incompetência", por si só, não são motivo para impeachment.
O cientista político Riordan Roett, diretor do programa de estudos da América Latina da Universidade Johns Hopkins, em Washington, lembra que nos Estados Unidos a ameaça de impeachment também costuma ser mencionada com frequência.
"O impeachment nunca está fora de questão. Os conservadores do Tea Party estão sempre falando em impeachment no Congresso americano, mas obviamente isso não vai acontecer", compara.
"(No caso do Brasil) penso que é muito cedo para sequer pensar sobre a possibilidade de um processo sério de impeachment."

2 – Não há evidências de envolvimento de Dilma no escândalo da Petrobras

O escândalo de corrupção na Petrobras, que já provocou o rebaixamento da nota da empresa pela agência de classificação de risco Moody's, é considerado por Hakim o principal problema enfrentado por Dilma no momento.
Mas ele e outros analistas ressaltam que nada indica que a presidente – que esteve à frente do Conselho de Administração da empresa entre 2003 e 2010 – tenha tido algum tipo de envolvimento ou soubesse dos casos de corrupção.
"Até o momento, não há evidência de que Dilma seja culpada de nada além de má administração (no caso da Petrobras)", diz o cientista político Matthew Taylor, pesquisador do Brazil Institute, órgão do Woodrow Wilson Center e professor da American University, em Washington.
Taylor observa que, assim como no escândalo do Mensalão muitos dos membros mais céticos da oposição diziam na época que o então presidente Lula deveria saber do que ocorria, no caso da Petrobras é possível que muitos digam o mesmo de Dilma, que seus laços com a empresa eram tão estreitos que ela deveria saber do esquema de corrupção.
"Mas em uma grande organização como essa, é bem plausível que ela simplesmente não tenha investigado mais profundamente o que poderia estar ocorrendo", afirma.
"Até agora não há qualquer sugestão nos documentos que se conhece de que Dilma seja culpada de qualquer comportamento criminoso", diz Taylor.

3 – A oposição não tem interesse em um processo de impeachment

Segundo os analistas ouvidos pela BBC Brasil, a oposição não teria condições e nem tem interesse em levar adiante um processo de impeachment.
"Não acho que o PSDB teria muito a ganhar. Além disso, precisaria do apoio do PMDB e de outros partidos na coalizão do governo. E, francamente, nenhum desses partidos gostaria de ver Dilma sofrendo um impeachment", afirma Taylor.
"Eles têm muito a ganhar com uma Dilma enfraquecida", observa. "Talvez seja melhor para a oposição simplesmente deixar Dilma mergulhada na crise e deixar que ela tome as difíceis medidas de austeridade e ser responsabilizada por elas."

4 – Apoio no Congresso

Dilma enfrenta dificuldades em sua relação com o Congresso e com a própria base aliada, em um momento em que o PT e o PMDB, apesar de terem as maiores bancadas, perderam cadeiras nas últimas eleições, que também foram marcadas por uma maior fragmentação do Congresso.
"Uma das questões cruciais para Dilma é lutar contra a oposição que há no Congresso ao plano de ajuste fiscal. Mas ela está em uma posição enfraquecida, porque não é popular, o PT tem menos membros no Congresso, há mais partidos pequenos", enumera Roett.
Apesar das dificuldades, os analistas ressaltam que a estrutura de apoio de Dilma é muito mais forte do que a do ex-presidente Fernando Collor de Mello, alvo de impeachment em 1992.
"Collor estava implementando políticas que eram de certa maneira radicais, que iam contra a maioria dos eleitores, e estava fazendo isso em um contexto em que seu partido tinha menos de 3% do Congresso", diz Taylor

5 – Dificuldades em toda a América Latina

Apesar de graves, os atuais problemas não são exclusividade do Brasil; muitos países da América Latina também enfretam escândalos
A avaliação dos analistas é de que, apesar de graves, os atuais problemas não são exclusividade do Brasil. Muitos países da América Latina também enfrentam um período de escândalos e economia em queda.
"Não é como se o Brasil estivesse sozinho", observa Hakim.
Ele cita os casos de México, Venezuela, Peru, Chile e Argentina, onde os presidentes também atravessam um momento de fraca popularidade.
"Se no Brasil a inflação chega a 7,3% nos últimos 12 meses, na Argentina está em torno de 40%, e na Venezuela perto de 70%", diz Hakim.
"A confiança do investidor está em baixa em toda a América Latina."

Exagero

Para Hakim, há um certo exagero quando se fala na possibilidade de impeachment de Dilma.
"Ninguém falava em impeachment de Fernando Henrique Cardoso por causa da crise do apagão. Ninguém falava em impeachment de Lula por causa do Mensalão", lembra.
O analista reconhece que Dilma está enfrentando problemas em várias frentes, mas afirma que esses problemas não são incomuns em governos com a economia em baixa.
"Lembra quando todos falavam que o Brasil era um foguete em direção à lua, que ninguém segurava o Brasil? Aquilo foi dramaticamente exagerado. Agora, o suposto desastre enfrentado pelo Brasil também está sendo exagerado. Pode estar prestes a enfrentar um pouco de turbulência, mas não se compara à situação da Argentina ou da Venezuela", afirma Hakim.
Taylor diz que o escândalo da Petrobras o deixa "cautelosamente otimista".
"Quando se pensa no Brasil e nas experiências da América Latina, em quantos outros países você prenderia alguns dos mais importantes empresários e consideraria a possibilidade de prender alguns dos mais importantes políticos? E, mesmo eu não achando um cenário realista, a própria contemplação de impeachment de uma maneira válida institucionalmente. Isso tudo aponta para a força da democracia brasileira, não fraqueza

domingo, 1 de março de 2015

Morte e bloqueios marcam protesto de caminhoneiros neste sábado

Pelo menos seis estados registravam interdições até as 22h45.
Nova reunião para tentar acordo foi marcada para o dia 10 de março.

Do G1, em São Paulo


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http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/02/protesto-de-caminhoneiros-foi-marcado-por-morte-neste-sabado.html