segunda-feira, 9 de maio de 2016

Juiz Sérgio Moro homologa acordo de leniência da Andrade Gutierrez

Construtora vai pedir desculpas à sociedade brasileira por ter pago propina.
Andrade Gutierrez ainda vai ter que pagar multa de R$ 1 bilhão.









A construtora Andrade Gutierrez, uma das empresas investigadas pela Operação Lava Jato, vai pedir desculpas à sociedade brasileira por ter pago propina e participado de fraudes em concorrências. E ainda vai ter que pagar multa de R$ 1 bilhão. O juiz Sérgio Moro homologou o acordo de leniência da empresa.
Em novembro do ano passado, o Jornal Nacional publicou reportagem sobre o acordo fechado entre a Andrade Gutierrez e a Procuradoria-Geral da República. A empresa confessava o pagamento de propina em obras da Petrobras e da Copa do Mundo.

A Andrade Gutierrez participou da reforma ou construção de vários estádios: o Maracanã, no Rio, o Mané Garrincha, em Brasília, o Beira-Rio, em Porto Alegre, e a Arena da Amazônia.

A empreiteira atuou ainda na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj, e liderou o consórcio de empreiteiras da Hidrelétrica de Belo Monte. Orçada inicialmente em R$ 16 bilhões, a obra já saltou para quase R$ 30 bilhões.

A Andrade Gutierrez também fez parte do consórcio de Angra 3. As suspeitas de fraude na construção já estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal.

Pelo acordo de leniência, a Andrade Gutierrez se comprometeu a pagar R$ 1 bilhão em multas e a ter programas que estabeleçam punições a executivos envolvidos em atos de corrupção. Relatórios destes programas deverão ser apresentados periodicamente ao Ministério Público Federal.

No começo da tarde deste domingo (8), o site do jornal Valor Econômico informou que o acordo de leniência entre a Andrade Gutierrez e o Ministério Público Federal já está valendo, foi homologado na última quinta-feira, pelo juiz Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato. A informação foi confirmada pela TV Globo.

O presidente afastado da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, ficou preso de junho de 2015 a fevereiro deste ano por conta das investigações da Lava Jato. Ele saiu da prisão depois de firmar um acordo de delação premiada. E hoje, cumpre prisão domiciliar monitorado por uma tornozeleira eletrônica.

A Andrade Gutierrez vai publicar nesta segunda-feira (9), nos principais jornais do país, informações sobre o acordo de leniência. No comunicado, a construtora reforça que está colaborando com a Lava Jato, pede desculpas à sociedade brasileira e sugere propostas que, segundo a empreiteira, poderão reduzir desperdícios e diminuir as brechas para a corrupção.

O título do comunicado é "Pedido de desculpas e manifesto por um Brasil melhor". Nele, a construtora afirma: "Reconhecemos que erros graves foram cometidos nos últimos anos e, ao contrário de negá-los, estamos assumindo-os publicamente. Entretanto, um pedido de desculpas, por si só, não basta. É preciso aprender com os erros praticados e, principalmente, atuar firmemente para que não voltem a ocorrer".

Em seguida, o comunicado lista o que seriam oito propostas para um Brasil melhor. Entre elas, um “modelo de governança em empresas estatais que garanta que as decisões técnicas sejam tomadas por profissionais técnicos concursados e sem filiação partidária”; “o início de obras somente sob garantia de disponibilidade de recursos financeiros, vinculados ao projeto até a sua conclusão”; e “a punição de empresas e contratantes que não cumpram os contratos na sua totalidade”.
G1GLOBO
Postado por: Ygor I. Mendes

sábado, 7 de maio de 2016

Morre em SP oficial acusado de torturar presidente Dilma

Presidente Dilma Rousseff durante entrevista no Palácio do Planalto, dia 19/04/2016
Presidente Dilma Rousseff
Marcelo Godoy, do Estadão Conteúdo
São Paulo - Homero Cesar Machado, um dos homens acusados pela presidenteDilma Rousseff de tê-la torturado nas dependências da Operação Bandeirante (Oban), em 1970, morreu anteontem em São Paulo. Eram 5h50.
O coronel de artilharia do Exército tinha 75 anos e estava em seu apartamento na Rua Joinville, no Paraíso, na zona sul de São Paulo. Sofreu um enfarte.
Machado nasceu em 5 de setembro de 1940. Entrara no Exército em 1956 e permaneceu no serviço ativo até 1984. Durante o período de um ano - setembro de 1969 a setembro de 1970 - ele comandou a equipe de interrogatório C da Oban, órgão criado em 27 de junho de 1969 em São Paulo para combater os grupos que decidiram se opor clandestinamente à ditadura militar.
Homero, como era conhecido, foi ouvido pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) em 1.º de setembro de 2014. Desde 1979 era acusado por ex-presos políticos de ter chefiado sessões de tortura de prisioneiros em busca de informações que levassem ao desmantelamento de organizações como a Ação Libertadora Nacional (ALN), a Ação Popular (AP) e a Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares (VAR-Palmares).
Em 16 de janeiro de 1970, seus colegas liderados pelo capitão Maurício Lopes de Lima capturaram Dilma em São Paulo, então militante da VAR-Palmares. Mais tarde, Dilma acusaria de tortura Homero. Lima e o major Benoni de Arruda Albernaz.
Meses antes, Homero teria chefiado as sessões de interrogatório que levaram à morte de Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, militante da ALN que participara do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick - ele foi solto em troca da liberdade de 15 presos políticos. À CNV, Homero negou a acusação. Disse que estava em casa, dormindo, quando Virgílio morreu em 1969.
O Ministério Público Federal ainda o acusou de torturar o frei dominicano Tito de Alencar Lima, preso em fevereiro de 1970 - mais tarde, Tito se suicidaria durante seu exílio, na França, em 1974. "Ele dirigiu a minha tortura", afirmou a ex-militante da AP, Derlei Catarina de Luca. "Ele não me bateu pessoalmente, mas assistiu a tudo, inclusive quando me tiraram a roupa", afirmou Derlei, que foi acareada com Homero na CNV. Catarina ficou em coma em função da tortura que sofreu. Ao vê-la em 2014, Homero se recordou. "Lembro que eu a interroguei, mas não a torturei."
Pouco antes de encerrar seu depoimento à CNV, Homero se queixou. Disse que estava sendo submetido a um massacre e questionou a imparcialidade da comissão. Afirmou depois ao advogado José Carlos Dias, um dos integrantes da CNV: "Eu pediria ao senhor que ‘gestionasse’ junto ao Comando do Exército, para que ele pedisse desculpas, como instituição. Porque nós éramos agentes do Exército, nós não levantamos o braço e: ‘Vamos lá, pegar comunistas’. Os senhores deveriam ‘gestionar’ então para que as Forças Armadas pedissem desculpa à Nação."
Ao saber de sua morte, Derlei Catarina afirmou que rezou por Homero. "Acho que ele era um homem atormentado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ExameBrasil
Postado por: Ygor I. Mendes

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Ministro do STF afasta Eduardo Cunha do mandato na Câmara

Oficial de Justiça foi à residência do presidente da Câmara pela manhã.
Decisão liminar acolheu pedido da Procuradoria-Geral da República.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato, determinou o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do mandato de deputado federal e, consequentemente, da presidência da Casa. A decisão de Teori é liminar (provisória).
Veja aqui a íntegra da decisão de Teori Zavascki.
Um oficial de Justiça foi à residência oficial do presidente da Câmara logo no início da manhã para entregar a notificação para Cunha.
O ministro Teori concedeu a liminar em ação pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em dezembro, que argumentou que Cunha estava atrapalhando as investigações da Lava Jato, na qual o deputado é réu em uma ação e investigado em vários procedimentos. Para a tarde desta quinta, está marcada uma sessão no plenário do STF para discutir outra ação sobre Cunha, apresentada pela Rede. O partido pede que Cunha seja afastado da presidência da Câmara.
Segundo o ministro, a medida visa neutralizar os riscos apontados por Janot no pedido de afastamento de Cunha. Quem assume a presidência da Câmara agora é o deputado Waldir Maranhão (PP-MA), vice-presidente da Casa e aliado de Cunha.
Apesar da suspensão do mandato, Cunha mantém os direitos de parlamentar, como o foro privilegiado. Teori destacou que a Constituição assegura ao Congresso Nacional a decisão sobre a perda definitiva do cargo de um parlamentar, mesmo que ele tenha sido condenado pela Justiça sem mais direito a recursos.

Procurado pelo G1, Eduardo Cunha ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem. .A assessoria de imprensa da Presidência da Câmara informou que ele recebeu a notificação.
Ao pedir o afastamento de Cunha, em dezembro, o procurador-geral apontou  motivos para afirmar que o deputado usou o cargo para "destruir provas, pressionar testemunhas, intimidar vítimas ou obstruir as investigações de qualquer modo".
Em seu despacho, Teori explica que a decisão foi tomada quase cinco meses após o pedido porque foi preciso colher a defesa de Cunha. Ponderou, no entanto, que a medida não significa um “juízo de culpa” nem como “veredicto de condenação”.
Ao final da decisão, diz que, embora o afastamento não esteja previsto especificamente na Constituição, se faz necessário neste caso específico.
“Decide-se aqui uma situação extraordinária, excepcional e, por isso, pontual e individualizada”, escreveu o ministro. Ele destacou ainda que o "imponderável legitima avanços civilizatórios" endossados pela  Justiça.
“Mesmo que não haja previsão específica, com assento constitucional, a respeito do afastamento, pela jurisdição criminal, de parlamentares do exercício de seu mandato, ou a imposição de afastamento do Presidente da Câmara dos Deputados quando o seu ocupante venha a ser processado criminalmente, está demonstrado que, no caso, ambas se fazem claramente devidas. A medida postulada é, portanto, necessária, adequada e suficiente para neutralizar os riscos descritos pelo Procurador-Geral da República”, escreveu o ministro.
Pedido de Janot
Veja quais foram os pontos listados por Janot para afastamento de Cunha:
1- Eduardo Cunha fez uso de requerimentos para pressionar pagamento de propina do empresário Júlio Camargo e o grupo Mitsui. Já havia casos de requerimento para pressionar dirigentes de empresas de petróleo
2 - Eduardo Cunha estava por trás de requerimentos e convocações feitas a fim de pressionar donos do grupo Schahin com apoio do doleiro Lúcio Funaro. Depoimentos de Salim Schahin confirmam isso. Lúcio Funaro pagou parte de carros em nome da empresa C3 Produções Artísticas, que pertence à família de Cunha
3 - Eduardo Cunha atuou para convocar a advogada Beatriz Catta Preta na CPI da Petrobras para “intimidar quem ousou contrariar seus interesses”
4 - Eduardo Cunha atuou para contratação da empresa de espionagem Kroll pela CPI da Petrobras, “empresa de investigação financeira com atuação controvertida no Brasil"
5 - Eduardo Cunha usou a CPI para convocação de parentes de Alberto Youssef, como forma de pressão
6 - Eduardo Cunha abusou do poder com a finalidade de mudar a lei impedir que um delator corrija o depoimento
7 - Eduardo Cunha mostrou que retalia quem o contraria com a demissão do diretor de informática da Câmara, Luiz Eira
8 - Eduardo Cunha usou cargo de deputado para receber vantagens indevidas para aprovar parte de medida provisória de interesse do banco BTG
9 - Eduardo Cunha fez "manobras espúrias" para evitar investigação na Câmara com obstrução da pauta com intuito de se beneficiar
10 - Eduardo Cunha fez ameaças ao deputado Fausto Pinato (PRB-SP), ex-relator do processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara
11 - Eduardo Cunha teria voltado a reiterar ameaças a Fausto Pinato
OAB
Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, disse que a entidade "comemora a decisão liminar concedida pelo ministro Teori Zavaski".
"O Pleno da OAB (instância máxima de decisão da entidade, formada por 81 conselheiros, recomenda o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara desde fevereiro por entender que o deputado usa o cargo para atrapalhar o trabalho dos órgãos e instituições incumbidos de investigá-lo. O afastamento determinado pelo ministro Teori Zavascki contribui para o bom e correto funcionamento dessas instituições", afirmou Lamachia na nota.


Postado por: Ygor I. Mendes

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Procurador-geral pede que STF investigue Dilma, Lula e Cardozo

Lula também foi denunciado por tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. São várias frentes de investigação.











O procurador-geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal para investigar a presidente Dilma, o ex-presidente Lula e o ministro José Eduardo Cardozo. Eles são suspeitos de tentativas de obstruir os trabalhos da justiça. Lula também foi denunciado por tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. São várias frentes de investigação, a lista de investigados é enorme.

Primeiro, a suspeita de tentativa de atrapalhar a Justiça. O pedido de investigação está sob sigilo e inclui aquelas conversas telefônicas autorizadas pelo Juiz Sérgio Moro.

Em um dos diálogos, a presidente Dilma conversa com o ex-presidente Lula e diz que está mandando o termo de posse como ministro da Casa Civil para Lula usar em caso de necessidade.

Além disso, Delcídio do Amaral disse que a presidente Dilma tentou ter controle sobre a Operação Lava-Jato, com a nomeação de um ministro para o Superior Tribunal de Justiça.

O procurador geral da República pediu autorização para investigar a presidente Dilma e também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, por obstrução à Justiça. A suspeita é de que eles tentaram atrapalhar a operação Lava-Jato.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavaski, que é o relator da Lava-Jato, ainda vai analisar o pedido, que é sigiloso por causa das gravações telefônicas autorizadas pelo juiz Sérgio Moro.

Em uma das conversas gravadas, a presidente Dilma dizia que estava mandando o termo de posse de Lula como ministro da Casa Civil para que ele usasse apenas em caso de necessidade.

Para os investigadores, essa conversa mostrou uma tentativa de dar foro privilegiado a Lula para que ele não fosse investigado por Sergio Moro.

O procurador também citou trechos da delação premiada do senador Delcídio do Amaral, quando ele afirma que a presidente tentou influenciar a Lava-Jato ao nomear Marcelo Navarro Ribeiro Dantas como ministro do Superior Tribunal de Justiça.

Delcídio do Amaral também relatou que José Eduardo Cardozo, então ministro da Justiça, fez algumas movimentações para tentar soltar presos da Lava-Jato.

Em outra frente, o procurador geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o ex-presidente Lula por tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. A acusação é de que ele agiu junto com o amigo e pecuarista José Carlos Bumlai e o filho, Maurício Bumlai, para tentar obstruir os trabalhos da Justiça. Isso porque Cerveró já tinha começado a delação premiada e Lula teria agido para evitar que ele revelasse determinadas informações sobre o esquema de corrupção em contratos da Petrobras.

Neste caso, o procurador também se baseou em informações reveladas pelo senador e ex-líder do governo Delcídio do Amaral. Na delação, Delcídio disse que Lula pediu ao amigo Bumlai que fizesse os pagamentos à família de Cerveró.

Em documento, Janot diz que "tais fatos deram origem à prisão de todos os envolvidos e que a partir daí, as investigações ganharam novos contornos e se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai atuaram na compra do silêncio de Nestor Cerveró para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e o banqueiro André Esteves, dando o ensejo ao adiantamento da denúncia”.

Para que Lula, José Carlos e Maurício Bumlai virem réus, a denúncia precisa ser analisada e recebida pela segunda turma do Supremo Tribunal Federal.

Também com base no depoimento da delação do senador Delcídio do Amaral, de Cerveró e de executivos da Andrade Gutierrez, o procurador Rodrigo Janot pediu ao Supremo a inclusão de Lula e outras 29 pessoas no principal inquérito da operação Lava-Jato, também chamado de "quadrilhão", que apura se uma organização criminosa atuou na Petrobras. Nesse grupo há integrantes do PT e PMDB. Janot diz que novas provas apontam para um desenho mais amplo e complexo do que o que tinha sido projetado no início das investigações.

No pedido feito ao Supremo, o procurador disse que há provas de que o grupo atuou para desviar recursos de várias empresas e enriquecer ilicitamente agentes públicos, políticos e grupos empresariais, além de financiar campanhas eleitorais.

Entre os nomes estão o do ex-presidente Lula, dos ministros Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e Edinho Silva, de dois senadores: Jader Barbalho e Delcídio do Amaral, e de seis deputados federais, entre eles o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que pode passar a responder ao 8º inquérito na Lava-Jato.

O procurador diz que "o aprofundamento das investigações mostrou que a organização criminosa tem dois eixos centrais; o primeiro ligado a membros do PT e o segundo ao PMDB.

As provas colhidas indicam para uma divisão de poder entre o PMDB da Câmara e do Senado. Janot diz que “os dois grupos parecem atuar de forma autônoma, tanto em relação às indicações políticas para compor cargos no governo quanto na destinação de propina arrecadada a partir de negócios escusos firmados no tocante daquelas indicações."

Segundo Janot, um dos líderes do grupo do PMDB na Câmara é o deputado Eduardo Cunha, que atuava para garantir indicações na Petrobras, na Caixa Econômica Federal e na venda de requerimentos e emendas parlamentares para beneficiar empresas do grupo OAS, Odebrecht e BTG Pactual.

O procurador-geral afirma que, no núcleo do PT, a organização era voltada principalmente para arrecadar dinheiro ilícito por meio de doações oficiais ao Diretório Nacional. Depois, o Diretório do Partido fazia os repasses de acordo com a conveniência da organização criminosa.

De acordo com Janot, o ex-presidente Lula, "embora afastado formalmente do governo, mantém o controle das decisões mais relevantes, inclusive no que diz respeito às articulações espúrias para influenciar o andamento da Lava-Jato fora do governo”.

O procurador ainda ressalta que "a organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse".

Para que os 30 novos suspeitos sejam formalmente investigados, será preciso o aval do ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato. O procurador Rodrigo Janot pediu ainda a prorrogação das investigações por mais 150 dias.

A Advocacia-Geral da União afirmou que as denúncias do senador Delcídio do Amaral sobre a presidente Dilma Rousseff e o advogado-geral José Eduardo Cardozo são absolutamente levianas e mentirosas, conforme já foi reiteradamente esclarecido em notas e entrevistas coletivas. E lamentou que, mais uma vez, um inquérito sigiloso tenha sido objeto de vazamento antes mesmo que as investigações pudessem ser feitas sobre o que chamou de inverdades da delação do senador.

O Instituto Lula disse que o ex-presidente já esclareceu, em depoimento ao procurador que não praticou qualquer ato com objetivo de interferir na Lava-Jato. Para o Instituto, Janot indica apenas suposições e hipóteses sem valor de prova. O Instituto Lula declarou ainda que o ex-presidente nunca participou direta ou indiretamente de fato investigado na Lava-Jato. Considera ainda clandestina a gravação da conversa entre Lula e Dilma e disse que as conversas são a prova de que não houve ilegalidade nem obstrução à justiça.

A defesa de José Carlos Bumlai e do filho dele, Maurício, só vai se manifestar depois de conhecer a acusação.

O banqueiro André Esteves disse que ele não cometeu nenhuma irregularidade.

Jaques Wagner disse que suas atividades sempre foram motivadas pelo interesse público.

Ricardo Berzoini declarou que houve vazamento com objetivo políticos e que está tranquilo em relação às investigações.

Edinho Silva disse que a campanha de 2014 foi conduzida dentro da legalidade.

Jader Barbalho disse que jamais conversou com Nestor Cerveró ou qualquer pessoa sobre o “petrolão”.

A assessoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse que ele é vítima de perseguição e que desde a votação do processo de impeachment, o procurador-geral da República tem tentado incluir o nome do deputado em qualquer inquérito.

O Bom Dia Brasil não conseguiu contato com Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, mas ele tem negado as acusações e dito que já mais conversou com o senador Delcídio do Amaral sobre as questões apontadas na delação e nem se comprometeu a nada com ele.

sábado, 26 de março de 2016

Defesa de Lula recorre ao STF contra suspensão da posse de Lula na Casa Civil

Agência Brasil

Em nota divulgada hoje (25), a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou que entrou com recurso contra a decisão liminar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendendo a nomeação de Lula para chefiar a Casa Civil. De acordo com a defesa, os recursos foram protocolados ontem (24).   
Brasília - O novo ministro da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de posse (José Cruz/Agência Brasil)© Arquivo/José Cruz/Agência Brasil Brasília - O novo ministro da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de posse (José Cruz/Agência Brasil) A liminar de Mendes foi concedida semana passada e atendeu pedidos do PPS e do PSDB. Na decisão, Gilmar Mendes disse que a nomeação de Lula para o cargo de ministro teve por objetivo retirar a competência do juiz federal Sérgio Moro (responsável pelas investigações da Lava Jato em primeira instância) para investigá-lo.
Além da suspensão da posse, o ministro do STF decidiu também que os processos que envolvem Lula na Operação Lava Jato deveriam ficar sob a relatoria do juiz. Na terça-feira (22), o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no STF, determinou que Moro enviasse imediatamente ao tribunal todas as investigações envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na nota, os advogados de Lula informaram que pedem a “reforma da decisão proferida por Gilmar Mendes”. Entre os motivos, a defesa afirmou que o tipo de ação usada pelos partidos para questionar a nomeação, o mandado de segurança coletivo, “não serve para essa finalidade, conforme jurisprudência do próprio STF”.
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Eles defendem também que o ex-presidente atende os requisitos exigidos pela Constituição Federal para ocupar o cargo de ministro e dizem que “sua nomeação tem por objetivo ajudar o país e a presidenta da Republica a retomar o desenvolvimento social e econômico.”
Para os advogados, outro motivo para o pedido é que “não é possível presumir desvio de finalidade na nomeação de Lula, muito menos mediante a distorção de conversas interceptadas de forma ilegal – do telefone de Lula e de seus advogados” . Segundo os advogados, o ministro do STF não poderia ter tomado a decisão de devolver para Moro o processo, já que o tema “extrapola os limites das ações propostas pelo PPS e pelo PSDB e somente poderá ser analisado no âmbito de processo já distribuído ao ministro Teori Zavascki”.
Zavascki é o relator da Lava Jato no STF. Os advogados questionam ainda o fato das ações serem distribuídas ao ministro Gilmar Mendes. Para eles, deveria ser tratado por Zavascki.
Conorme a nota, o recurso deve ser julgado pelo STF junto com outro apresentado esta semana pela Advocacia-Geral da União (AGU) sobre o mesmo tema. 
A AGU também rebate as afirmações do ministro Gilmar Mendes sobre suposta intenção do governo em nomear Lula para beneficiá-lo com o foro privilegiado em função das investigações da Operação Lava Jato. A AGU destacou que não há nenhum impedimento legal para que Lula assuma o ministério.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Golpe é principalmente contra os trabalhadores, afirmam sindicalistas

Representantes de sete centrais avaliam, em ato de apoio a Lula e contra o impeachment, que mudança de governo esconde interesse de acabar com direitos sociais
por Vitor Nuzzi, da RBA publicado 23/03/2016 20:37, última modificação 23/03/2016 20:46
Paulo Pinto/Agência PT/Fotos Públicas
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Sindicalistas consideram que presença de Lula no governo levará a retomada de programa que venceu eleições
São Paulo – Não foi um ato de centrais, mas de sindicatos e sindicalistas, como enfatizou o presidente da CUT, Vagner Freitas, sobre o evento de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra o impeachment de Dilma Rousseff, na tarde de hoje (23), em São Paulo. Estavam lá representantes de sete centrais, com o diagnóstico comum de que o movimento para derrubar o governo embute a intenção de acabar ou "flexibilizar" direitos sociais e trabalhistas. "O golpe é contra os trabalhadores", afirmou Freitas, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Pela CUT, além dele, estavam a vice, Carmen Foro, e o secretário-geral, Sérgio Nobre, entre outros, além de presidentes de alguns dos maiores sindicatos vinculados à central, como Juvandia Moreira (Bancários de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel (Apeoesp, dos professores da rede estadual paulista), e Rafael Marques (Metalúrgicos do ABC). Da Força Sindical, participaram o secretário-geral, João Carlos Gonçalves, o Juruna, e Mônica Veloso, da operativa nacional. O presidente da central, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP), defende o impeachment.
Juruna disse falar não em nome da central, "mas de vários sindicalistas que entendem que este momento é de garantir a democracia, a Constituição, de Lula assumir o Ministério da Casa Civil, para ele assumir as causas populares", criticando a tentativa de reforma da Previdência e lembrando do Compromisso pelo Desenvolvimento, firmado no final de 2015 entre sindicalistas e empresários. "Às vezes tomar um tranco é muito bom, porque leva à unidade de ação. Mudanças exigem compromisso de classe, união e, cada vez mais, povo na rua", afirmou o dirigente. Também participaram do ato, pela Força, o primeiro-secretário, Sérgio Luiz Leite, o Serginho, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, Jorge Nazareno, o Jorginho.
O presidente da UGT, Ricardo Patah, esteve no evento na Casa de Portugal, no bairro da Liberdade, região central de São Paulo, mas quem falou pela central foi o secretário-geral, Francisco Canindé Pegado, que exaltou o ex-presidente. "Se existe um homem capaz de unificar e fazer este país retomar o rumo do crescimento é você, Lula, nosso companheiro, nosso amigo, nosso presidente. Este país precisa de um homem de coragem para fazer a reunificação. Não fuja da raia. Estamos com você", disse Pegado.
O secretário-geral da CSB, Álvaro Egea, identificou um "processo de destruição das conquistas democráticas e do Estado de direito". Ele criticou o juiz federal Sérgio Moro, procuradores paulistas que pediram a prisão de Lula e parte da mídia: "O que estão fazendo é destruir a nossa democracia. Os trabalhadores são os mais interessados na legalidade democrática". O presidente da central, Antônio Neto, que comanda o núcleo sindical do PMDB, não participou do ato.
Presidente estadual da Nova Central em São Paulo, Luiz Gonçalves, o Luizinho, disse que não há posicionamento unitário da entidade em relação ao momento político. "Mas temos consciência de que este (Lula) foi o melhor governo de todos os tempos. Esse golpe não vai acontecer", acrescentou.
O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, deixou claro que a central não apoia o governo Dilma e defender mudanças na política econômica e o fim do ajuste fiscal. Mas se posicionou contra o impeachment e as investidas contra Lula, vendo uma tentativa de "estabelecer um governo neoliberal para atacar direitos trabalhistas, aprovar a terceirização irrestrita e estabelecer a independência do Banco Central". "Não adianta achar que vai derrubar esse governo e os trabalhadores vão se calar."
Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, "a direita aposta todas as fichas na instabilidade política" para retomar o poder, sem aceitar "a quarta vitória do povo brasileiro", referindo-se às eleições de Lula e Dilma. E citou propósitos, no movimento antigoverno, de mudar o regime do pré-sal, para atender a interesses externos. "Não vamos nos intimidar", garantiu.
Freitas, da CUT, lembrou das dificuldades que a agenda dos trabalhadores já enfrenta no Congresso: "Os mesmos que querem fazer o golpe são os que querem acabar com a carteira assinada, férias, 13º, CLT, ampliar a terceirização".
O presidente da Confederação Sindical Internacional, João Felício, destacou a repercussão, em todo o mundo, das ações contra Dilma e Lula, como ameaças à estabilidade e à democracia no Brasil. Em vídeo exibido logo no início da manifestação, o ator e ativista norte-americano Danny Glover manifesta seu apoio ao ex-presidente, "agora que você está sob ataque da direita brasileira".
Outro presente na platéia era Raphael Martinelli. Com quase 92 anos, o ex-ferroviário foi um dos líderes do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), formado durante o governo João Goulart e dissolvido após o golpe de 1964.

quarta-feira, 23 de março de 2016

247 – O diretor Claudio Botelho pediu desculpas ao público pelas redes sociais após ter chamado a presidente Dilma e o ex-presidente Lula de ladrões em um espetáculo. O ator foi xingado e a peça, encerrada: ‘Envergonhado por ferir um estatuto sagrado do Teatro — respeitar o autor e público —, tenho obrigação de invocar novamente a única palavra que me parece oportuna neste momento: perdão”’, disse.
Após o incidente, o cantor e compositor Chico Buarque cancelou a autorização para que a produção da peça usasse suas canções.
Leia a íntegra do texto de Botelho:
Os incidentes do último sábado em Belo Horizonte durante a sessão do musical "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos" são do conhecimento de todos, eu suponho. Emiti uma opinião pessoal que causou reação negativa de uma parte da plateia. Mais do que isso, o espetáculo foi interrompido e a sessão não chegou ao final.
Deste acontecimento infeliz, que me tem causado enorme desgosto desde então (ameaças à minha integridade física pelo Facebook, telefone, trotes, acusações diversas sobre meu caráter e minha honra, insinuações sobre meu pensamento a respeito de temas delicados como racismo, autoritarismo, censura, entre outros) - desde aquele momento, apenas sofro, penso e repenso, estou muito triste. Porém minha tristeza é o que menos interessa neste momento.
Mas há algo fundamental e definitivo: peço desculpas a Chico Buarque. Nada do que vier de mim, nenhuma palavra, gesto ou pensamento, poderá jamais servir para desagradá-lo. Ele é o autor, o compositor, e estou trabalhando com sua obra. Desta forma, reconheço sua soberania a respeito de tudo que envolva seu nome e sua criação. O simples fato de mencionar qualquer assunto ligado a Chico (citei em entrevistas, equivocadamente, o histórico atentado à peça "Roda viva" nos anos 1960, que não tem qualquer semelhança com o fato do último sábado; citei episódios de repressão pelos quais ele passou, assuntos que não são de minha alçada e que não têm qualquer ligação com o incidente de sábado passado) é inaceitável, não tenho nenhum direito de inferir, pressupor, fazer ilações com nada que se refira ao autor, seja Chico ou qualquer outro artista que me autorize a trabalhar com sua obra. Minha obrigação - por ética e respeito - é ser cuidadoso, reverente, e em nenhuma hipótese atingir a história, o pensamento, a identidade de quem me permite generosamente colocar em cena suas obras. Este é meu dever como diretor, ator, e produtor.
Errei. Erro muito. Sou humano, mas isso não me desculpa. Aos 51 anos, sendo também autor e sendo um homem de história longa no teatro, eu tinha por obrigação preservar o autor e sua obra, não permitir que nada partindo de mim resvalasse nele, seja da forma que fosse. Por ser um admirador apaixonado e mais que isso, um pretenso "buarquiano" de carteirinha, minha responsabilidade é ainda maior. Dirigi e produzi "Ópera do malandro", "Suburbano coração", "Os saltimbancos trapalhões" (peça e filme que acaba de ser realizado com minha direção musical), "Na bagunça do teu coração", "Ópera do malandro em concerto", e idealizei "Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos" como uma maneira de reverenciar o artista, o compositor, o autor. Mas falhei com minha responsabilidade com Chico, falhei com o teatro e com a música.

Um áudio clandestino, gravado em meu camarim, me flagra num momento de enorme nervosismo, de destempero, de raiva. Nada justifica que invadam minha privacidade, considero a gravação um ato criminoso e a divulgação dela pelas mídias sociais é uma agressão à minha intimidade. Portanto, isto está sendo tratado em esfera policial e jurídica. Mas mesmo assim, por ter sido duro, descortês, arrogante e destemperado (o momento era muito inflamado), peço desculpas a todos que ouviram aquele Claudio Botelho sem compostura. E, se atingi alguém, mesmo tendo sido violada minha privacidade, peço novamente desculpas.
Minha exaltação e qualquer menção à obra do autor naquele dia são motivo de vergonha para mim neste momento. De qualquer forma, ouso crer que, por mais desatroso que tenha sido o acontecimento, o teatro ainda é um espaço que pode levantar debates nacionais de extrema relevância e repercussão. O teatro é sagrado e será sempre um espaço livre, de troca de ideias e de respeito às diferenças. Assim espero e por isso torço.
Envergonhado por ferir um estatuto sagrado do Teatro - respeitar o autor e público -, tenho obrigação de invocar novamente a única palavra que me parece oportuna neste momento: perdão.