segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ministra pede que população siga o calendário de saques do Bolsa Família

19/05/2013 - 15h37
Mariana Branco e Yara AquinoRepórteres da Agência Brasil
Brasília - A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, fez hoje (19) um apelo para que a população siga o
calendário do governo para saque do benefício do Programa Bolsa Família e não procure as agências da Caixa Econômica Federal e dos Correios antes da data.
Para a ministra, o boato de que o programa seria suspenso não prejudica o governo, mas a população. “Não consigo entender o que alguém ganharia [com o boato]. O governo não vai ser prejudicado, pois o Bolsa Família já está consolidado. Esperamos que seja um mal entendido”, disse.
A ministra declarou desconhecer relatos de usuários nas redes sociais que dizem ter conseguido sacar o benefício antes da data  e que demonstraram temor de que isso sinalizasse uma interrupção futura do programa.
“Se a pessoa conseguiu sacar antes, é mais um motivo para não se preocupar, pois o dinheiro estava lá”. Segundo Tereza Campello, os recursos para o pagamento dos benefícios estão garantidos, mas é preciso obedecer ao cronograma. “Começamos a pagar sexta-feira [17], como previsto, e amanhã [20] segue normalmente”, disse.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia Federal abra inquérito para apurar a origem do boato sobre a suspensão do Bolsa Família. 
Segundo a ministra, a presidenta Dilma Rousseff está monitorando o assunto e sua principal preocupação é que as famílias sejam tranquilizadas quanto à continuidade do pagamento do benefício.
O Bolsa Família completará dez anos em outubro deste ano e, atualmente, atende a 13,8 milhões de famílias e a 50 milhões de pessoas. De acordo com Tereza Campello, no início da gestão de Dilma Rousseff o orçamento do programa era R$ 14 bilhões e saltou para os R$ 24 bilhões previstos para 2013. "É um programa que nunca foi contingenciado", declarou.
Um levantamento da Caixa Econômica Federal mostra que na região Nordeste houve tumulto para tentativa de saque em nove agências de Alagoas, 15 da Bahia, 14 de Pernambuco, 18 da Paraíba, 34 do Ceará, 8 do Piauí e 13 do Maranhão.
Segundo o banco, foi registrada confusão ainda no Rio Grande do Norte e em Sergipe. Até o momento, não foi divulgado o balanço em outras regiões. Mais cedo, a Presidência da República havia relatado também corrida de beneficiários a agências da Paraíba, do Amazonas e do Rio de Janeiro.
Edição: Andréa Quintiere
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domingo, 19 de maio de 2013

Forças Armadas iniciam operação ao longo de toda fronteira brasileira

18/05/2013 - 17h06
Da Agência Brasil
Brasília – O Ministério da Defesa informou hoje (18), em nota, que as Forças Armadas iniciaram nesta manhã a Operação Ágata 7 em toda extensão da fronteira brasileira com dez países sul-americanos. Ao todo 25 mil militares e agentes das polícias Federal, Rodoviária Federal, Militar e de agências governamentais participam desta edição, considerada pelo ministério, a maior mobilização realizada pelo governo brasileiro no combate aos ilícitos entre o Oiapoque (AP) e o Chuí (RS).
De acordo com o Ministério da Defesa, antes de a operação ser deflagrada, “o governo manteve contatos com os países vizinhos para o repasse de informações sobre o emprego do aparato militar”.
A Ágata integra o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF) sob a coordenação do Ministério da Defesa e comando do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). A execução cabe à Marinha, ao Exército e à Força Aérea Brasileira (FAB).
Ainda segundo a Defesa, durante a mobilização militares estarão atentos aos principais crimes transfronteiriços como narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração e garimpo ilegais.
Ao longo de toda a fronteira terrestre, as tropas contarão com os centros montados nos Comandos Militares da Amazônia (CMA), em Manaus; do Oeste (CMO), em Campo Grande; e do Sul (CMS), em Porto Alegre.
Em quase dois anos já foram realizadas seis edições da Operação Ágata em uma faixa de fronteira que compreende 27% do território nacional onde estão 710 municípios, sendo 122 cidades limítrofes e 588 não limítrofes.
A fronteira tem 16.886 quilômetros de extensão, sendo 7.363 quilômetros de linha seca e 9.523 quilômetros de rio, lagos e canais. São 23.415 quilômetros de rodovias federais. Os estados de fronteira são: Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os países vizinhos são: Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai.
Edição: Fernando Fraga

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sábado, 18 de maio de 2013

“Capitão Pereira deu um tiro na nuca de cada um deles”

17/5/2013 11:52
Por Conceição Lemes - de São Paulo

CORREIO DO BRASIL

Execução sumária na ditadura vem a público oficialmente

Em depoimento que terminou às altas horas desta quinta-feira, o ex-agente da repressão Valdemar Martins de Oliveira falou durante a audiência pública realizada da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo. Ex-paraquedista, Valdemar disse a Rodrigo Vianna, em reportagem exclusiva veiculada nessa quarta-feira 15 pelo Jornal da Record, que abandonou o Exército brasileiro por discordar de torturas e assassinatos cometidos pelos militares contra militantes políticos que se opunham à ditadura. Valdemar foi testemunha do assassinato do casal Catarina Abi-Eçab e João Antônio dos Santos Abi-Eçab, em 1968, no Rio de Janeiro. Os dois militavam no movimento estudantil e eram suspeitos de ter participado da execução do capitão do Exército norte-americano Charles Rodney Chandler, em 12 de outubro de 1968, feita pela ALN e pela VPR.
O ex-soldado Valdemar Martins de Oliveira fala à Comissão da Verdade de SP sobre a morte do casal Catarina Helena Abi-Eçab e João Antônio Santos Abi-Eçab, em novembro de 1968
O ex-soldado Valdemar Martins de Oliveira fala à Comissão da Verdade de SP sobre a morte do casal Catarina Helena Abi-Eçab e João Antônio Santos Abi-Eçab, em novembro de 1968

Durante muito tempo prevaleceu a versão policial que atribuiu a morte do casal à explosão do veículo em que viajavam, em consequência da detonação de explosivos que transportavam, no km 69 da BR-116, próximo a Vassouras (RJ). A versão divulgada na imprensa foi a de que ambos foram vítimas de um acidente de automóvel: “[…] chocaram-se contra a traseira de um caminhão que transportava pessoas em sua caçamba”. No veículo em que estavam, teria sido encontrada uma mala com armamentos e munição.
No boletim de ocorrência, que registrou o suposto acidente, consta:
Foi dado ciência à Polícia às 20h de 08/11/68. Três policiais se dirigiram ao local constatando que na altura do km 69 da BR116, o VW 349884-SP dirigido por seu proprietário João Antônio dos Santos Abi-Eçab, tendo como passageira sua esposa Catarina Helena Xavier Pereira (nome de solteira), havia colidido com a traseira do caminhão de marca De Soto, placa 431152-RJ, dirigido por Geraldo Dias da Silva, que não foi encontrado. O casal de ocupantes do VW faleceu no local. Após os exames de praxe, os cadáveres foram encaminhados ao necrotério local.
O laudo da exumação, elaborado pelos legistas Carlos Delmonte e Isaac Jaime Saieg, em 23 de julho de 2000, concluiu que a morte foi conseqüência de “traumatismo crânio-encefálico” causado por “ação vulnerante de projétil de arma de fogo”. Sua morte ocorreu em decorrência de um tiro que a atingiu pelas costas. Além disso, os legistas não encontraram sinais de autópsia feita anteriormente. A causa mortis apresentada em 9 de novembro de 1968, pelos médicos Pedro Saullo e Almir Fagundes de Souza, do IML de Vassouras, foi “fratura de crânio, com afundamento (acidente)”.
A reportagem feita pelo jornalista Caco Barcellos, veiculada no Jornal Nacional (TV Globo) em abril de 2001, desmentiu a versão policial de acidente e demonstrou que João Antonio e Catarina foram executados. Na entrevista ao repórter Rodrigo Vianna, Valdemar deu detalhes:
– O capitão Pereira deu um tiro na nuca de cada um deles.
Na véspera, em depoimento à Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, na Assembleia Legislativa, Valdemar revelou o nome do “capitão Pereira”:
– O coronel Freddie Perdigão deu um tiro na nuca de um e outro tiro na nuca do outro.
Em depoimento à Comissão Nacional Verdade, o ex-militar já havia revelado o nome de Freddie Perdigão. Como lá a audiência foi fechada, a informação não veio a público.
O Dr. Nagib
Segundo o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, o nome de Freddie Perdigão, conhecido como o Dr. Nagib nos porões da ditadura, aparece em duas listas do Projeto Brasil Nunca Mais, como Major atuando no DOI/CODI do Rio de Janeiro, em 1970. Em documento de 2008, o Tortura Nunca Mais/RJ, relata:
“Na primeira destas listas, a de “Elementos Envolvidos Diretamente em Torturas”, à página 39 do Tomo II, volume 3 “Os Funcionários”, seu nome é denunciado por Tânia Chao que, em dezembro de 1970 era professora, tendo 25 anos. Seu depoimento encontra-se à pág 769 do Tomo V, volume 3, “As Torturas” do Projeto BNM, transcrito abaixo:
( ) … que a declarante anteriormente a assinatura de suas declarações foi agredida de diversas maneiras sofrendo, inclusive, choques elétricos pelo corpo sendo que esses fatos foram presenciados pelo Encarregado do IPM; que a declarante foi agredida, inclusive, pelas pessoas de nome Plínio e Nagib, e, também, por Timóteo Ferreira por palmatória; que a declarante na prisão não tem obtido tratamento médico necessário uma vez que sofre de artrite rematoide e de úlcera; que em sua prisão não tem o mínimo conforto necessário no que se refere a higiene uma vez que não há banheiro na cela …( )
Estas declarações de Tânia Chao encontram-se no Processo N.º 81/70 da 1ª Auditoria da Militar, da 1ª RM/CJM, com Apelação no STM de n.º 39.519 consta de dois volumes e dois apensos ( informações contidas à pág 209, Tomo II, Volume 1 “A Pesquisa BNM” do Projeto Brasil Nunca Mais).
Este processo, trata de réus acusados de pertencerem a ALA, no Rio de Janeiro, em 1970, tendo conseguido do dono de uma gráfica autorização para imprimirem identidades falsas, o que efetivamente fizeram. Alguns réus fundaram um curso para obter fundos para a Ala, onde era impresso em mimeógrafo o jornal Unidade Operária
Na segunda lista, a de “Membros dos órgãos da Repressão”, à página 233 do Tomo II, Volume 3 “Os Funcionários”, o nome de Nagib é denunciado também em abril de 1971 e aparece no mesmo Processo citado acima.
O Coronel Freddie Perdigão foi denunciado pelo estudante Sérgio Ubiratan Manes em depoimento ao Tribunal Superior Militar (STM), em 1969, segundo reportagem do jornal O Globo de 04/07/99, como um dos torturadores que o espancaram na Polícia do Exército, na Rua Barão de Mesquita.
Nessa mesma reportagem, o General Newton Cruz revela que o Capitão Perdigão o avisou da Operação Riocentro e esteve no local do atentado com o grupo de militares que colocaram a bomba no estacionamento do Riocentro, durante um show em homenagem ao Dia do Trabalhador, em 30/04/81, onde morreu o sargento Guilherme do Rosário e ferindo o capitão Wilson Machado, ambos agentes do DOI/CODI.
Segundo o jornalista Elio Gaspari, publicado na sua coluna, no jornal O Globo, no dia 24/10/99 “…O grupo terrorista a que Perdigão estivera ligado em 1968 voltou a agir em 1976.
Seqüestraram, espancaram, pintaram de vermelho e deixaram nu numa estrada o bispo de Nova Iguaçu, Dom Adriano Hipólito…”
Conceição Lemes é jornalista e escreve para o sítio Viomundo.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Comissão da Verdade: soldado diz que viu coronel executar casal de estudantes

16/05/2013 - 22h09
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil


São Paulo – Detalhes da execução do casal João Antônio dos Santos Abi Eçab e Catarina Abi Eçab foram revelados hoje (16) pelo soldado do Exército Valdemar Martins de Oliveira em depoimento prestado à Comissão da Verdade do Estado de São Paulo.
Os dois estudantes de filosofia foram mortos em 1968 e, segundo Oliveira, o autor do crime foi o coronel Freddie Perdigão, apontado como um dos criadores do Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). “Ele se abaixou, quase de joelhos, e deu um tiro na cabeça de cada um”, disse, detalhando que Perdigão usou uma pistola Colt 45.
Oliveira garante ter participado de toda a operação que resultou na execução do casal, desde a captura em uma casa no bairro de Vila Isabel, na zona norte do Rio de Janeiro, até os dois serem levados para um sítio à margem da Via Dutra, onde foram mortos. Segundo ele, antes da execução, o casal foi torturado em uma chácara em São João do Meriti, na Baixada Fluminense. “Um lugar tenebroso”, descreveu.
Algum tempo depois da execução, Oliveira disse que deixou o Exército por não concordar com aquele tipo de violência e que chegou a passar um ano no Chile para escapar das perseguições dos militares. Em 1998 foi reintegrado, sendo dispensado no ano seguinte.
A versão oficial da época atribuiu a morte do casal Abi-Eçab à detonação de explosivos que os dois estudantes transportavam enquanto viajavam de carro pela BR-116, no trecho próximo a Vassouras. Mas, em 2000, o laudo da exumação dos restos mortais mostrou que os dois foram executados. Militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), o casal era suspeito de ter participado da execução do capitão do Exército norte-americano Charles Rodney Chandler, em 12 de outubro de 1968.
Também participou da operação de sequestro e execução do casal, de acordo com Oliveira, o sargento Guilherme do Rosário, que morreu no atentado do Riocentro, quando a bomba que carregava explodiu no seu colo, dentro do carro. O soldado reforçou a ligação de Rosário com o coronel Perdigão, apontado como mentor do atentado à bomba mal-sucedido ao Riocentro, onde ocorria o show comemorativo do Dia do Trabalho, em 1981. O coronel Perdigão morreu em 1997.
Em seu depoimento, Oliveira destacou ainda a participação de agentes dos Estados Unidos na doutrinação de soldados brasileiros. Segundo ele, nos treinamentos foram exibidos filmes de torturas cometidas pelos norte-americanos na Guerra do Vietnã.

Edição: Aécio Amado
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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Governistas mudam estratégia para agilizar processo de votação da MP dos Portos

15/05/2013 - 19h29
Iolando Lourenço e Sabrina Craide
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Para acelerar o processo de votação da Medida Provisória (MP) 595, conhecida como MP dos Portos, o governo mudou a estratégia: em vez de votar destaque por destaque, preferiu agrupar alguns desses dispositivos em emendas aglutinativas, que têm preferência de votação sobre os destaques. A ideia dos governistas é aprovar essas emendas e depois, se for o caso, a presidenta Dilma Rousseff vetá-las. A matéria tem que ser aprovada na Câmara e no Senado até a meia-noite de amanhã (16), para não perder a validade.
Neste momento, estão previstas 12 votações, entre destaques e emendas aglutinativas à MP. A emenda que está sendo analisada agora pelos deputados, apresentada por governistas, aglutina cinco destaques, da base e também da oposição, dos que faltam para ser votados. Caso ela seja aprovada, esses destaques estarão prejudicados e não serão levados à votação, diminuindo o número de matérias na pauta de votação.
Mais cedo, a oposição apresentou quatro emendas aglutinativas, que foram retiradas pelos autores após a defesa da sua aprovação. O mesmo texto das emendas foi apresentado minutos depois pelos aliados do governo, o que gerou protestos na oposição. O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), criticou a atitude da oposição e disse que a emenda não poderia ter sido retirada depois que começou a ser apreciada.
A emenda diz que os contratos de arrendamento em vigor firmados depois da Lei 8.630, de 1993, a atual Lei dos Portos, poderão ser prorrogados uma única vez pelo prazo máximo previsto em contrato, desde que o arrendatário promova os investimentos necessários para a expansão e modernização das instalações portuárias. O texto original previa apenas a possibilidade de antecipação da prorrogação dos contratos em vigor.

Edição: Aécio Amado
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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Governo vence queda de braço com a própria base aliada na Câmara


CORREIO DO BRASIL
15/5/2013 11:11
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro

A base aliada se fragmentou na votação da MP dos Portos, mas o Palácio do Planalto conseguiu aprovar a matéria
A base aliada se fragmentou na votação da MP dos Portos, mas o Palácio do Planalto conseguiu aprovar a matéria
A aprovação na Câmara, em uma votação simbólica na noite passada, do texto principal da Medida Provisória (MP) dos Portos, que estabelece um novo marco regulatório para o setor, não foi suficiente para que a presidenta Dilma Rousseff comemorasse, no café da manhã desta quarta-feira. Apesar da vitória, em Plenário, e de uma negociação amarrada para arrematar as dez emendas aglutinativas que restaram para o dia seguinte, Dilma percebeu que a principal legenda de sua base aliada se rebelou justo no Rio de Janeiro, onde o governador, Sérgio Cabral Filho, sempre foi o mais complacente aliado, em nível nacional.
As cenas de enfrentamento vividas, na noite passada, por integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) que, em tese, deveriam sustentar a presidenta Dilma e votar as matérias de acordo com o interesse do governo, mostraram a fragmentação na base governista.
– O que eu estou vendo aqui é inédito em toda a minha vida parlamentar. Líderes do PT estão pedindo apoio aos partidos da oposição, e não à base aliada, para derrotar seu maior aliado, que é o PMDB – disse a jornalistas o o deputado tucano Carlos Sampaio (SP), já no fim da madrugada, pouco antes do fim da sessão.
Sampaio fez o comentário após anunciada a queda da emenda aglutinativa de autoria do deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), sustentada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que era a estaca cravada no processo de votação. Quem mais comemorou, no Plenário, foi o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), que na semana passada havia chamado o destaque do peemedebista de “emenda Tio Patinhas”.
Diante do esvaziamento do Plenário, após a aprovação do texto principal, o presidente da Casa, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), encerrou os trabalhos, mas disse acreditar que o que resta da MP dos Portos poderá ser encerrado nas próximas horas, com o processo seguindo para o Senado, onde se espera uma votação mais tranquila na quinta-feira, último dia de validade da MP, em relação aos interesses do governo.
– Com um volume desses de destaques, encaminhamentos, uma obstrução bem articulada pela oposição e muitas manobras, realmente era um esforço sobrenatural de se alcançar quórum em todas as votações – disse Alves.
MP polêmica
A medida provisória de número 595/2012, a MP dos Portos, estabelece critérios adequados aos planos do governo para a agilização dos trâmites no embarque e desembarque de cargas nos portos brasileiros. A exploração e arrendamento (por meio de contratos de cessão para uso) para a iniciativa privada de terminais de movimentação de carga em portos públicos esteve no centro das discussões, na noite passada.
O governo, com a vitória, consegue que apenas as concessões de áreas em portos públicos passem por licitação para serem exploradas, enquanto a proposta, retirada por Luiz Sérgio do regime de votação, queria que a licitação para portos públicos e privados fosse mantida. Cunha defendia este ponto, entre outros que eram contrários aos do governo e, com a mudança de rumo, viu seus argumentos enfraquecidos a ponto de a maioria votar com o Palácio do Planalto.
As principais forças políticas reunidas no PMDB seguiram a orientação da presidenta Dilma, mas ficou parada no teto do Plenário a dúvida quanto aos rumos da aliança com o PMDB. O vice-presidente da República e presidente do partido aliado, Michel Temer, permanece como o principal avalista da coalisão que, se vencer as eleições de 2014, seguirá como segunda força política em comando. Temer mostrou que tem voz ativa no Congresso. Quando a maioria do partido seguiu na direção do governo, Henrique Eduardo Alves perguntou a Cunha, por mensagem no celular, onde estava o partido. Já havia debandado.
Problemas no Rio
Desde o tempo em que Dilma ocupava o ministério das Minas e Energia, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não é prudente convidá-la para um almoço com o deputado Eduardo Cunha, que cristalizou, na noite passada, a posição de principal adversário da presidenta no Congresso. Cunha, por sua vez, lidera a base do governador de Sergio Cabral Filho, no Rio de Janeiro, com o apoio do PP, do senador Francisco Dornelles. Em âmbito local, o racha na base governista avança agora a passos largos, com a consolidação da candidatura do senador petista Lindbergh Farias (PT-RJ) ao governo do Estado, em lado oposto ao do vice-governador, Luiz Fernando Pezão, que ainda não decolou nas pesquisas pré-eleitorais.
Além do ex-prefeito de Nova Iguaçu, o Planalto ainda conta com um aliado pontual, quando o assunto é oposição a Cabral e Cunha, na figura do deputado Anthony Garotinho, líder nas pesquisas de opinião para a corrida ao Palácio Guanabara. Sempre polêmico e irreverente, Garotinho liderou, na noite passada, a carga contra Cunha no Plenário. O Estado do Rio, porém, é o que há de mais importante para o PMDB e uma derrota no Estado, seja para o PT de Lindbergh, ou o PR de Garotinho, poderá levar a legenda a viver seu pior momento em décadas.
Garantir a vitória, no Estado do Rio, para Sergio Cabral e Eduardo Cunha é mais do que uma questão de sobrevivência política. Trata-se também de seguirem adiante, ou não, no controle da máquina pública estadual, que mantêm há quase 20 anos. Cabral e Garotinho eram aliados. Durante os dois mandatos do ex-prefeito de Campos e dois outros mais de Rosinha Garotinho, mulher do deputado e atual prefeita da cidade-pólo no norte do Estado, Cabral figurou como presidente da Assembléia Legislativa.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Marina pena para conseguir as assinaturas necessárias à criação do #REDE

Correio do Brasil
13/5/2013 14:24
Por Redação - de Brasília
A medida que limita o volume de recursos públicos aos novos partidos e o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, no entanto, não é o maior problema de Marina Silva. O principal ainda é a cláusula de barreira que enfrenta, sem ter conseguido, ainda, o número necessário de assinaturas ao registro de sua legenda, a Rede Sustentabilidade (#REDE), por onde pretende lançar-se à Presidência da República. A Lei dos Partidos, de 1995, determina que uma agremiação política precisa de 0,5% dos votos válidos da última eleição – descontando brancos e nulos. Atualmente, no total de 492 mil adeptos.
A coleta das assinaturas, segundo a a lei, permite até a compra de apoio – por meio de brinde ou dinheiro – e não obriga a divulgação dos financiadores ou de gastos. Ainda assim, Marina está longe de cumprir a meta exigida, conseguindo, até agora, cerca de 270 mil assinaturas, muito abaixo, portanto, das 300 mil prevista até abril. O prazo final para disputar as eleições do ano que vem é que o partido esteja registrado até 6 de outubro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sendo que a tramitação na Justiça leva cerca de dois meses.
O processo poderá ser ainda mais complicado se se houver problemas nas assinaturas, a exemplo de outra legenda recém-formada, o Partido Social Democrata (PSD), do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que incluiu títulos de eleitores até de gente morta.
Experiente no assunto, o presidente provisório de outra legenda em vias de formação, o Solidariedade, deputado e sindicalista Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, afirma que “normalmente, perde-se cerca de 40% das assinaturas”.
– Sempre há problemas com a grafia da assinatura, com eleitores que estão com o título irregular, assinam duas vezes ou simplesmente não fornecem os dados verdadeiros – resume.
Espaço
Um ponto que pode facilitar a vida de Marina Silva, no entanto, é a saída de cena do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que aparentemente deixa o cenário da sucessão presidencial para se recolher ao Palácio das Princesas, cuidando de sua aplaudida gestão no Estado nordestino, principal celeiro de votos de Dilma e Lula nas últimas eleições.
“Até o título de Cidadão Baiano que lhe foi concedido pela Assembléia Legislativa da Bahia – a primeira data para entrega foi suspensa de repente, sem uma explicação convincente do motivo. Quase nem se fala mais quando Eduardo Campos o receberá a honraria pessoalmente, como prometido, no terreiro do governador petista Jaques Wagner e ‘grande reservatório regional de votos de Lula e Dilma’. Virou um destes assuntos estranhos da política brasileira jogados às calendas gregas”, lembrou o colunista político Vitor Hugo Soares, editor do blog Bahia em Pauta.
Segundo o jornalista, “diante do espaço vazio, quem desembarcou quinta-feira em Salvador decidida a ocupá-lo foi a ex-senadora Marina Silva, no comando da sua atual cruzada nacional, cheia de agruras”. Marina confirmou sua dificuldade em busca de assinaturas para viabilizar nacionalmente seu partido, e fez desabafos em um programa de rádio de maior audiência política no rádio da Bahia.
“Essa atitude do governo de fazer ‘uma lei de encomenda’, segundo a ex-senadora, visa impedir a criação da Rede de Sustentabilidade, tirar o tempo de rádio e televisão e o fundo partidário, mas também aumentou a solidariedade das pessoas com ela e a sua luta. No País já foram conseguidas mais de 300 mil assinaturas das 550 mil necessárias, revelou”.
– Elas enxergam que é uma coisa desmedida e injusta. A presidente Dilma tem 13 minutos de TV, e estão fazendo uma lei, movendo céus e terras para nos tirar 35 segundos de propaganda. Por que o partido do prefeito Kassab (PSD), que foi para a base do governo teve o direito de se organizar, de criar e ninguém fez isso? Por que um grupo que há mais de 30 anos defende o meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e a justiça social está diante da agrura de lutar contra uma lei de encomenda para nos tirar 35 segundos na televisão? – questionou Marina