sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Janot apresenta ao STF denúncia por corrupção contra Cunha e Collor

Procurador-geral diz que os dois receberam dinheiro desviado da Petrobras.
Se STF aceitar denúncia, parlamentares viram réus. Eles negam acusações.

Vladimir Netto e Mariana Oliveira Da TV Globo, em Brasília
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou nesta quinta-feira (20) ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncias contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e contra o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) por suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.
Nas denúncias, o procurador-geral pede a condenação dos dois sob a acusação de terem cometidos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a Procuradoria, eles receberam propina de contratos firmados entre a Petrobras e fornecedores da estatal.
Na denúncia contra Eduardo Cunha (veja a íntegra), a Procuradoria também pede que sejam devolvidos US$ 80 milhões – US$ 40 milhões como restituição de valores supostamente desviados e mais US$ 40 milhões por reparação de danos. A PGR estima essa quantia em R$ 277,36 milhões, pela cotação atual.
Ambos os parlamentares negam as acusações. O presidente da Câmara se diz "inocente" e afirmou que foi "escolhido para ser investigado". Collor disse que o procurador Rodrigo Janot fez um "teatro" e "selecionou a ordem dos fatos".
Também foram alvos de denúncia de Janot a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), aliada de Cunha e atual prefeita de Rio Bonito (RJ), além de Pedro Paulo Leoni Ramos, ministro do governo Collor, e mais três pessoas ligadas ao senador.
O STF terá agora de decidir se aceita ou não as denúncias. Se aceitar, os denunciados se tornarão réus e responderão a ações penais no Supremo – devido ao foro privilegiado decorrente da condição de parlamentares, Cunha e Collor não podem ser processados em outra instância da Justiça.
Na hipótese de o STF aceitar a denúncia, Cunha – devido à condição de presidente da Câmara – será julgado pelo plenário do tribunal, formado pelos 11 ministros. O julgamento de Collor ficaria a cargo da Segunda Turma do Supremo, integrada por cinco ministros, entre os quais Teori Zavascki, relator dos inquéritos da Operação Lava Jato referentes a autoridades com foro privilegiado.
Após o recebimento da denúncia, Zavascki notificará as defesas para apresentação de respostas por escrito. Depois da apresentação das respostas, o processo voltará o Ministério Público, que dará um parecer. O ministro fará então um relatório e levará o caso ao plenário, que decidirá pela abertura ou não de ação penal – não há prazo para isso.
A denúncia contra Cunha
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sob a acusação de ter recebido, entre junho de 2006 e outubro de 2012, pelo menos US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de dois navios-sonda para a Petrobras.

O procurador-geral inicia a denúncia com uma frase de Mahatma Gandhi: "Quando me desespero, eu me lembro de que, durante toda a história, o caminho da verdade e do amor sempre ganharam. Têm existido tiranos e assassinos, e por um tempo eles parecem invencíveis, mas no final sempre caem. Pense nisto: sempre."
De acordo com a denúncia, a Samsung Heavy Industry, empresa responsável pelo fornecimento dos navios-sonda, destinados à exploração de petróleo, pagou US$ 40 milhões para o ex-consultor Júlio Camargo, apontado como um dos intermediários da propina recebida pelo esquema e que fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
Camargo, segundo a denúncia, foi o responsável por distribuir o dinheiro entre integrantes do esquema.
A quantia paga pela Samsung Heavy Industry teria sido depositada no exterior, em contas indicadas pelo lobista Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção e preso na Operação Lava Jato – o partido nega vínculos com Baiano.
 A Procuradoria informa na denúncia que identificou 60 operações de lavagem de dinheiro, entre as quais remessas ao exterior, entrega de dinheiro vivo, simulação de contratos de consultoria, emissão de notas frias e transferências para uma igreja vinculada a Cunha, a título de doações religiosas.
Pressão
De acordo com as investigações, após o fornecimento das sondas, a Samsung Heavy Industry parou de pagar as comissões a Júlio Camargo, o que teria levado Eduardo Cunha a pressionar para voltar a receber a propina.

Para isso, segundo a PGR, a então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), aliada de Cunha, apresentou à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara requerimentos pedindo ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério de Minas e Energia informações sobre Júlio Camargo, Samsung Heavy Industry e o grupo Mitsui, envolvido nas negociações de um dos contratos. Conforme a denúncia, Cunha foi o autor "material e intelectual" dos requerimentos – ele nega.
Depois da apresentação dos requerimentos, Júlio Camargo procurou o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa – preso na Lava Jato e que também fez acordo de delação premiada – para reclamar da pressão pela retomada do pagamento da propina, diz a denúncia da PGR.
Segundo o texto da denúncia, Júlio Camargo pediu a Costa uma reunião com o então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, do PMDB. Essa reunião teria ocorrido em 31 de agosto de 2011, na base aérea do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, segundo relata a Procuradoria com base em depoimento de Camargo, que no encontro teria relatado a Lobão as pressões que vinha sofrendo.
"Isso é coisa do Eduardo", teria afirmado Lobão, segundo reproduz a denúncia. Em seguida, diante de Camargo, o ministro teria telefonado para o deputado e indagado: "Eduardo, estou com o Júlio Camargo aqui do meu lado. Você enlouqueceu?".
Após a suposta reunião com Lobão, Camargo teria relatado para Fernando Baiano a conversa com o então ministro. Segundo o texto da denúncia, ele disse que ouviu de Fernando Baiano: "Você pode falar com quem você quiser. Enquanto não pagar o que você deve, a pressão continuará cada vez maior".
Júlio Camargo resolveu pedir ajuda ao doleiro Alberto Youssef para que ele negociasse uma solução com Eduardo Cunha, segundo a narrativa da PGR. Youssef respondeu que a única alternativa era pagar os valores devidos a Eduardo Cunha, diz o texto da PGR.
Camargo recorreu então a Fernando Baiano que marcasse um encontro pessoal com  Eduardo Cunha. De acordo com a Procuradoria, o encontro se deu em setembro de 2011, em um domingo à noite, numa sala de um prédio comercial do Leblon, no Rio de Janeiro.
Segundo relato de Camargo reproduzido na denúncia, Cunha disse não ter nada de pessoal contra ele, mas que era necessário uma solução para a retomada dos pagamentos da propina.
"Julio, em primeiro lugar, quero dizer que não é nenhum problema pessoal em relação a você. O problema que eu tenho é com o Fernando e não com você. Acontece que o Fernando não me paga porque diz que você não o paga. Como o Fernando não tem capacidade de me pagar, eu preciso que você me pague", disse Cunha, segundo reproduziu a PGR.
De acordo com o texto, depois dessa reunião, os pagamentos teriam sido retomados.
A denúncia apresentada nesta quinta pelo procurador-geral não esgota a investigação do parlamentar. Isso porque uma parte da investigação – a que se refere à suposta entrega de dinheiro a aliados de Cunha – ainda continuará em apuração em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal.
Cunha nega as acusações
Eduardo Cunha sempre negou ser o autor dos requerimentos de Solange Almeida e disse que jamais recebeu propina no esquema da Petrobras.

Nos primeiros depoimentos à Justiça, Julio Camargo não mencionou o nome do deputado. Posteriormente, mudou a versão e passou a incriminar Cunha. Segundo a defesa de Camargo, ele não falou antes sobre o envolvimento do presidente da Câmara por “receio” de sofrer retaliação.
Eduardo Cunha afirma que o procurador-geral da República atuou em conjunto com o Executivo para convencer Júlio Camargo a “mentir” e incriminá-lo. Depois que Julio Camargo acusou Cunha, o deputado anunciou rompimento com o governo e disse que passaria a atuar como deputado de oposição.
Na noite desta quarta-feira, Eduardo Cunha afirmou que, mesmo denunciado, não se afastará da presidência da Câmara. “Eu não farei afastamento de nenhuma natureza. Vou continuar exatamente no exercício pelo qual eu fui eleito pela maioria da Casa. Absolutamente tranquilo e sereno com relação a isso”, disse na noite de quarta (20).
O líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), aliado de Eduardo Cunha, disse acreditar que a denúncia não é motivo suficiente para um afastamento dele do comando da Câmara, como quer um grupo de parlamentares de diferentes partidos, entre os quais PSOL, PSB e PT. Eles avaliam formular um pedido para Cunha renunciar ou requerer ao Conselho de Ètica a abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar.
Picciani defendeu que não haja uma condenação antecipada e disse que a “presunção de inocência" serve para qualquer cidadão, inclusive o presidente da Casa.
“Num Estado de Direito, qualquer cidadão pode vir a ser réu. O que precisa é concluir o julgamento. Apenas a condenação pode delimitar isso. Qualquer coisa diferente disso é uma antecipação de condenação, de suposições que não condizem com o Estado de Direito, seja para o presidente da Câmara quanto para qualquer cidadão”, afirmou.
Advogado e PMDB
O advogado Antonio Fernando de Souza, responsável pela defesa de Cunha, afirmou ao G1 que ainda não teve conhecimento do teor da denúncia.

“Quando tivermos acesso, vamos preparar a defesa. Mas não podemos adiantar nada, porque não sabemos nada ainda. Vamos aguardar para ver no que consistiu a denúncia, vamos examinar antes”, declarou.
Na noite desta quinta, a liderança do PMDB na Câmara divulgou nota na qual afirma que a bancada do partido se solidariza com Cunha e afirma que a presunção de inocência é cláusula pétrea da Constituição.

"Enquanto não se esgotarem todas as etapas previstas no rito da lei, não há culpados, mas apenas acusados", afirma da nota. "A bancada do PMDB na Câmara dos Deputados apoia e acredita no presidente da Casa, Eduardo Cunha, e se solidariza com ele neste momento em que alguns se açodam a defender teses que ferem o princípio primordial do Estado Democrático de Direito", diz o texto.

A denúncia contra Collor
O senador e ex-presidente da República Fernando Collor foi denunciado por pelo menos dois crimes – corrupção ativa e lavagem de dinheiro. O teor da denúncia contra Collor não foi divulgado porque cita trechos de delações premiadas ainda não validadas pela Justiça.

As investigações da Operação Lava Jato apontam que o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu, entre 2010 e 2014, R$ 26 milhões como pagamento de propina por contratos firmados na BR Distribuidora.
Delatores da Lava Jato afirmaram que chegaram a pagar faturas de cartão de crédito de Collor e que o senador recebeu parte da propina em dinheiro vivo e em mãos.
Antes de o dinheiro chegar às mãos do ex-presidente da República, afirmaram esses delatores, a quantia teria circulado em um carro-forte de uma empresa de valores e em carros blindados.
Entregador do doleiro Alberto Youssef, preso na Lava Jato, o depoente Rafael Ângulo disse que entregou dinheiro vivo a Collor no apartamento dele, em São Paulo – R$ 60 mil em notas de R$ 100.
De acordo com os delatores, o principal articulador do acordo que teria resultado em propina para dirigentes da BR e para o próprio senador foi Pedro Paulo Leoni Ramos, ministro de Assuntos Estratégicos do governo Collor.
Youssef narrou, em depoimento, ter sido procurado por Leoni Ramos para lavar dinheiro desviado da BR Distribuidora.
A investigação apontou que parte do dinheiro desviado teria sido usado por Collor para a compra de carros de luxo em nome de empresas de fachada.
Em julho, a Polícia Federal apreendeu três veículos de luxo na casa de Collor em Brasília: uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini. Segundo as investigações, os veículos foram comprados com dinheiro de propina supostamente recebida no esquema – o senador nega.
Conforme a apuração, os carros não estão em nome de Collor, mas sim, em nome de empresas de fechada. Dois carros são propriedade da Água Branca Participações, empresa de Collor que, conforme investigadores, não tem funcionários e é usada para lavagem de dinheiro.
As investigações também indicaram que as prestações do financiamento do Lamborghini estão atrasadas. Para a cúpula da Lava Jato, os pagamentos pararam em razão da operação, porque a propina parou de ser distribuída. Já existe, inclusive, um processo na Justiça de São Paulo para reaver o bem em razão da inadimplência.
Collor nega as acusações
Desde que foi mencionado nas investigações, Collor sempre negou as acusações e disse estranhar a inclusão de seu nome na lista de políticos supostamente envolvidos no esquema.

Em diversas ocasiões, o senador subiu à tribuna do Senado para criticar a condução da Operação Lava Jato pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Collor chegou a usar um palavrão para xingar Janot em um desses discursos.
Para o ex-presidente, Janot promoveu "vazamentos seletivos" em uma "sórdida estratégia midiática". Ele também acusou o procurador-geral de ter orquestrado as investigações para vinculá-lo ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
No dia em que contestou a denúncia de que recebeu R$ 26 milhões em propina, o senador do PTB disse “nada ter a ver” com os fatos a ele imputados.  E declarou ter certeza de que “a verdade, mais uma vez, virá à tona”.
Quanto aos carros de luxo apreendidos pela Operação Politeia, um desdobramento da Lava Jato, o senador disse que são propriedade de empresas das quais é sócio majoritário e afirmou que é o responsável pelos seus financiamentos. Para ele, a apreensão dos veículos superesportivos foi "espetaculosa" e midiática".
No discurso em que xingou o procurador-geral na tribuna do Senado, Collor voltou a dizer que as acusações contra ele são "ilações".
“Reafirmo que tudo não passa de ilações. São falsas versões impingidas à opinião pública de forma a esterilizar a verdade, a escamotear as reais intenções midiáticas do procurador-geral da República e a impor a narrativa que a ele interessa", disse Collor no discurso.
Advogado e PTB
Ao G1, o vice-presidente do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), afirmou que, para ele, a denúncia da PGR, a investigação por parte do STF e a defesa do senador Fernando Collor fazem parte do processo democrático. O dirigente do PTB disse estar certo de que Collor "irá se defender de maneira adequada.

"Eu acho que não é o caso de ele [Collor] ser expulso do partido. Ele tem o direito dele à ampla defesa, ele vai se defender, preparar suas respostas. Quem vai decidir se ele é culpado ou não é a Justiça. Eu acho muito arriscado você condendar alguém se a Justiça julgar, chegar a uma conclusão. Ele precisa ainda apresentar sua defesa", ressaltou o vice-presidente do PTB.
O G1 procurou o advogado Fernando Neves, que defende o senador Fernando Collor, mas não tinha conseguido contato com ele até a última atualização desta reportagem.
À noite, a assessoria do senador divulgou nota na qual afirma que a defesa de Collor não se manifestará sobre a denúncia porque o teor não está disponível.
Segundo a nota, mesmo tendo se colocado à disposição da Polícia Federal, Collor nunca foi ouvido sobre as acusações imputadas a ele.
"As razões que levaram a Procuradoria Geral da República ao oferecimento de denúncia antes da inquirição do Senador e antes mesmo da conclusão do inquérito policial parecem atender interesses e conveniências outras que não se coadunam com a melhor apuração dos fatos", diz o texto da nota.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Líderes anunciam filiação de Marta Suplicy ao PMDB e de Pedro Taques ao PSDB

Agência Brasil
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), anunciou na quarta-feira (18) oficialmente a entrada da senadora Marta Suplicy (SP) no partido. Eunício saudou Marta, que deixou o PT este ano, e comemorou sua filiação ao PMDB.
“Todos nós sabemos do quadro que é a senadora Marta Suplicy. Obviamente ela vai honrar muito essa sigla que nós tanto amamos, que é o nosso querido PMDB”, disse Eunício, durante a sessão de votações do Senado.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), também aproveitou a sessão de hoje para, em discurso na tribuna, anunciar a filiação do governador de Mato Grosso, Pedro Taques, ao partido. Taques se elegeu senador e depois governador pelo PDT.
“O que posso afirmar é que Pedro Taques encontrará no seio tucano, no conjunto dos outros partidos de oposição, um terreno absolutamente fértil, para que continue a defender suas ideias. Além disso, que possa defender os interesses do seu estado, o que vem fazendo com absoluta correção”, acrescentou Aécio.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), parabenizou os dois partidos pelas novas filiações. “Comemoramos também a filiação da senadora Marta Suplicy. Ela, verdadeiramente, qualificará o PMDB, a exemplo do que fará o senador Pedro Taques, o governador Pedro Taques, que acaba de se filiar ao PSDB.”
Tags: presidente, renan, senado, suplicy, taques
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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Austrália: Melbourne eleita a melhor cidade do Mundo para viver

20:31 - 18-08-2015

A cidade de Melbourne, na Austrália, voltou a ganhar o título de melhor cidade para viver em 2015, no ranking da Unidade de Inteligência do The Economist (EIU), que anualmente seleciona os melhores e os piores locais no Mundo.

A lista, que incorpora a estabilidade, serviço de saúde, cultura, ambiente, educação e infraestruturas em 140 cidades, destacou também a cidade de Viena, na Áustria, no segundo lugar e, em terceiro, a cidade de Vancouver, no Canadá.

Em quarto está Toronto, seguida de outra cidade canadiana, Calgary, que teve um empate técnico com a cidade australiana de Adelaide.

Em sentido inverso, a cidade de Damasco, na Síria, foi eleita a pior cidade para se viver. Em penúltimo está Dhaka, no Bangladesh, seguida de Port Moresby, na Nova Guiné. Lagos, na Nigéria, e Tripoli, na Líbia, encerram a lista das piores cidades.

sábado, 15 de agosto de 2015

Comércio empregava 10,4 milhões de pessoas no país em 2013


Por Redação, com ABr – do Rio de Janeiro:
O Brasil tinha 10,4 milhões de pessoas trabalhando no comércio em 2013, segundo dados da Pesquisa Anual de Comércio (PAC) divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O contingente é 4,4% superior ao número de empregados do segmento no ano anterior.
comércio
O comércio varejista concentrou 73,4% dos empregados em 2014
O comércio varejista concentrou 73,4% dos empregados, enquanto o atacado respondeu por 17,4% e o ramo de comércio de veículos, peças e motocicletas, por 9,2%. No total, esses setores receberam R$ 168,2 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.
Apenas 3,5% das empresas foram responsáveis por empregar 46% desse pessoal e por pagar 60,4% do total dos salários e outras remunerações. A Região Sudeste concentrou metade dos trabalhadores do comércio em 2013.
Em 2013, o comércio gerou uma receita operacional líquida de R$ 2,7 trilhões, dos quais 44,1% foram movimentados pelo atacado. No atacado, o segmento que mais se destacou foi o de combustíveis e lubrificantes, com uma receita líquida de R$ 275,9 bilhões.
O varejo movimentou 42,9% da receita do comércio. O segmento de hipermercados e supermercados foi o principal destaque, ao gerar R$ 278,9 bilhões de receita líquida em 2013. O comércio de veículos, peças e motocicletas gerou os 13% restantes da receita operacional líquida do comércio.
O número de empresas ficou em 1,6 milhão em 2013, um recuo de 1,2% em relação ao ano anterior. O comércio varejista concentrava a maior parte delas (78,9%).

quinta-feira, 13 de agosto de 2015


PSB busca liderança nacional um ano após a morte de Eduardo Campos

Principal promessa é João Campos, filho mais velho do ex-governador.
Sigla avalia Renata Campos como candidata e busca filiar senadores.

Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro Do G1, em Brasília
Um ano após a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, o PSB busca uma liderança nacional capaz de garantir união à legenda e disputar, com chance de vitória, a Presidência da República.
O partido tenta ainda conquistar espaço nos estados, com a filiação de nomes capazes de concorrer com chances de vitória às eleições para governador, em 2018.

Carismático e herdeiro de uma família com forte tradição política em Pernambuco, Eduardo Campos era a maior liderança do PSB. A morte prematura em meio à campanha pela Presidência, no ano passado, gerou um vácuo e incertezas sobre o futuro do partido que ele ajudou consolidar.
Para manter a visibilidade obtida na eleição de 2014, lideranças do PSB tentam convencer a viúva Renata Campos a concorrer à Presidência da República em 2018.
João Campos, filho de Eduardo Campos, discursa na Câmara durante sessão em homenagem ao pai (Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)João Campos, filho de Eduardo Campos, discursa na Câmara durante sessão em homenagem ao pai (Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)
A maior aposta do PSB para o futuro, porém, é João Campos, filho do ex-governador. Estudante de engenharia civil, o jovem de 24 anos quer seguir os passos do pai e deve estrear no campo político disputando uma cadeira na Câmara dos Deputados, em 2018.
“O filho do Eduardo vai ser candidato a deputado federal”, confirmou ao G1 o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

O vice-presidente de Relações Governamentais do partido, Beto Albuquerque (RS), também aposta no sobrenome e desenvoltura de João Campos, que já assumiu, na própria família, o papel de porta-voz – é incumbido de fazer os discursos em eventos públicos e conceder entrevistas.

“A gente tem que continuar firmes no propósito de continuar fazendo protagonismo. O João vai terminar a faculdade dele e certamente vai dar continuidade à política. Acho que ele vai ser candidato a deputado federal em 2018”, disse Beto Albuquerque, candidato a vice-presidente da República, em 2014, na chapa liderada por Marina Silva após a morte de Campos.
A presença de Marina Silva no PSB, aliás, é considerada temporária, devido às divergências políticas entre ela e a direção do partido.
O nome da ex-senadora sequer é citado pelos dirigentes do PSB nos planos da sigla, e a expectativa é de que ela migre para a Rede Sustentabilidade, partido que tenta fundar, assim que a criação da legenda for autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Filho
João Campos não descarta a candidatura a deputado, mas adota tom de cautela ao falar do assunto.
“Hoje, eu sou estudante de engenharia da Universidade Federal de Pernambuco e meu plano é terminar a faculdade, me formar. O futuro a Deus pertence. Depois de terminar a faculdade posso pensar melhor, discutir e avaliar no tempo correto o que devemos seguir”, afirmou João Campos, que também herdou do pai a aparência e os olhos claros.
A viúva de Eduardo Campos, Renata, na Câmara dos Deputados (Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)A viúva de Eduardo Campos, Renata, na Câmara dos Deputados (Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)

Mulher
Mais difícil que encorajar o jovem a seguir carreira política será convencer a mãe dele a disputar a Presidência em 2018.
Discreta, Renata Campos tem reiteradamente dito que defenderá o legado do marido, mas nos bastidores.
“Acho que, nesse cenário de o partido ter candidato, a Renata Campos é um nome ainda cedo para discussão, mas temos que cultivar a possibilidade de ela ser nossa candidata a presidente. Ela não admite, mas em política a gente tem que discutir as coisas mesmo sem acordo”, diz Beto Albuquerque.

Muito próximo à família de Eduardo Campos e afilhado político do ex-governador, o atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), destaca que Renata não tem interesse em ingressar na política. Logo após a tragédia de agosto do ano passado, o PSB tentou convencer, sem sucesso, a viúva a ser candidata a vice na chapa de Marina Silva.

“Renata, no momento, não se mostrou disposta a fazer a travessia para a política eleitoral. Ela foi uma grande pessoa que ajudou Eduardo, mas como militante do partido. Ela quer continuar ajudando o partido, nos ajudar a governar bem. Ela tem sempre contribuído, mas tem o seu espaço. Ela vai ter voz, como sempre teve no partido, e vai almejar aquilo que ela entende que será bom para ela”, disse Câmara ao G1.

Apesar da resistência de Renata, o presidente nacional do PSB não descarta a candidatura. “É uma possibilidade concreta, mas o partido também não precisa só considerar lideranças conhecidas, pode lançar novos nomes”, disse Carlos Siqueira.
Presidência
Mesmo com a indefinição em torno do nome, a certeza do partido é de que terá, de qualquer forma, candidato próprio à Presidência nas próximas eleições.
“Nós não temos mais o Eduardo e vamos demorar para ter outro líder completo, como ele se apresentava. Agora, a forma de você lançar lideranças é  trabalhar internamente com a perspectiva de continuar disputando a presidência da república, ainda que não tenha alguém como Eduardo”, defende Beto Albuquerque.
“Se você observar, procure um Eduardo Campos no PT, no PSDB. Não era uma liderança qualquer. Da mesma maneira que o PSB não tem, os outros não têm. Isso vai se forjando na luta política. Não se fabrica um líder”, afirma Siqueira.
Em busca de filiações
Além de buscar um “líder nacional”, o PSB investe na filiação de políticos de renome para viabilizar candidaturas próprias para prefeituras, em 2016, e governos estaduais, em 2018. Senadores do PT e do PSDB estão entre os alvos da legenda.

“Estamos conversando com o governador do Mato Grosso [Pedro Taques, do PDT], o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a senadora Lúcia Vânia (sem partido-GO). Quanto às eleições municipais, temos candidaturas em pelo menos dez capitais. Nossas prioridades são capitais e cidades-polo”, relatou o presidente do PSB.

Se o senador tucano Álvaro Dias aceitar migrar de partido, poderá disputar o governo do Paraná pelo PSB em 2018. O partido também negocia a filiação dos senadores Paulo Paim (PT-RS) e Marta Suplicy (PT-SP), que também almejam o comando de prefeitura ou governo estadual.

“Sim, fui procurado pelo PSB, como também fui procurado por outros partidos. Conversei com senadores do PSB, como Romário, Lídice da Mata, Fernando Bezerra, mas também estou conversando com inúmeros partidos. Recebi muitos convites, estamos conversando”, confirmou Paim ao G1.

Unidade partidária
Após a morte inesperada de Eduardo Campos, o maior desafio do PSB foi garantir unidade. Na época da tragédia, quem assumiu o comando da sigla foi Roberto Amaral, então vice-presidente.
Quando o partido decidiu apoiar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno da eleição presidencial, Amaral se opôs e foi substituído no comando por Carlos Siqueira.

“O maior desafio foi encontrar um ponto de equilíbrio entre os que comandavam o partido com Eduardo Campos. Ele era a liderança maior, e o partido teve que buscar, no colegiado, uma forma de comandar o partido. Isso foi feito com Carlos Siqueira, que conseguiu unificar. E tomamos decisões corajosas, como ser independente em relação ao governo, não ter cargos”, ressalta o governador de Pernambuco, Paulo Câmara.
Beto Albuquerque também destaca que o PSB teve que enfrentar um período de instabilidade com a morte do homem que dava cara ao partido e que concentrava em si as principais decisões.

“O partido sofreu muito a perda do Eduardo. Ele era um polo aglutinador. Conduzia o partido e as decisões da legenda. Ao alterarmos a direção do partido, assumimos o Carlos Siqueira, eu e o Renato Casagrande. A principal tarefa nesse semestre foi manter o partido unificado. Sempre que você perde o polo aglutinador, corre-se o risco de haver uma desunião e fragilização política”, disse.

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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Moody’s rebaixa nota do Brasil e muda perspectiva para estável

País ficou realmente a um passo de perder o grau de investimento.
Rebaixamento da nota é um alerta de que algo não vai bem no Brasil.

Danilo Vieira Rio de Janeiro, RJ

Mais uma agência de classificação de risco rebaixou a nota do Brasil. Dessa vez foi a Moody's que deixou o país a um passo de perder o grau de investimento.
Se você quer saber o que aconteceu com a nota do Brasil, pensa em um sinal de trânsito que está amarelo quase ficando vermelho. Assim como o amarelo do sinal alerta os motoristas, a nota dada pela agência, na terça-feira (11), alerta os investidores: algo não vai bem no país.
No relatório divulgado logo após a decisão, a Moody's destaca três motivos principais para o rebaixamento:
- o desempenho da economia mais fraco que o esperado;
- a tendência de aumento nos gastos do governo;
- a falta de consenso político sobre as reformas fiscais.

Na opinião da agência, isso vai levar a um aumento no endividamento em 2015 e 2016, o que deixa o Brasil por baixo quando comparado a outros países que tem grau de investimento. Apesar dessa previsão, a nota veio com perspectiva de estabilidade.
“As agências não se movem com muita rapidez, elas levam um tempo, elas analisam o país. Agora elas vão aguardar, elas dão um prazo para ver se as medidas que o país está tomando vão ser aprovadas e quais vão ser os resultados nos próximos meses”, analisa Luis Roberto Cunha, professor de economia da PUC-RJ.
Para o ministro da Fazenda Joaquim Levy, a queda da nota da Moody's reforça que o Brasil precisa segurar o aumento da dívida pública.
“É uma declaração bastante detalhada e transparente e que eu acho que dá a indicação das prioridades que a gente tem que ter em relação a manter a qualidade da nossa dívida pública”, declara o ministro Joaquim Levy.
 

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segunda-feira, 10 de agosto de 2015


Crônica de uma crise anunciada

Por Maria Fernanda Arruda – do Rio de Janeiro:

O anúncio do ministério que acompanharia Dilma Rousseff em seu segundo mandato provocou preocupações e críticas, que equivocadamente se concentraram na figura não menos que ridícula de Katia Abreu. O novo ministro da Fazenda causou, sim, alguns comentários e ressalvas mas, afinal das contas, o PT já havia governado por 12 anos, afinado com os interesses do grande capital, nunca tendo atingido os absurdos dos tempos de FHC, mas delegando a Henrique Meireles a gestão do Banco Central que dessa forma não chegava à independência, mas praticou a autonomia.
Maria Fernanda Arruda é escritora, midiativista e colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras
Maria Fernanda Arruda é escritora, midiativista e colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras
Lula nunca se preocupou com os ganhos dos bancos e Dilma Rousseff recebeu uma economia combalida pela febre de uma taxa Selic mal contida nos 11%, que ela tratou de ir reduzindo até chegar aos 7% em outubro de 2012. O termômetro já voltaria a subir, a partir de novembro de 2013, preparando-se para atingir cifras de dois dígitos.
Depois de meio ano de governo novo, confirma-se a crise anunciada mas, informando-se que será muito maior do que o bom senso permitiria estimar, devendo atingir o horror econômico até fins de 2015, quando então será possível anunciar o Brasil como a Grécia do Hemisfério Sul. Esse será o porte da crise, se não alterados rapidamente os rumos que foram traçados e seguidos.
Equivocadamente, surgem em número crescente os que, descrentes do falso otimismo presidencial, pedem que se demita o ministro Levy. Equívoco, porque Levy não é ministro forte, nem mesmo chega a ser ministro de alguma coisa, não sendo mais do que o executor daquilo que a grande banca Internacional deseja e quer: ela pretende obter no Brasil os seus lucros mais altos, sugando a economia brasileira até transformar os seus ossos em mocotó.
Aquilo que as palavras presidenciais não contam, o que Lula faz de esquecido, que os quadros do PT, não entendendo nada de coisa alguma, minimizam é a crise em todo o seu peso e proporções. Conhecimentos pequenos de Economia permitem que, uma vez numa mina subterrânea, começamos a andar às cegas, não por um túnel onde se enxergue uma luz ao final. Nós, os brasileiros estamos sendo configurados como o mascote da Copa de Futebol, tatus-bola, que vão morar nos cemitérios.
A farsa lamentável do equilíbrio monetário foi defendida por Eugênio Gudin, que nos representou em Breton Woods, a conferência que reuniu dezenas de nações para traçar os rumos a serem seguidos pelo novo mundo pacificado. Lord Keynes estava presente, mas o grande vencedor foi Henry Mongenthaun, Secretário do Tesouro dos EUA, para quem a grande tarefa era a de construir um mundo onde o comércio internacional fosse o planejado pelos homens de negócios e conforme os princípios éticos adotados por eles mesmos. Aos países até então pobres e que ganhavam o status de subdesenvolvidos, o FMI reservava as receitas amargas do equilíbrio monetário, as contas bem pagas, juros e principal: os homens de negócios sempre cuidaram de estimular o endividamento dos dependentes, ficando ao FMI a missão de cobrá-los.
Celso Furtado
Celso Furtado
Nos primeiros anos da década de 1950 o choque entre os monetaristas e os pensadores da CEPAL traduzia a oposição de interesses, ficando de um lado os desejosos de alinhamento em tudo e por tudo com os Estados Unidos, e de outro os que planejavam os caminhos para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Durante bom tempo,Eugênio Gudin manteve polêmica dura contra Celso Furtado, defendendo o seu monetarismo rigoroso.
Naqueles tempos, que todos trataram de esquecer logo, discutia-se a temível inflação, posta por Gudin como fenômeno puramente monetário, e entendida por Furtado como o resultando de desequilíbrios estruturais a serem corrigidos através de reformas de base: agrária, fiscal, tributaria, administrativa e monetária. Para Gudin: a integração da economia nacional na economia internacional, aceitando a sua vocação de supridora mundial de produtos primários; para os teóricos do desenvolvimento: a consciência de que as regras do mercado internacional foram redigidas por aqueles homens de negócios reunidos em Bretton Woods.
Os caminhos seguidos pela economia brasileira foram variados, de JK aos 20 anos de ditadura, mas ficou claro que o monetarismo era a ideologia das elites nacionais, sócias menores do capital internacional. Só foi experimentado no curto governo da UDN, com Café Filho na Presidência, e Eugênio Gudin no Ministério da Fazenda. E, como momento de transição, nos momentos iniciais da ditadura, sob comando de Mário Henrique Simonsen, discípulo de Gudin. Afora banqueiro falido, Simonsen deu ao Brasil, na segunda metade da década de 1960, a sua maior crise recessiva,depois substituída pelo pragmatismo de Delfim Neto.
Tudo isso cabe ser lembrado para que se justifiquem duas certezas: a experiência Dilma Rousseff não traz nenhuma justificativa, senão a de argumentos velhos e obsoletos; e, no Brasil, repetindo-se o que aconteceu e acontece em todos os países do mundo, sua experimentação menor levou ao desemprego, recessão e endividamento junto ao FMI. O que encontraremos até fins de 2015.
Os jovens economistas recrutados pelo Estado, no período FHC, tinham praticamente todos esse tipo de formação, os Chicago’s boys , os que produziram façanha de levar o Brasil, em curto espaço de tempo, a três momentos de falência. Foram eles os depreciadores do “pensamento da CEPAL”, inventando a expressão “desenvolvimentismo nacionalista”, que não se aplica a nenhum momento da história da economia nacional. O Brasil teve desenvolvimento nacionalista no governo Vargas, e desenvolvimentismo internacionalizante com JK. E isso teve um objetivo, que alcançaram e que precisa agora ser revertido: fizeram com que se esquecesse a necessidade primária das reformas de base.
Tudo isso precisa ser tomado em conta, para que não se minimize o problema, com o pedido da cabeça de Levy. Ele é propositadamente um executivo de segunda linha do banco Bradesco. Foi designado pelo sistema financeiro para que, claramente, seja um cumpridor de ordens. Não cabe nenhuma discussão com ele. Como passo final, será em breve exigida a independência do Banco Central. Os juros prosseguirão subindo, até fins de 2015 podendo chegar aos 20%. A dívida pública irá aumentando, em junho subindo em 3,5%, chegando a R$ 2,58 trilhões. E assim vai sendo construída a “dívida impagável”, que nos porá de volta nos braços do FMI, que concederá ao Brasil a caridade de bons empréstimos, ao preço de entrega da Petrobrás. A jogada da Máfia do Petróleo.
Para os mais adeptos de São Tomé, use-se a palavra de Alan Blinder, professor em Princeton e antigo vice-presidente do Federal Reserve Board, entre 1994 e 1996. Ele trabalha com o conceito de política monetária neutra. Imaginar uma taxa de juros real neutra fica acima da competência intelectual de quem cria uma teoria da taxa de juros como moto contínuo. Não serve aos que querem um Banco Central independente, que faça da taxa de juros o aríete que vai derrubar as nossas pequenas muralhas. Para o mesmo Blinder, “dar a um banco central autoridade e independência é uma concessão impropria. Um banco central tem que obedecer à vontade pública, tendo independência de instrumentos e não de objetivo”.
Se o objetivo de Dilma Rousseff é entregar a Petrobras ao capital financeiro internacional, ela que o diga, abandonando a mendacidade que vai corroendo a sua autoridade. Entendamos que uma taxa de juros exorbitante é apenas o instrumento de execução de uma política de expropriação da independência nacional. O que fazer então: voltemos ao que propunham os estruturalistas dos anos 50.
Inflação é resultado de disfunções estruturais. Vamos revolucionar o modelo agrário-exportador, para que passe a ser prioritária a alimentação do povo brasileiro. Vamos criar um sistema tributário justo, onde todos paguem e os mais ricos paguem proporcionalmente, como proprietários da quase totalidade da riqueza nacional. Vamos reformar a nossa Justiça, para que ela readquira dignidade. Vamos revolucionar os procedimentos políticos. Vamos conceber e parir uma Constituição de verdade.
Impossível? Não. Mas seria preciso que a presidente explique como e porque mentiu. Traga de volta ao povo a palavra de seu antigo ministro da Fazenda, para que os dois, ela e ele, possam ser absolvidos ou condenados. Dilma Rousseff está diante de um dilema muito maior do que seria aquele que envolvesse a substituição de um ministro. Ela precisa optar: ou junta-se aos que querem um Brasil justo e igual para todos os brasileiros, ou trai a todos os que a apoiaram. Poderá concluir o seu mandato sim como heroína. é o que esperamos.
Maria Fernanda Arruda é escritora, midiativista e colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras.