quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Mendes libera, e STF vai julgar na próxima semana financiamento de campanha

De Brasília

Um dia após a Câmara derrubar a votação do Senado e restituir o financiamento privado de campanhas eleitorais, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para julgamento a ação que questiona as doações empresariais. O caso ficou parado durante um ano e cinco meses no STF, depois de um pedido de vista de Mendes, em abril de 2014.
Por causa da repercussão do tema, a Presidência do STF incluiu a análise do assunto na pauta da próxima sessão do plenário, na quarta-feira, 16. O julgamento já tem seis votos favoráveis à proibição das doações e um pela legalidade do financiamento empresarial. No entanto, a expectativa é de que ministros que já votaram façam novas considerações - caso de Dias Toffoli, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que sinalizou que pode admitir o financiamento de empresas com estabelecimento de limites de doação. Toffoli já votou pela vedação do uso das verbas privadas nas campanhas eleitorais.
Mendes deve dar voto pela constitucionalidade das doações empresariais. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo em junho, ele sugeriu que há um risco de "institucionalizar o caixa 2" e criar "um sistema de laranjal" se adotado um modelo que admita apenas a doação privada por pessoas físicas, com estrição às empresas.
Mendes tem defendido que as atenções da sociedade se voltem para os gastos de campanha e não apenas à arrecadação. O ministro do STF defendeu nos últimos meses que cabia ao Congresso a definição sobre o financiamento de campanhas políticas. Nesta quarta-feira, 9, os deputados aprovaram texto do relator Rodrigo Maia (DEM-RJ) que desfez alterações que passaram no Sendo na noite anterior, 8, e restituiu a doação empresarial no texto que "regulamenta" a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre Reforma Política.
Para a minirreforma eleitoral entrar em vigor nas eleições municipais de 2016, a presidente Dilma Rousseff tem de sancionar a lei até o dia 3. A ação discutida no Supremo Tribunal foi proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 2011. Na semana passada, a OAB protocolou uma ação cautelar na Corte para proibir o financiamento empresarial já nas eleições de 2016.
Dos 11 ministros do STF, já votaram pela derrubada do financiamento de campanhas eleitorais feito por empresas os ministros Luiz Fux, Joaquim Barbosa - já aposentado -, Toffoli, Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio Mello e o presidente do Supremo Federal, Ricardo Lewandowski. O ministro Teori Zavascki votou pela constitucionalidade das doações empresariais. Ainda restam os votos dos ministros Mendes, Cármen Lúcia, Rosa Weber e Celso de Mello.

STF decide sobre doações de empresas em campanhas eleitorais - 8 vídeos

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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Jimmy Morales desponta como vencedor do primeiro turno na Guatemala


Com mais de 60% das mesas apuradas, o ator evangélico Jimmy Morales, candidato presidencial da Frente Convergência Nacional (FCN), desponta como ganhador das eleições realizadas neste domingo na Guatemala.
Com 64,68% das mesas contabilizadas, Morales, de 46 anos, soma mais vantagem em sua corrida para chegar à presidência e já alcança 26,64% do apoio eleitoral (849.712 votos).
Formado em administração de empresas, embora seja mais conhecido por seu trabalho como comediante em televisão, era a grande surpresa esperada das 14 candidaturas presidenciais.
No entanto, o resultado não lhe bastará para conseguir o comando da República, por não conseguir a metade mais um dos votos necessários, por isso que terá que disputar um segundo turno, fixado para o dia 23 de outubro.
A disputa agora se centra em quem será seu rival, o que ficar em segundo lugar, ocupado até o momento por Manuel Baldizón, do Liberdade Democrática Renovada (Lider), com 17,88%, embora seguido muito de perto pela ex-primeira dama Sandra Torres, do União Nacional da Esperança (UNE), que tem 16,88%.
Segundo confirmou à Agência Efe o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) acredita-se que a participação nas eleições será histórica e rondará os 78%.
EFE    

domingo, 6 de setembro de 2015

Refugiados, que estavam há sete dias no mar, passaram por atendimento médico na fragata Barroso, da Marinha brasileira

BBC
Coverta Barroso, que integra a frota brasileira, resgatou refugiados na sexta-feira (4)
Divulgação/Marinha do Brasil
Coverta Barroso, que integra a frota brasileira, resgatou refugiados na sexta-feira (4)
Os 220 imigrantes resgatados pela Marinha brasileira no Mar Mediterrâneo, na sexta-feira (4), vinham da Líbia, estavam havia sete dias no mar e não se alimentavam nem bebiam água havia dois dias, contou à BBC Brasil Alexandre Amendoeira Nunes, comandante da corveta Barroso, que efetuou o resgate.
A embarcação, que deixou o Rio de Janeiro em 8 de agosto, se dirigia ao Líbano para substituir a fragata brasileira que atua em missão de paz da ONU.
Imigrantes chegam à Áustria após saída da Hungria
AP
Imigrantes chegam à Áustria após saída da Hungria
Por volta das 18h50 (13h30 no horário de Brasília), foi acionada pela guarda costeira italiana para ajudar a buscar um navio com centenas de imigrantes que corria o risco de naufragar a cerca de 50 quilômetros dali.
Segundo o comandante, os imigrantes foram visualizados aproximadamente duas horas mais tarde. “Era um barco de pequeno porte, de madeira, semelhante a esses regionais que existem na Amazônia. Estava superlotado”, afirmou.
Ao todo, o navio brasileiro resgatou 220 pessoas – 94 mulheres, 89 homens e 37 crianças, entre elas quatro de colo. O traslado entre as embarcações levou cerca de uma hora.
Refugiados foram recebidos em território austríaco
AP
Refugiados foram recebidos em território austríaco
“Havia duas lanchas da guarda costeira nas proximidades. Como nosso navio era maior, levamos o maior número de pessoas”, relatou Nunes.
De acordo com o militar, as condições eram muito precárias. “Eles [os imigrantes] se encontravam muito debilitados, estavam havia sete dias no mar. Estavam muito desidratados, com assaduras, queimaduras de sol. Uma senhora estava com o braço quebrado”, contou.
Após serem embarcados, os imigrantes receberam primeiros socorros. “Usamos pomadas e hidratação oral. Nos casos mais graves, foi preciso usar hidratação intravenosa.”
Experiência inédita
Segundo Nunes, a Marinha está preparada e acostumada com casos de salvamento, mas essa experiência com imigrantes foi algo inédito.
Depois de se jogar na linha do trem, mãe imigrante carrega o filho e implora para permanecer na Hungria
AP Photo
Depois de se jogar na linha do trem, mãe imigrante carrega o filho e implora para permanecer na Hungria
“Tenho uma filha de nove anos. E são crianças que estavam ali. Mas você não pode se deixar abalar para poder fazer o salvamento da melhor forma possível. A tripulação reagiu bem”, contou.
Os imigrantes, disse, demonstraram preocupação ao ver um navio estrangeiro se aproximar, mas ficaram mais tranquilos ao saber que era brasileiro.
“Eles depois conseguiram dormir, descansar durante a noite. Muitos estavam havia dois dias sem água nem comida.”
De acordo com o militar, o navio da Marinha possuía suprimentos para atender essa demanda inesperada. “Temos sempre de sair preparados para esse tipo de ocorrência, para ficar 30 dias no mar”.
Riscos
O comandante falou com a BBC Brasil às 18h30 (13h30 no horário de Brasília) deste sábado, 30 minutos antes de a corveta reiniciar sua viagem ao Líbano – o navio deixou os imigrantes no porto de Catania, na Itália.

Ele disse que a tripulação considera a possibilidade de se deparar com situações semelhantes durante o trajeto e explicou os riscos de um resgate como esse.
“Nosso navio é grande. Ao se aproximar demais, pode fazer um movimento que pode quebrar [a embarcação meno] numa jogada do mar. Havia um petroleiro perto, mas que nada pode fazer por esse motivo”, disse.
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O transporte dos imigrantes entre o barco de madeira e o navio brasileiro foi feito por meio das lanchas da guarda italiana.
Segundo Nunes, se elas não estivessem lá, o trabalho de resgate demoraria muito mais: a Marinha teria de lançar ao mar as duas pequenas embarcações que possui para esse tipo de ação – um bote e uma lancha –, o que tornaria possível o transporte de apenas cerca de vinte pessoas por vez.

sábado, 5 de setembro de 2015





Neste momento em que tantos líderes europeus envergonham seus países, a Marinha brasileira nos dá razões para nos orgulharmos.
Nesta sexta-feira, cerca de 13h30 (18h30 na Itália), a corveta “Barroso”, da Marinha do Brasil, navegava no Mar Mediterrâneo, a 170 milhas da Sicília, Itália, com destino a Beirute, no Líbano, quando recebeu um comunicado do Centro de Busca e Salvamento Marítimo italiano, sobre a existência de um barco com risco de afundar com cerca de 400 migrantes, rumo à Europa.
O Centro de Busca italiano solicitou ao navio brasileiro que se aproximasse da embarcação, a cerca de 150 milhas de Peloponeso, na Grécia. Ele chegou ao local após uma hora de navegação.
Dois navios-patrulha italianos de pequeno porte se juntaram a eles e, impossibilitados de receberem os migrantes a bordo, a Guarda Costeira italiana solicitou o apoio da Marinha do Brasil para efetuar o resgate e seu transporte para o porto italiano de Catânia.
O comandante da Marinha do Brasil prontamente autorizou a prestação desse apoio, a fim de salvaguardar a vida daquelas pessoas e a transferência dos migrantes para a corveta brasileira acaba de ser completada, tendo sido recebidas 220 pessoas: 94 mulheres, 37 crianças e 4 bebês de colo, muitos deles extremamente debilitados. Já é noite no local, porém o mar está calmo, facilitando a operação em curso.
Com uma tripulação de 191 militares a bordo, a corveta “Barroso” saiu do Rio de Janeiro em 8 de agosto para substituir a Fragata “União” na Força-Tarefa Marítima da ONU no Líbano, a fim de atuar como Navio Capitânia do comandante da Força-Tarefa, cargo exercido por um almirante brasileiro desde 2011, e realizar tarefas de interdição marítima e capacitação da Marinha libanesa.
O navio permanece no Líbano até fevereiro de 2016.
Fonte: hildegardangel.com

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Lula pede a Dilma para blindar Levy, afrouxar o ajuste e se reaproximar de Temer
 

EstadãoEstadão
Estadão
Vera Rosa10 horas atrás

Em conversa reservada com a presidente Dilma Rousseff, na noite desta quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou preocupação com as especulações sobre a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e disse a ela que o governo não pode deixar dúvida sobre a permanência do auxiliar. Mesmo assim, Lula insistiu que é preciso afrouxar um pouco o ajuste fiscal, para permitir o crescimento.
O ex-presidente também pediu a Dilma que se reaproxime do vice, Michel Temer (PMDB), que ontem, em mais uma rodada de conversas com empresários, admitiu ser difícil um governante resistir mais três anos com popularidade baixa. A frase foi interpretada por petistas como uma tentativa do vice de se credenciar para o lugar de Dilma.
Lula afirmou a Dilma que ela precisa “agir rápido” tanto na economia como na política. Para ele, se o governo perder o apoio do PMDB de Temer e também do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), o desfecho da crise pode ser imprevisível.
Levy e Dilma: O ministro da Fazenda, Joaquim Levy e a presidente da República, Dilma Rousseff© Fornecido por Estadão O ministro da Fazenda, Joaquim Levy e a presidente da República, Dilma Rousseff
A reunião entre Dilma e Lula ocorreu no Palácio da Alvorada, poucas horas depois do encontro que ela teve com Levy e com os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil). O governo saiu a campo para a operação “segura Levy”, na tentativa de abafar a crise, depois que o titular da Fazenda escancarou o mal-estar por se considerar desprestigiado na equipe.
 Um auxiliar de Dilma disse ao Estado que o ministro da Fazenda só não deixou o cargo, ainda, porque tem “responsabilidade com o País” e por temer o rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de classificação de risco, com perda do grau de investimento.
Levy ficou muito contrariado com o vaivém das decisões dos últimos dias no governo, passando a imagem de incerteza na condução da economia, com repercussão negativa no mercado. Brigou pelo superávit de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2016, mas acabou derrotado.
Além disso, ele não escondeu o descontentamento com as sucessivas críticas ao ajuste fiscal, até mesmo por parte do PMDB de Temer, que lhe dá sustentação. O ministro chegou a reclamar com o próprio Temer.
Os ataques do PT também incomodam Levy. Neste sábado, a Frente Brasil Popular – composta por PT, PC do B, PSB e PDT, além de representantes de movimentos sociais e centrais sindicais – lançará um manifesto, em Belo Horizonte, pregando a mudança radical da política econômica. Faixas de “Fora Levy” são esperadas no encontro.
Lula e o PT sempre foram mais próximos de Nelson Barbosa do que de Levy. O ex-presidente avalia, no entanto, que o PT deve “segurar a onda” nesse momento e não pregar a saída do comandante da economia. No seu diagnóstico, o governo precisa fazer, sim, algumas concessões, e não cortar investimentos. Na lista das concessões defendidas por Lula está o aumento da oferta de crédito por bancos públicos. O ex-presidente alega que nenhum país consegue se recuperar com recessão.
Para Lula, a decisão do governo de expor o déficit de R$ 30,5 bilhões, ao enviar para o Congresso a proposta de Orçamento de 2016, foi mais política do que técnica. Levy foi contra e achava que era preciso cortar mais R$ 15 bilhões, para evitar escancarar o rombo. Na avaliação do ex-presidente, porém, se o governo “trabalhar direito” e conseguir se recompor com o PMDB, há espaço para negociar com o Congresso soluções para sair da crise política e econômica.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015


Doação de empresas a campanhas gera debate e reforma política fica para esta quarta


Agência Senado

Foi adiada para esta quarta-feira (2), às 14h, a votação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 75/2015, que trata da reforma política. O relator da matéria, senador Romero Jucá (PMDB-RR), chegou a sugerir que fosse votado o texto base do projeto, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros, preferiu adiar a votação.
O PLC 75/2015 modifica três leis. Uma delas é o Código Eleitoral (Lei 4.737/1965). O objetivo, nesse caso, é fortalecer os partidos, cortar os custos das campanhas e disciplinar as doações e o repasse do dinheiro do Fundo Partidário.
O texto também permite que empresas e pessoas físicas façam doações às campanhas eleitorais. As pessoas jurídicas, porém, estão autorizadas a repassar recursos apenas aos partidos políticos. O valor doado é limitado a 2% da receita do ano anterior à transferência do dinheiro até o máximo de R$ 10 milhões. Cada agremiação pode receber 0,5% do total.
Ao debaterem a proposta por mais de três horas no Plenário, um grupo de senadores fez duras críticas ao fato de o PLC 75/2015 não acabar com o financiamento privado das campanhas.

O relator da matéria, senador Romero Jucá (PMDB-RR), chegou a sugerir que fosse votado o texto base do projeto
O relator da matéria, senador Romero Jucá (PMDB-RR), chegou a sugerir que fosse votado o texto base do projeto
O projeto de reforma política originado na Câmara dos Deputados foi alterado por uma comissão especial formada por senadores. Relator da Comissão da Reforma Política, Romero Jucá afirmou que os objetivos da proposta são os de fortalecer os partidos, reduzir os custos das campanhas e disciplinar as doações e a distribuição do dinheiro do fundo partidário.
Jucá explicou também que para valer nas eleições municipais do ano que vem, o projeto deve seguir para sanção presidencial ainda este mês.
- O que vamos votar é uma reforma infraconstitucional. Vários dispositivos desse projeto de lei já foram votados neste Plenário. Estamos só replicando no PLC 75, porque ele vai retornar à Câmara e será votado direto no Plenário daquela Casa. É importante dizer que após a Câmara votar esse projeto, a presidente Dilma Rousseff terá 15 dias para sancionar ou não. Portanto, o prazo está bastante curto - alertou Jucá.
Em alternativa ao projeto foram apresentados diversos destaques, como recomendações de mudanças. O senador Jorge Viana (PT-AC), que é o presidente da Comissão da Reforma Política, disse que o trabalho de consolidar uma série de projetos foi uma satisfação à sociedade. No entanto, de acordo com ele, sem o fim das coligações nas eleições proporcionais e sem impedir as doações das empresas para as campanhas eleitorais, a reforma política estará “capenga”.
- As empresas estão privatizando os mandatos. É preciso tirar as empresas do processo eleitoral. A Constituição estabelece que apenas participam das eleições o eleitor, o candidato e o partido político - disse Jorge Viana.
O senador apresentou uma emenda que veda ao partido e ao candidato receber direta ou indiretamente doação de pessoa jurídica. A proibição não se aplica aos recursos do fundo partidário e ao acesso gratuito ao rádio e à televisão.
O líder do PT, Humberto Costa (PE), também defendeu o fim do repasse de dinheiro de empresas às campanhas. Além disso, acredita que após o escândalo da Lava Jato, as pessoas jurídicas vão frear o ritmo de doações.
- Eu quero fazer uma profecia. Quais serão as empresas que vão doar para as campanhas do próximo ano? Só aquelas que tiverem relações com prefeituras, porque vão se sentir coagidas - afirmou.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) ressaltou que o principal problema do sistema político brasileiro é o financiamento de campanhas com dinheiro das empresas. Randolfe disse que todos os escândalos de corrupção desde 1988 tiveram sua matriz no atual modelo.
- Quaisquer outras mudanças são acessórias se for mantido o que foi aprovado na Câmara, sob a batuta de Eduardo Cunha, que [quer] é constitucionalizar o financiamento privado – disse Randolfe.
A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) lamentou que o Congresso Nacional não tenha dialogado com os cidadãos ao elaborar a proposta de reforma política.
- É reconhecido por todos que esse modelo de financiamento existente tem alimentado a influência do poder econômico, que, por sua vez, tem trazido distorções, como os casos de corrupção que pautam o sistema político-eleitoral do nosso País, mas que não são de hoje, afirmou a senadora.
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) fez coro às críticas ao projeto de reforma política, mas para ele tão importante quanto o fim das doações de pessoas jurídicas são cláusulas para impedir a multiplicação de partidos e as coligações nas eleições proporcionais.
- Há partidos que a gente conhece de algumas figuras carimbadas na vida pública brasileira, mas nada além disso. Só para chegar à época da eleição e vender o seu tempo de televisão. O sujeito tem um minuto e aquele minuto vale uma fortuna. Todo mundo sabe dessa sem-vergonhice! Todo mundo sabe, mas ninguém tem coragem de enfrentar - afirmou Jader.
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) reconheceu que o tema é polêmico. Ele negou que o Congresso tenha se omitido nos últimos anos sobre a reforma política e disse que o financiamento não pode ser o tema principal da reforma. O senador ainda manifestou preocupação com o controle sobre depósitos pessoais de “militantes de sindicatos ou de MST”, que para ele abririam brecha para a contribuição de empresas.
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que embora seja contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais, prefere que pessoas físicas, inclusive empresários, possam fazer doações a candidatos. Por isso, ela entende que o projeto de reforma política precisa ser ampliado.
– Empresa privada não vota, não participa do processo político. Quem participa são cidadãos e somente eles devem ter esse direito. Nós não defendemos financiamento público, mas permitimos que pessoas físicas possam financiar campanhas, como os donos de empresa dentro de um determinado limite.
Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) disse que gostaria de votar uma reforma política que refletisse os interesses da sociedade e o sentimento de mudança. O senador observou que o modelo atual não impõe limites a doações inconsequentes e impensáveis. O senador Roberto Rocha (PSB-MA), por sua vez, cobrou regras mais claras para a troca de partidos e que isso seja feito em lei.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) citou pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, segundo a qual 74% dos brasileiros são contra o financiamento empresarial nas campanhas. O senador Donizeti Nogueira (PT-TO) avalia que a manutenção do financiamento privado é um retrocesso. Para ele, o ideal seria que todas as doações fossem a um fundo, aos moldes do fundo partidário. Caberia ao Tribunal Superior Eleitoral fazer a distribuição desse dinheiro.
O senador Walter Pinheiro (PT-BA) disse que os temas que merecem mais atenção na reforma política são as coligações partidárias, a organização dos partidos e o financiamento de campanhas eleitorais. O senador opinou que já chegou a hora de acabar com o financiamento de campanhas por empresas e passar a adotar apenas a doação por pessoas físicas.
- Não dá mais pra ficar dando uma de Satanás pregando quaresma. A crise [política] foi instalada a partir desse modelo de financiamento – disse Pinheiro.
O senador Telmário Mota (PDT-RR) criticou as regras de restrição às propagandas eleitorais, que, em sua opinião, estimulam a desigualdade financeira entre campanhas eleitorais. Cristovam Buarque disse que a proposta tem aspectos positivos, como a proibição de contratação de cabos eleitorais, mas para ele há retrocessos. Ele citou o fato de o projeto limitar o uso de alto-falantes, por exemplo, que são um meio de os candidatos mais pobres fazerem campanha.
O senador Reguffe (PSB-DF) cobrou mais transparência nas doações. Disse que o eleitor deveria saber de onde vem o dinheiro de cada candidato.
- As doações ocultas são, na minha opinião, um retrocesso, porque a pessoa vai doar para um partido, o partido vai repassar para um candidato, e o eleitor, na hora em que votar nesse candidato, não terá conhecimento da origem desse dinheiro - argumentou Reguffe.

Tags: campanha, doações, juca, reforma, senado

terça-feira, 1 de setembro de 2015


Governo apresenta déficit como proposta de orçamento para 2016

Previsão de rombo é de R$ 30 bilhões.
Ainda não foi dito como esse buraco deve ser tapado.

Fabiano Andrade Brasília

Pela primeira vez, o governo apresentou um déficit como proposta de orçamento para o próximo ano. O tamanho do buraco passa de R$ 30 bilhões, mas ainda não foi dito como ele deve ser tapado.
No Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com deputados e senadores aliados e pediu que o Congresso ajude a encontrar soluções para diminuir o déficit previsto.

“A peça orçamentária está sendo construída com tamanho diálogo que ajudará nós na Câmara e no Senado, principalmente na Câmara, a não votarmos projetos ou outras matérias que criem despesas para o governo", declarou o deputado José Guimarães (PT/CE), líder do governo na Câmara.

O anúncio de que o governo não vai ter dinheiro para pagar todas as contas foi feito pelos ministros da Fazenda e do Planejamento. Eles disseram que uma das preocupações é conter o aumento dos gastos obrigatórios, como a Previdência Social e os salários dos servidores.
“Porque fica claro pelos números que hoje o principal desafio fiscal para o Brasil, o principal desafio fiscal para a sociedade brasileira é controlar o crescimento dos gastos obrigatórios da União”, disse Nelson Barbosa, ministro do Planejamento.
Os ministros foram questionados se o governo não estaria ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, com a previsão de um rombo de R$ 30 bilhões.
“A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que tem que mandar orçamento com meta, não necessariamente positiva ou negativa. Então, é consistente ter déficit como meta”, explica o ministro Nelson Barbosa.
No Congresso, o presidente do Senado, Renan Calheiros, defendeu o corte de gastos e não a criação de mais impostos. “Primeiro, é preciso cortar despesas e melhorar a eficiência do gasto público. O Congresso está disposto a colaborar nesta direção”. 
A oposição, que já ameaçou devolver as contas para o governo, criticou a proposta de orçamento. “O governo confessa a incompetência de gerenciamento que houve e agora quer transferir ao Congresso a solução para um problema que é seu”, disse o senador Álvaro Dias (PSDB/PR), líder da oposição no Senado.
“Nós temos que sair dessa espécie de ilha de fantasia que estamos vivendo há mais de 20 anos, que é de ter no orçamento uma peça de ficção. Acho que hoje, com a entrega desse orçamento, que é um choque de realidade, temos a oportunidade de reconhecer a gravidade da situação que o país vive, conforme cobrava até a oposição, e diante dessa realidade, ver o que podemos fazer”, declarou o senador Jorge Viana (PT/AC), vice-presidente do Senado.