O
entregador de valores Carlos Alexandre de Souza Rocha, mais um delator
da Operação Lava Jato, afirmou em depoimento aos investigadores que fez
uma entrega de R$ 300 mil em Maceió que era destinada ao senador
Fernando Collor (PTB-AL).
O relato de Rocha, que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef,
corrobora a delação premiada de Rafael Ângulo, também funcionário de
Youssef que detalhou entregas para Collor.
Rocha contou que, a pedido do doleiro, transportou R$ 300 mil em trinta
pacotes de notas de R$ 100 por avião, indo de Navegantes (SC) para
Campinas (SP) e de Campinas para Maceió.
Lá, encontrou em um hotel justamente Rafael Ângulo, que faria a entrega
do dinheiro. Segundo Rocha, além dele havia mais duas pessoas que foram
lá transportar valores, o que levou à conclusão de que o total da
entrega era R$ 900 mil, valor que teria sido confirmado por Rafael
Ângulo.
Rocha afirmou, porém, que só ficou sabendo posteriormente que se tratava de Collor o destinatário.
"Quando chegou de volta ao escritório de Alberto Youssef situado na rua
Renato Paes de Barros, no Itaim Bibi, em São Paulo, ele comentou com o
declarante que tinha recebido uma reclamação porque Rafael Ângulo Lopez
tinha chamado Fernando Collor de Mello de velho e gordo; que então o
declarante disse a Alberto Youssef: "Ah, então o dinheiro de Maceió foi
para Collor!"; que Alberto Youssef confirmou: Foi", diz o depoimento.
O delator também disse que entregou três vezes dinheiro na empresa
Companhia Águas de Itapema, do ex-ministro de Collor Pedro Paulo Leoni
Ramos, em valores de cerca de R$ 380 mil cada.
Sobre Leoni Ramos, afirmou ainda que o viu em visita à casa de Youssef
em São Paulo depois que o doleiro saiu do hospital em razão de uma
cirurgia.
Collor e Leoni Ramos já foram denunciados pela Procuradoria Geral da
República ao Supremo Tribunal Federal sob acusação de envolvimento com o
esquema de corrupção.
Em sua defesa, Collor tem negado o recebimento de propina da Petrobras.
Em nota divulgada anteriormente, ele também já criticou os depoimentos
de delação premiada de Youssef e sustentou que não o conhece nem manteve
qualquer tipo de relação com o doleiro. Já Leoni Ramos, em nota
divulgada anteriormente, "nega e repudia categoricamente que tenha
recebido ou intermediado valores ou contratos".
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