por Vitor Nuzzi, da RBA
publicado
23/03/2016 20:37,
última modificação
23/03/2016 20:46
Paulo Pinto/Agência PT/Fotos Públicas

Sindicalistas consideram que presença de Lula no governo levará a retomada de programa que venceu eleições
São Paulo – Não foi um ato de centrais, mas de
sindicatos e sindicalistas, como enfatizou o presidente da CUT, Vagner
Freitas, sobre o evento de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e contra o impeachment de Dilma Rousseff, na tarde de hoje (23),
em São Paulo. Estavam lá representantes de sete centrais, com o
diagnóstico comum de que o movimento para derrubar o governo embute a
intenção de acabar ou "flexibilizar" direitos sociais e trabalhistas. "O
golpe é contra os trabalhadores", afirmou Freitas, ao lado do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Pela CUT, além dele, estavam a vice, Carmen Foro, e o
secretário-geral, Sérgio Nobre, entre outros, além de presidentes de
alguns dos maiores sindicatos vinculados à central, como Juvandia
Moreira (Bancários de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel
(Apeoesp, dos professores da rede estadual paulista), e Rafael Marques
(Metalúrgicos do ABC). Da Força Sindical, participaram o
secretário-geral, João Carlos Gonçalves, o Juruna, e Mônica Veloso, da
operativa nacional. O presidente da central, deputado Paulo Pereira da
Silva, o Paulinho (SD-SP), defende o impeachment.
Juruna disse falar não em nome da central, "mas de vários
sindicalistas que entendem que este momento é de garantir a democracia, a
Constituição, de Lula assumir o Ministério da Casa Civil, para ele
assumir as causas populares", criticando a tentativa de reforma da
Previdência e lembrando do Compromisso pelo Desenvolvimento, firmado no
final de 2015 entre sindicalistas e empresários. "Às vezes tomar um
tranco é muito bom, porque leva à unidade de ação. Mudanças exigem
compromisso de classe, união e, cada vez mais, povo na rua", afirmou o
dirigente. Também participaram do ato, pela Força, o
primeiro-secretário, Sérgio Luiz Leite, o Serginho, e o presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, Jorge Nazareno, o Jorginho.
O presidente da UGT, Ricardo Patah, esteve no evento na Casa de
Portugal, no bairro da Liberdade, região central de São Paulo, mas quem
falou pela central foi o secretário-geral, Francisco Canindé Pegado, que
exaltou o ex-presidente. "Se existe um homem capaz de unificar e fazer
este país retomar o rumo do crescimento é você, Lula, nosso companheiro,
nosso amigo, nosso presidente. Este país precisa de um homem de coragem
para fazer a reunificação. Não fuja da raia. Estamos com você", disse
Pegado.
O secretário-geral da CSB, Álvaro Egea, identificou um "processo de
destruição das conquistas democráticas e do Estado de direito". Ele
criticou o juiz federal Sérgio Moro, procuradores paulistas que pediram a
prisão de Lula e parte da mídia: "O que estão fazendo é destruir a
nossa democracia. Os trabalhadores são os mais interessados na
legalidade democrática". O presidente da central, Antônio Neto, que
comanda o núcleo sindical do PMDB, não participou do ato.
Presidente estadual da Nova Central em São Paulo, Luiz Gonçalves, o
Luizinho, disse que não há posicionamento unitário da entidade em
relação ao momento político. "Mas temos consciência de que este (Lula)
foi o melhor governo de todos os tempos. Esse golpe não vai acontecer",
acrescentou.
O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, deixou
claro que a central não apoia o governo Dilma e defender mudanças na
política econômica e o fim do ajuste fiscal. Mas se posicionou contra o
impeachment e as investidas contra Lula, vendo uma tentativa de
"estabelecer um governo neoliberal para atacar direitos trabalhistas,
aprovar a terceirização irrestrita e estabelecer a independência do
Banco Central". "Não adianta achar que vai derrubar esse governo e os
trabalhadores vão se calar."
Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, "a direita aposta todas as
fichas na instabilidade política" para retomar o poder, sem aceitar "a
quarta vitória do povo brasileiro", referindo-se às eleições de Lula e
Dilma. E citou propósitos, no movimento antigoverno, de mudar o regime
do pré-sal, para atender a interesses externos. "Não vamos nos
intimidar", garantiu.
Freitas, da CUT, lembrou das dificuldades que a agenda dos
trabalhadores já enfrenta no Congresso: "Os mesmos que querem fazer o
golpe são os que querem acabar com a carteira assinada, férias, 13º,
CLT, ampliar a terceirização".
O presidente da Confederação Sindical Internacional, João Felício,
destacou a repercussão, em todo o mundo, das ações contra Dilma e Lula,
como ameaças à estabilidade e à democracia no Brasil. Em vídeo exibido
logo no início da manifestação, o ator e ativista norte-americano Danny
Glover manifesta seu apoio ao ex-presidente, "agora que você está sob
ataque da direita brasileira".
Outro presente na platéia era Raphael Martinelli. Com quase 92 anos, o
ex-ferroviário foi um dos líderes do Comando Geral dos Trabalhadores
(CGT), formado durante o governo João Goulart e dissolvido após o golpe
de 1964.