segunda-feira, 27 de junho de 2016


Em busca de votos pelo impeachment, Temer vai a Goiás



BRASÍLIA — Em busca de votos a favor do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, o presidente interino Michel Temer intensifica o corpo a corpo com senadores e ontem deixou sua casa em São Paulo para comparecer ao aniversário do senador Wilder Morais (PP-GO), em Goiás.
Nas conversas com aliados, no trajeto entre a base aérea de Goiás e a fazenda de Morais, Temer fez uma avaliação sobre os votos para a aprovação do impeachment e orientou os líderes a mapearem dificuldades de indecisos e encaminhá-las para ele resolver.
Na festa, para cerca de quatro mil pessoas, Temer conversou com vários senadores ao som de músicas de Wesley Safadão e Aviões do Forró. Os senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE), Ciro Nogueira (PP-PI), Sérgio Petecão (PSD-AC), José Medeiros (PSD-MT), Hélio José (PMDB-DF) e José Perrela (PR-MG) estavam presentes. Para a plateia, fez um rápido discurso. Homenageou o aniversariante e cumprimentou nominalmente todos os políticos importantes que estavam ali, inclusive o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
— Nessa nossa interinidade, o que estamos tentando fazer é unir o país. Os brasileiros têm que estar unidos para tirar o país da crise — discursou Temer. — Os brasileiros têm de ter essa alegria que estão expressando aqui.
Em referência ao aniversariante, o presidente interino lembrou a trajetória do senador que “nasceu na roça” e chegou ao Parlamento, e aproveitou para falar da sua origem.
— Eu sou filho de imigrantes (…) e cheguei aonde cheguei.
A visita ao aniversário do senador foi rápida. Em apenas 40 minutos, Temer já retornava ao avião que o levaria para Brasília. No trajeto de helicóptero para a fazenda de Morais, em Nerópolis, conversou com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira. Ouviu do parlamentar que, dos 27 governadores, 23 estão aplaudindo a iniciativa de negociar a dívida com os estados. Temer teria dito que foi uma coisa simples de fazer.
— Como Dilma não fez isso antes? Não recebia o povo, podia ter tentado encaminhar as coisas simples — disse Temer, segundo Eunício.
Ontem à noite, em entrevista ao jornalista Jorge Bastos Moreno, no programa “Preto no branco”, do Canal Brasil, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu que houve concessões ao PP para que o partido apoiasse o impeachment de Dilma na Câmara. Em troca, a legenda ganhou um espaço maior no governo Temer. Coube ao PP, por exemplo, o Ministério da Saúde, uma das pastas de maior orçamento da Esplanada.
— A negociação foi feita considerando o momento. Se nós formos rememorar, havia um PP, o PR e o PTB, tinha um bloquinho que estava fechado com a presidenta que hoje está afastada. Houve uma negociação, virou a noite. E o presidente do PP (senador Ciro Nogueira) e o deputado Dudu da Fonte (PP-PE) numa noite viraram o bloco inteiro — contou Padilha. — Daí porque houve essa participação tão expressiva do PP (no governo).
Padilha negou pressão sobre os senadores, que confirmarão ou não o afastamento de Dilma. Segundo ele, o que tem ocorrido são conversas. Para Dilma ser afastada de vez, é preciso o voto de dois terços do Senado, ou seja, de pelo menos 54 dos 81 senadores.
e eu posso dizer é o que o presidente Temer é um político de excelência, e ele tem conversado muito — disse o ministro.
Após ter dado a entender que defendia o fim da Lava-Jato, Padilha afirmou que a operação prestou um grande serviço ao Brasil. Ele disse que esse e outros escândalos atrapalham a imagem dos políticos, mas negou que haja dificuldades no governo Temer por isso:
— O governo tem mais que dois terços na Câmara, mais que dois terços no Senado, votou tudo o que queria até agora; aprovou com larga folga. Portanto, não há crise política no governo, mas eu vejo um desgaste na imagem dos partidos e dos políticos.


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