Inflação é uma das poucas nuvens no céu de Dilma Rousseff
23/5/2014 9:46
Por Redação, com Reuters - de Brasília
Por Redação, com Reuters - de Brasília
O plano de voo de Dilma Rousseff para buscar a reeleição ganhou contornos mais claros depois que dificuldades políticas e econômicas reduziram seu favoritismo durante um breve período, nos meses anteriores. A futura candidata ajusta, agora, o foco para minimizar os efeitos da inflação nas suas chances de vitória, que continuam grandes. Busca, também, garantir um tempo de TV na propaganda eleitoral que a permita mostrar, ao longo da campanha, as vitórias obtidas em várias frentes de governo.
Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tendem, doravante, fazer agendas políticas conjuntas, com o pré-candidato tucano Aécio Neves (MG) como principal adversário. As viagens em direção aos grandes eleitorados, nas capitais, ainda não estão completamente definidas.
– O campo de batalha não é o BNDES, não é o superávit (primário)… Saímos dessa disputa onde temos deficiências. Fomos para onde temos força: no emprego, no crescimento da renda e nos avanços sociais. Fomos falar com os nossos eleitores – disse à agência inglesa de notícias Reuters um ministro, que pediu para não ser identificado.
No entorno da petista, porém, a inflação – que desde o início do governo ficou no incômodo patamar de 6 por cento ao ano, perto do teto da meta oficial – é motivo de preocupação para as chances eleitorais de Dilma, com pesquisas internas tendo mostrado o efeito negativo da alta de preços sobre o eleitorado que apoia o governo. Nessa frente, o Banco Central elevou o juro em 3,75 pontos percentuais desde abril do ano passado, para 11% ao ano, e o governo tem se esforçado para controlar os preços que administra. No caso dos preços de alimentos, o governo trabalha com um cenário de arrefecimento.
‘E muito mais’
Agora, com o cenário político-eleitoral um pouco mais claro e com os incêndios um pouco mais controlados, há duas tarefas imediatas para Dilma e o núcleo de sua campanha: garantir uma super aliança que lhe dê um tempo “avassalador na propaganda eleitoral”, disse o ministro, e ter palanques fortes em todos os Estados.
– Garantir isso é fundamental, porque enquanto os outros terão poucos minutos para se apresentar, nós teremos um enorme tempo para mostrar o que já está sendo feito, o que podemos fazer e muito mais – argumentou o ministro.
Mas conseguir esses minutos e os palanques não são tarefas fáceis. Dilma cultivou rancores entre os aliados nos últimos três anos, irritou partidos inteiros de sua ampla coalizão e corre o risco de sofrer traições durante a corrida eleitoral. O caso mais emblemático é o PMDB.
No Planalto, é dado como certo que o partido manterá a aliança nacional com o PT, mas no seio peemedebista ainda há dúvidas. Em reunião, na semana passada, a cúpula da legenda deixou evidente uma divisão no partido que pode ter um desfecho ruim para Dilma na convenção marcada para 10 de junho. No governo, a maior preocupação é com a renovação da aliança com PR e PP.
O presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), se reuniu com Dilma nesta semana e disse que não sabe qual rumo o partido tomará na convenção de junho.
– Há uma divisão muito forte no partido – disse a jornalistas após o encontro. No caso do PP, alguns expoentes do partido entendem que a sigla deveria se aproximar de Aécio.
Em campanha
As estrelas do horário eleitoral gratuito da presidente serão os programas Minha Casa, Minha Vida, Pronatec e Mais Médicos.
– São marcas dela – sustentou o ministro.
Dilma já anunciou inclusive que lançará novas fases do Pronatec e do Minha Casa, Minha Vida. A extensão do programa habitacional deverá ser divulgada ainda em junho. Isso tudo recheado com o debate político sobre os projetos do governo petista e dos adversários, em especial os tucanos, que já governaram o país. Há, porém, quem veja riscos nas escolhas do PT para a campanha na TV e no rádio.
Para um aliado ouvido pela Reuters sob condição de anonimato, o governo pode ser cobrado, por exemplo, por mais vagas e resultados em relação ao Pronatec, uma vez que o dinheiro para o programa de ensino técnico é arrecadado compulsoriamente das empresas pelo Sistema S, que inclui instituições como Senai, Sesc e Sesi, entre outras.
– No Mais Médicos também há problemas, são médicos cubanos. Talvez seja alvo de crítica. Será uma eleição muito difícil – concluiu o aliado.
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