quarta-feira, 11 de maio de 2016

Delcídio do Amaral tem mandato cassado no Senado

Nenhum senador votou contra. Delcídio foi cassado por tentar obstruir investigação da Lava Jato.


O ex-petista e ex-líder do governo Delcídio do Amaral não é mais senador. Ele foi cassado por quebra de decoro -- por tentar obstruir a investigação da Lava-Jato. Chamou atenção o placar da votação e a rapidez do processo. Nenhum senador votou contra e 74 senadores votaram pela cassação do mandato de Delcídio do Amaral.
O destino político de Delcídio foi selado no Senado depois que ele fechou acordo de delação premiada e citou vários colegas do Senado em depoimentos ao Ministério Público.
A sessão marcada para analisar o pedido de cassação do mandato de Delcídio foi rápida e fatal. Não houve nem discussão. Os relatores listaram as acusações, nenhum parlamentar defendeu Delcídio do Amaral. Como ele não estava presente, foi preciso chamar um defensor dativo, um servidor do Senado escolhido na hora para ler os argumentos da defesa.
Depois de pouco mais de uma hora, o mandato do senador Delcídio do Amaral foi cassado por quebra de decoro parlamentar com um placar de 74 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção. Com a decisão, Delcídio perde os direitos políticos e fica inelegível por 11 anos, ou seja, até 2027.
Delcídio do Amaral foi eleito senador pela primeira vez em 2002 pelo PT. Ganhou projeção nacional ao ser presidente da CPI dos Correios, em 2005. Em 2014, se tornou líder do governo Dilma Rousseff.
Ainda era líder quando foi preso pela Polícia Federal, por ordem do Supremo Tribunal Federal, diante de uma gravação do filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, preso na Lava-Jato. Delcídio aparece planejando atrapalhar as investigações.
Naquele mesmo dia, 25 de novembro de 2015, o plenário do Senado ainda votou e manteve a prisão. Assim, Delcídio se tornou o primeiro senador preso no exercício do mandato desde a redemocratização do país, nos anos 80.
Dias depois, o caso de Delcídio foi levado ao Conselho de Ética. PSOL e Rede pediam a cassação do mandato dele por quebra de decoro parlamentar. Mas veio o ano novo e em janeiro o processo estava praticamente parado. Até que surgiu uma bomba: a delação premiada do próprio Delcídio.
Ao prestar depoimento aos investigadores da Lava Jato e falar do envolvimento de políticos no escândalo, entre eles senadores, Delcídio selou seu destino. O processo no Conselho de Ética passou a andar rapidamente.
Na última segunda-feira (9), o senador Delcídio apareceu pela primeira vez para se defender e convenceu a maioria dos senadores da Comissão de Constituição e Justiça de que precisava de mais prazo para apresentar sua defesa. Mas o presidente do Senado, Renan Calheiros, não concordou com o adiamento e o relatório acabou sendo votado ainda na noite de segunda. Com isso, ficou aberto o caminho para a votação no plenário na terça-feira (10).
A imagem mostrada na reportagem é a última de Delcídio, ainda senador, nas dependências do Senado. Quando ele entrou no elevador após sair da Comissão de Constituição e Justiça na segunda-feira (9), já poderia imaginar o que viria a seguir. Por isso, não apareceu mais no Senado nesta terça-feira (10). Assim, cinco meses depois de aberto o processo, o mandato de Delcídio do Amaral foi cassado.
Depois da sessão, os senadores disseram que, diante dos fatos, não havia outra coisa a fazer.
“Ficou comprovado inequivocamente que o senador Delcidio do Amaral abusou das prerrogativas do mandato parlamentar das atribuições de senador da República, quando utilizou este mandato para favorecer um criminoso e oferecer fuga a alguém investigado e réu na Operação Lava Jato”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Os advogados de Delcídio do Amaral divulgaram uma nota em que criticam o processo que cassou o mandato do senador. Eles vão apresentar um recurso contra a decisão no Supremo Tribunal Federal e dizem que vão entrar com uma representação também contra o presidente do Senado, Renan Calheiros, na Procuradoria-Geral da República.
G1GLOBO
Postado por: Ygor I. Mendes

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