Disputa entre Marina e Aécio revive duelo de Brizola contra Lula em 89
Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
- FolhapressDo lado esquerdo, Brizola anuncia apoio a Lula após ser derrotado no 1º turno; no lado direito, Marina e Aécio se cumprimentam
Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada ontem (2), Dilma tem 40% das intenções de voto, contra 24% de Marina e 21% de Aécio, o que configura empate técnico entre a ex-senadora e o tucano, já que a margem de erro é de dois pontos percentuais.
Há um mês, Marina tinha 34% das intenções e estava empatada tecnicamente com Dilma no primeiro lugar. Já Aécio tinha apenas 14%.
A disputa entre Brizola e Lula foi considerada a mais acirrada entre todas as eleições livres que já haviam ocorrido no país.
A poucos dias do pleito, a presença do pedetista no segundo turno era dada como certa pela maioria dos institutos de pesquisa. Collor estava isolado no primeiro lugar.
Com apoio de artistas, intelectuais e da militância petista, Lula cresceu conforme a votação foi se aproximando até terminar o primeiro turno com cerca de 500 mil votos a mais do que Brizola. O placar foi 16,08% para o petista contra 15,45% do pedetista --Collor obteve 28,5% dos votos.
Naquele ano, a apuração arrastou-se por três dias --não havia urna eletrônica. Lula e Brizola revezavam-se no segundo lugar a cada parcial.
Neste ano, a definição de quem vai para o segundo turno deverá ocorrer já na noite do domingo (5).
Intenção de voto
Presidência da República
03 Set 2014
10 Set 2014
19 Set 2014
26 Set 2014
30 Set 2014
02 Out 2014
0%5%10%15%20%25%30%35%40%45%
40%
24%
21%
Contextos diferentes
Lula e Brizola eram os líderes das duas principais referências da esquerda naquele período --PT e PDT, respectivamente. Marina tem origem na esquerda, mas hoje é crítica do que ela chama de lógica da polarização.Aécio pertence a uma sigla que, originalmente, possuía posicionamentos de centro-esquerda, mas progressivamente foi alinhando-se ao centro e à centro-direita.
Com discurso moralista, Collor se postulava como a alternativa à polarização entre o esquerdismo trabalhista do PDT e o governismo do PMDB, que estava na Presidência com o mal avaliado José Sarney e tinha como candidato era Ulysses Guimarães.
O PT, com militância robusta, força entre os sindicatos, mas ainda pouco expressivo eleitoralmente, era a alternativa à esquerda.
No cenário atual, Dilma representa a continuidade do projeto lulista, que dirige o país desde 2003.
Aécio é o candidato da chamada oposição tradicional. Marina se apresenta como terceira via e tenta vocalizar o desejo de mudança do eleitorado.
Em 1989, o PDT era forte no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, mas não tinha grande expressão em outras regiões do país. Já o PT, embora fraco institucionalmente, possuía diretórios e sindicatos em todas as unidades da federação.
Hoje, PT e PSDB possuem uma estrutura forte e candidatos a governador na maioria dos Estados. A despeito do crescimento eleitoral nos últimos anos e da força no Nordeste, sobretudo em Pernambuco, o PSB ainda tem pouca expressão nacional se comparado aos petistas e tucanos.
Em muitos Estados, os socialistas ficam a reboque de PT e PSDB.
Fim ou continuidade da polarização?
Nas eleições de 89, a disputa pela presidência era pulverizada, com quadros históricos dos principais partidos concorrendo ao mais alto posto do país. Havia menos coligações e elas eram formada por quantidade menor de partidos, se comparada às eleições seguintes.Quatro candidatos alcançaram votação superior a 10% dos votos. Além de Collor, Lula e Brizolla, Mário Covas (PSDB) conquistou 10,8% do eleitorado. Havia ainda Paulo Maluf (do antigo PDS), que recebeu 8,3% dos votos; Afif Domingos (PL), 4,5%; e Ulysses Guimarães, 4,4%.
As eleições seguintes (94, 98, 2002, 2006 e 2010) foram marcadas pela polarização entre PT e PSDB e um terceiro candidato correndo por fora. A quebra da dualidade foi ameçada apenas em 2002, quando Anthony Garotinho (PDT) obteve 18% dos votos no primeiro turno, contra 23% de Serra.
Até alguns dias atrás, tudo indicava que Marina quebraria a polarização e iria para o segundo turno com Dilma, deixando o PSDB de fora pela primeira vez desde 1994. Alvo de ataques de tucanos, que a acusam de falta de preparo, e de petistas, que criticam-na por supostamente mudar de opinião conforme conviências, Marina entrou em trajetória descendente, da qual não consegue sair, há um mês.
Resta saber se, nos próximos dias, a ex-senadora continuará a cair e Aécio irá manter a tendência de alta.
Rejeição
Presidência da República
03 Set 2014
10 Set 2014
19 Set 2014
26 Set 2014
30 Set 2014
02 Out 2014
0%5%10%15%20%25%30%35%40%45%50%55%60%65%70%75%80%85%90%95%100%105%110%115%120%125%130%135%140%145%
32%
25%
21%
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