Dilma desalojou o PT do Ministério da Educação, um enclave do partido desde o primeiro mandato de Lula, ao escolher o governador do Ceará, Cid Gomes (PROS). Em compensação, deu ao petista Jaques Wagner, também seu conselheiro político, o comando da Defesa.
Pela primeira vez nos governos do PT, o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), que decidiu abandonar a vida pública, ficou sem nenhum representante no ministério. Em compensação, o vice-presidente Michel Temer - que se tornou uma espécie de bombeiro do governo nas crises com o Congresso e contraponto ao "dissidente" líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ) - passou a ter mais influência no governo.
Dos escolhidos do PMDB, são ligados a Temer os futuros ministros da Aviação Civil, Eliseu Padilha, e de Portos, Edinho Araújo. O vice-presidente abriu mão de manter Moreira Franco na Aviação Civil.
Dos 39 ministérios, 22 ainda não têm titulares anunciados oficialmente para o segundo mandato. Dos 13 anunciados ontem (23), três foram derrotados em eleições majoritárias neste ano. Dois partidos aliados - PP, que perdeu Cidades e deve receber Integração Nacional, e PR, que deve seguir em Transportes - esperam seu quinhão no novo governo.
Antes do anúncio de ontem (23), Dilma já havia indicado Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa para o Planejamento, e o senador Armando Monteiro (PTB-PE) para o Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além de ter confirmado a permanência do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Para lá e para cá
Num gesto de gratidão ao clã Barbalho, que a apoiou na campanha à reeleição no Pará, a presidente escolheu para a Pesca o ex-prefeito de Ananindeua Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho. Apoiado pelo PT, ele perdeu a disputa no Estado para o tucano Simão Jatene.
O PRB, atual controlador da Pesca, foi compensado com o Esporte, para o qual foi indicado o ex-líder do partido na Câmara George Hilton. Com isso, o PC do B mudou de lugar, mas manteve o ministro: Aldo Rebelo vai para Ciência e Tecnologia.
Dilma teve a preocupação de equilibrar o PMDB da Câmara com o do Senado. Para Minas e Energia, convidou seu líder no Senado, Eduardo Braga, que disputou e perdeu o governo do Amazonas. Para a Agricultura, a presidente confirmou a escolha da senadora Kátia Abreu (TO), feita há quase um mês. Kátia pediu à presidente que aguardasse sua nova posse na presidência da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), ocorrida há uma semana.
Retribuição
Para o Ministério das Cidades, Dilma escolheu o presidente do PSD, Gilberto Kassab (SP), responsável pelo desmanche do oposicionista DEM em 2011 e pela adesão da nova sigla ao governo. Com isso, o PSD passa a fazer parte oficialmente do ministério - o partido alega que Guilherme Afif, titular da Micro e Pequena Empresa, é escolha "pessoal" de Dilma.
Como recebeu Portos, que estava ligado aos irmãos Ciro e Cid Gomes, o PMDB abrirá mão do Ministério da Previdência Social. A expectativa era de que a pasta fosse destinada ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que ficará sem mandato. Mas a confirmação de que Alves consta dos nomes citados pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa entre os supostos beneficiários do esquema da Petrobrás excluiu o peemedebista do páreo (mais informações na pág. A6). O titular da pasta, senador Garibaldi Alves (RN), anunciou que retornará ao Senado a partir de janeiro. A Previdência não tem novo titular definido.
A ideia da presidente era divulgar a nova relação de ministros ontem a partir das 17 horas. Tanto é que Dilma ligou pessoalmente a cada um deles, avisando que o anúncio seria feito ontem (23). Mas problemas de última hora, como a escolha do novo ministro da Previdência, atrasaram o anúncio. Por isso, somente às 19h55 veio a confirmação oficial dos 13 novos titulares da Esplanada. Todos tomam posse no dia 1.º. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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