Líderes de partidos aliados do governo descartam a realização de um plebiscito que mude as regras das eleições do ano que vem.
Uma reunião para discutir o que já se falava abertamente nos corredores do Congresso: que um plebiscito para fazer a reforma política para eleições de 2014 é inviável.
Líderes da base de apoio ao governo na Câmara foram ouvidos por três ministros e pelo vice-presidente da República. Na saída, Michel Temer e o ministro da Justiça deram o recado:
“Não há mais condições de fazer qualquer consulta antes de outubro. E não havendo condições temporais para fazer essa consulta, qualquer reforma que venha só se aplicará para as próximas eleições, não para esta”, disse o vice-presidente da República.
“Como disse o vice-presidente Michel, há uma avaliação de que, tecnicamente, seria muito difícil fazer agora o plebiscito”, declarou o ministro Eduardo Cardozo.
Resumiu a opinião da maioria dos líderes, inclusive os da base.
“Nós sabemos que ele é inexequível para aplicação nas eleições de 2014, em razão até dos prazos estabelecidos pelo TSE”, comentou o deputado Luciano Castro, PR-RR
vice-líder do governo.
Mas as declarações do vice-presidente da República geraram insatisfação no Palácio do Planalto. No fim do dia, o vice-presidente divulgou uma nota, dizendo que a declaração dele sobre a impossibilidade de se realizar o plebiscito antes de outubro deste ano expressou a opinião de alguns líderes da base governista na Câmara. E que, embora reconheça as dificuldades, o governo mantém a posição de que o ideal é a realização do plebiscito em data que altere o sistema político eleitoral já nas eleições de 2014.
E, enquanto a nota do vice-presidente era divulgada, o ministro da Justiça dava outra entrevista, dizendo que o governo não tinha desistido do plebiscito, mas que a decisão estava nas mãos do Congresso.
“O ideal é que nós tenhamos essa decisão antes de outubro para que se possa valer para as próximas eleições as novas regras. Agora o Congresso irá avaliar tudo: a possibilidade, a impossibilidade. E tomar a decisão que, tenho certeza, será a melhor possível”, afirmou Cardozo.
Desde que a proposta de plebiscito chegou ao Congresso – há pouco mais de 48 horas – foi crescendo a insatisfação entre os parlamentares da base de apoio. Muitos consideram que o Palácio do Planalto deixou o problema nas mãos deles.
Na semana que vem, o governo vai ouvir os lideres aliados no Senado, mas o tom da conversa não deve mudar. Já que a maioria dos parlamentares dá como certo que o plebiscito não poderá mudar as regras já para as eleições de 2014.
Até o PT, partido da presidente, que reuniu nesta quinta-feira a Executiva, mostrou que está dividido.
“Nós resolvemos, nesta linha de plebiscito, no prazo mais curto possível, no plebiscito que produza efeitos já para 2014”, disse Rui Falcão, presidente do PT.
“Pode ser o plebiscito esse ano e valer para as eleições de 2016. Porque, para as eleições de 2014, o TSE já disse que não tem condições”, apontou Candido Vacarezza, PT- SP.
Em Salvador, a presidente Dilma Rousseff voltou a defender o plebiscito.
“Esse pacto pela reforma política é um pacto pela melhoria da representatividade e tem de ser um pacto pela participação popular. Por isso nos propomos que ele fosse feito pela forma de um plebiscito. Que se consultasse a população do país sobre como ela queria a reforma política”, afirmou Dilma.
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