Dilma recebe Temer na 4ª para reabrir negociação de ministérios com PMDB
Josias de Souza
Após manter o PMDB no freezer por duas semanas, Dilma Rousseff receberá o vice Michel Temer nesta quarta-feira (19), para retomar a negociação sobre reforma ministerial. Temer foi avisado sobre a intenção de Dilma pelo ministro petista Aloizio Mercadante (Casa Civil).
Na noite desta segunda-feira (17), Dilma esteve no Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer. Foi participar de um jantar com o candidato do PMDB ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, e 86 prefeitos eleitos pelo PMDB paulista. Dilma não ficou para o jantar. Mas distribuiu sorrisos e apertos de mão. Antes de ir embora, discursou. Não disse palavra sobre ministérios.
Dilma contou aos presentes que, ao chegar no Jaburu, foi abordada por um dos prefeitos do PMDB. Ele me disse que seu vice é do PT, relatou a presidente. O ideal seria que estivéssemos juntos em toda parte, mas isso não será possível, admitiu Dilma. Para ela, o mais importante é manter o respeito recíproco.
A presidente rasgou elogios a Temer e enalteceu a parceria que une PT e PMDB no plano federal. “Pena que o discurso não combina com a prática”, diria mais tarde um dos participantes do encontro, numa evidência de que o gelo não foi quebrado.
O que já está ruim ainda pode se tornar muito pior. Ouviram Dilma sem aparentar entusiasmo: os ministros Moreira Franco (Aviação Civil) e Garibaldi Alves (Previdência) e os líderes do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, e no Senado, Eunício Oliveira. Lá estava também o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves. Renan Calheiros, o presidente do Senado, não deu as caras.
Na noite desta terça, deputados e senadores votarão mais um lote de vetos que Dilma apôs a projetos de lei aprovados na Câmara e no Senado. Para derrubar os vetos presidenciais são necessários pelo menos 41 votos dos 81 senadores e 257 votos dos 513 deputados. Não é algo fácil de obter.
O PMDB da Câmara lidera um movimento para impor pelo menos uma derrota a Dilma na análise dos vetos. Deseja-se ressuscitar o projeto que disciplina a criação de novos municípios, que ela vetou integralmente. Estima-se que há pelo menos 400 novas cidades esperando para acontecer. Dilma levou o pé à porta sob o argumento de que, junto com as prefeituras, nasceriam novas e indesejadas despesas.
O veto de Dilma só cairá se os membros das duas Casas legislativas estiverem de acordo. O Senado votará primeiro. Mantendo-se o veto, a Câmara nem precisará votar. Se, por outro lado, o veto cair no Senado, a Câmara deve concluir o enterro, constrangendo Dilma.
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