Cid: combate a corrupção afasta presidente de aliados
O então Ministro da Educação, Cid Gomes, conversou com familiares e aliados mais próximos antes de seguir para Brasília de onde voltaria na condição de ex-ministro. Aos mais próximos, segundo relatados colhidos por jornais de grande circulação, Cid desenhou uma convicção: eu não vou me humilhar.
A frase era a expressão de quem reafirmaria palavras ditas e não recuaria nas declarações sobre a existência de achacadores. Dito e feito. Foi à Câmara Federal, pediu perdão, mas não desculpas, foi acuado, travou uma briga com muitos parlamentares, especialmente, os peemedebistas e os aliados do presidente da Mesa Diretora, Eduardo Cunha (PMDB), a quem Cid, com dedo apontado, o acusou de achaque.
Antes de colocar os pés na Câmara, Cid Gomes, segundo reportagem do Jornal Folha de São Paulo, ainda ministro da Educação, confidenciou a amigos: “eu não vou me humilhar.” Suas duras declarações diante de uma base congressual arredia à presidente da República motivaram sua demissão relâmpago.
Entre o abandono da tumultuada sessão e o anúncio de sua demissão pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decorreram menos de 30 minutos. Cid Gomes, já na condição de ex-ministro, afirmou a jornalistas ao deixar o Palácio do Planalto que a presidente Dilma enfrenta uma crise na relação com o Legislativo justamente por sua atitude contra desvios éticos. “E é isso que fragiliza sua relação com boa parte dos partidos, que querem isso [corrupção].” A crítica de Cid tinha um endereço claro: o PMDB.
A avaliação de integrantes do próprio governo, de acordo com as conversas de bastidores, é de que a petista se rendeu ao ultimato do PMDB. Entre Cid e o partido, Dilma ficou com a segunda opção. Um de seus raros defensores públicos antes, durante e depois da campanha presidencial, Cid Gomes deixou a Câmara ciente do término de sua atuação na Esplanada.
À presidente explicou que jamais poderia recuar de sua opinião sobre partidos e parlamentares, mas entendia que sua permanência causaria constrangimento a Dilma. “Compreendo e lamento”, respondeu a presidente. Ao deixar o gabinete presidencial, Cid abraçou funcionários: “Estou feliz, tranqüilo”. O mesmo foi dito a jornalistas que o aguardavam.
“Tem muito discurso de oposição, muita gente que fala em corrupção. Parece uma coisa intrínseca ao governo, mas o que Dilma está fazendo é exatamente limpar o governo de corrupção que aconteceu no passado. É isso que ela está fazendo. É por isso que a gente vive uma crise.”
Para o ex-ministro, foi Dilma quem demitiu da Petrobras os ex-diretores que agora estão sob investigação na Operação Lava Jato, Paulo Roberto Costa e Renato Duque. Segundo Cid, a atual crise “é anterior” à presidente. “Ela, ao contrário, como é séria, está limpando e não está permitindo isso”, afirmou. Cid Gomes foi parar no Ministério da Educação por insistência de Dilma e só aceitou após receber a terceira sondagem.
Na saída do Planalto, o ex-ministro voltou a criticar a composição do Congresso. “Considero o parlamento fundamental para a democracia. O lamentável é a sua composição, e a forma de se relacionar com o poder. Virou o antipoder. Ou tomam parte do poder, ou apostam no quanto pior, melhor, para assumir o poder e muitas vezes fazer as mesmas coisas que se está fazendo, ou pior.” Com informações do UOL.
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