terça-feira, 1 de setembro de 2015


Governo apresenta déficit como proposta de orçamento para 2016

Previsão de rombo é de R$ 30 bilhões.
Ainda não foi dito como esse buraco deve ser tapado.

Fabiano Andrade Brasília

Pela primeira vez, o governo apresentou um déficit como proposta de orçamento para o próximo ano. O tamanho do buraco passa de R$ 30 bilhões, mas ainda não foi dito como ele deve ser tapado.
No Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com deputados e senadores aliados e pediu que o Congresso ajude a encontrar soluções para diminuir o déficit previsto.

“A peça orçamentária está sendo construída com tamanho diálogo que ajudará nós na Câmara e no Senado, principalmente na Câmara, a não votarmos projetos ou outras matérias que criem despesas para o governo", declarou o deputado José Guimarães (PT/CE), líder do governo na Câmara.

O anúncio de que o governo não vai ter dinheiro para pagar todas as contas foi feito pelos ministros da Fazenda e do Planejamento. Eles disseram que uma das preocupações é conter o aumento dos gastos obrigatórios, como a Previdência Social e os salários dos servidores.
“Porque fica claro pelos números que hoje o principal desafio fiscal para o Brasil, o principal desafio fiscal para a sociedade brasileira é controlar o crescimento dos gastos obrigatórios da União”, disse Nelson Barbosa, ministro do Planejamento.
Os ministros foram questionados se o governo não estaria ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, com a previsão de um rombo de R$ 30 bilhões.
“A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que tem que mandar orçamento com meta, não necessariamente positiva ou negativa. Então, é consistente ter déficit como meta”, explica o ministro Nelson Barbosa.
No Congresso, o presidente do Senado, Renan Calheiros, defendeu o corte de gastos e não a criação de mais impostos. “Primeiro, é preciso cortar despesas e melhorar a eficiência do gasto público. O Congresso está disposto a colaborar nesta direção”. 
A oposição, que já ameaçou devolver as contas para o governo, criticou a proposta de orçamento. “O governo confessa a incompetência de gerenciamento que houve e agora quer transferir ao Congresso a solução para um problema que é seu”, disse o senador Álvaro Dias (PSDB/PR), líder da oposição no Senado.
“Nós temos que sair dessa espécie de ilha de fantasia que estamos vivendo há mais de 20 anos, que é de ter no orçamento uma peça de ficção. Acho que hoje, com a entrega desse orçamento, que é um choque de realidade, temos a oportunidade de reconhecer a gravidade da situação que o país vive, conforme cobrava até a oposição, e diante dessa realidade, ver o que podemos fazer”, declarou o senador Jorge Viana (PT/AC), vice-presidente do Senado.

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