Reforma ministerial: Mercadante, Jaques Wagner e Cardozo devem formar tripé de suporte a Dilma
Analistas avaliam que presidente vai manter por perto seus homens de confiança
Dilma Rousseff deve reorganizar ministros na Esplanada dos Ministérios para contemplar novos aliados
Valter Campanato / ABr.
A dança das cadeiras no primeiro escalão do governo deve começar nas próximas semanas e a presidente Dilma Rousseff já começou a articular a reforma ministerial para compor seu governo para o novo mandato. Ainda que a prioridade seja anunciar o substituto de Guido Mantega no Ministério da Fazenda, a presidente também deve alterar cargos com o objetivo de trazer para perto seus homens de confiança.
O suporte à presidente Dilma a partir do segundo mandato deve ser feito por um tripé de peso, segundo avaliam analistas políticos. Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Jaques Wagner, que deixa o governo da Bahia no fim do ano após eleger seu sucessor, devem ser os homens de Dilma a partir de 2015.
Os três são próximos da presidente e se destacam nas funções que ocupam, por isso Dilma deve mantê-los por perto na reorganização dos cargos na Esplanada dos Ministérios.
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Mercadante chegou a ser ventilado como possível chefe da Fazenda. Mas, por ser um homem de confiança de Dilma Rousseff e ter habilidade na articulação política, especialistas acreditam que o ministro deve continuar no núcleo da articulação.
Para o professor de administração pública da UnB (Universidade de Brasília) José Matias-Pereira, Mercadante já mostrou que consegue um bom desempenho em qualquer área da Esplanada. Para o especialista, isso o credencia para ocupar qualquer pasta.
— Ele já mostrou que é uma espécie de polivalente. No governo PT, ela já ficou na Ciência e Tecnologia, já foi da Educação e agora está na Casa Civil. Ele acabou desempenhando um papel importante nessa fase final do primeiro mandato de Dilma e no próprio processo de reeleição, além de ser politicamente uma pessoa muito hábil.
Logo no início do segundo turno, Mercadante pediu licença do cargo para se dedicar exclusivamente à campanha de reeleição de Dilma. Até fevereiro, ele era ministro da Educação, mas foi chamado pela presidente para assumir a Casa Civil, depois que a então ministra Gleisi Hoffmann se desvinculou para concorrer ao governo do Paraná.
Pelo fato de Mercadante ser quase um coringa, o economista Paulo Brasil não acredita que sua habilidade de negociação será desperdiçada na equipe econômica.
— Ele é um nome muito mais importante politicamente do que na equipe econômica.
Como também é um dos nomes pensados pelo PT para ser lançado em 2018, os analistas acreditam que Mercadante deve continuar assumindo papel importante e de destaque ao lado da presidente.
José Eduardo Cardozo foi um dos principais articuladores da campanha presidencial de Dilma em 2010 e logo foi nomeado para o Ministério da Justiça. Além de ter a confiança da presidente, o ministro permaneceu os quatro anos no cargo sem se envolver em nenhuma polêmica.
Jaques Wagner está desempregado a partir de janeiro de 2015 e por isso deve ser levado para uma das pastas que trabalha ao lado de Dilma, como a Casa Civil ou Relações Institucionais. Na avaliação do cientista político Matias-Pereira, o desempenho de Wagner durante os oitos anos à frente do governo da Bahia é motivo de prestígio.
— Vai ocupar um lugar bastante importante no segundo mandato de Dilma. Principalmente pelo desempenho eleitoral que ele teve, Jaques Wagner deve ser o chefe da Casa Civil, tem perfil para isso.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, e o ex-chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, que deixou o cargo para integrar o comando da campanha de reeleição, também devem ser mantidos próximos da presidente.
Cartas fora do baralho
Se os aliados "sem cargo" com bom desempenho eleitoral devem ser agraciados, os nomes que foram derrotados nas urnas não têm muitas chances no primeiro escalão. É o caso, por exemplo, do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, que perdeu no primeiro turno em São Paulo e ficou em terceiro lugar.
Os governadores petistas do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e de Brasília, Agnelo Queiroz, que não conseguiram ser reeleitos, além do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que também não conseguiu renovar o mandato, não devem ter espaço na Esplanada, de acordo com especialistas. A avaliação do professor Matias-Pereira é de que Dilma já tem aliados demais para abrigar nos ministérios.
— Ela vai governar com a base aliada mais fragmentada, e vai ter que efetivamente criar as condições para abrigar aqueles que virão agregar. Não vai haver espaço para abrigar aqueles que não triunfaram.
Atualmente com 39 ministérios, a presidente Dilma precisa distribuir os nomes de acordo com as necessidades da base aliada. O PMDB, maior partido aliado, deve ser o mais amplamente contemplado.
O cientista político da UnB David Fleischer avalia que os peemedebistas não vão se contentar com as pastas que já têm e é provável que Dilma precise aumentar a cota do partido de seu vice, Michel Temer.
— O problema é o PMDB, ele não quer mais do mesmo, quer mais e ponto-final. Vai querer mais ministérios e mais importantes, e quer a presidência da Câmara dos Deputados no ano que vem.
Além do PMDB, a presidente precisa acomodar outros sete partidos da sua coligação: PR, PRB, PROS, PDT, PCdoB, PP e PSD.
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