Dilma convida peemedebista para articulação política
A escolha do peemedebista é uma tentativa da presidente de solucionar a guerra do PMDB com o Planalto e garantir a aprovação das medidas do ajuste fiscal.
Segundo um interlocutor presidencial, a conversa da presidente Dilma com seu ministro ocorreu no Palácio do Planalto logo após a posse do novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, e foi testemunhada pelo vice-presidente Michel Temer.
Um peemedebista ligado a Eliseu Padilha disse à Folha que, na conversa, ele sinalizou que pode aceitar substituir o atual titular das Relações Institucionais, Pepe Vargas, petista da cota da presidente. Mas disse que antes precisava conseguir o apoio de todo PMDB, tanto da Câmara como do Senado.
Sérgio Lima/Folhapress | ||
O ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) na posse de Renato Janine Ribeiro na Educação |
À noite, ele iria participar de reunião da cúpula peemedebista no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer, onde o convite seria discutido.
A inclusão do PMDB na "cozinha" do Palácio do Planalto foi uma sugestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele argumentava que a sigla deveria participar ativamente das decisões do governo para solucionar a crise política do segundo mandato de Dilma.
A petista tem enfrentado dificuldades no Congresso principalmente nas relações com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, peemedebistas que têm definido uma agenda própria e imposto derrotas em votações ao governo.
O convite divide o PMDB. Uma ala do partido acredita que Padilha corre o risco de virar "um mero garçom", sem poder para fazer as negociações políticas em nome do governo. Outra avalia que seria um passo importante para o partido, de fato, participar das decisões do Planalto.
SEIS MINISTROS
O governo tem, hoje, seis ministros indicados pelo PMDB. Além de Padilha, Kátia Abreu (Agricultura), Eduardo Braga (Minas e Energia), Helder Barbalho (Pesca), Edinho Araujo (Portos) e Vinicius Lages (Turismo).
Há um sétimo ministro filiado à legenda, Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), mas dirigentes da sigla alegam que ele é uma escolha pessoal de Dilma.
Outro peemedebista está na fila de espera. O ex-deputado Henrique Eduardo Alves já foi convidado pela presidente Dilma para o Turismo, mas ainda não assumiu por divisões internas do PMDB.
O problema é que o ex-presidente da Câmara, sendo nomeado para a pasta do Turismo, desalojaria um afilhado político do presidente do Senado, Renan Calheiros.
Uma solução, caso Padilha aceite o posto e Alves vá para o Turismo, seria indicar Vinicius Lages para a Secretaria de Aviação Civil.
Os aliados de Renan têm dito que o presidente do Senado não pode ficar discutindo cargos porque, neste momento, tem defendido uma redução pela metade no número de ministérios.
Ex-ministro dos Transportes do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, Padilha é considerado um hábil articulador político.
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