Mesmo com redução das tarifas de transporte, ao menos 40 cidades protestam hoje pelo Brasil
- Paulistanos comemoram tarifa e defendem mais protestos
Moradores de ao menos 20 capitais brasileiras e de pelo menos 21 cidades espalhadas pelo interior do Brasil vão às ruas nesta quinta-feira (20), a partir das 17h, protestar contra o preço e a qualidade do transporte público no país. O ato sucede anúncios de revogação de aumento de tarifa feitos nessa quarta (19) em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo após pressão popular, além de Aracaju (SE). Na terça-feira (18), quatro capitais já haviam anunciado a redução do preço das passagens de ônibus: Recife, Porto Alegre, João Pessoa e Cuiabá.
No Rio, o ato acontece na região central da cidade após o protesto da última segunda (17), que terminou em conflito com a polícia depois que um grupo tentou invadir a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Em Brasília, o protesto foi batizado de "Ato Nacional contra o Aumento das Passagens, as Violações da Copa e a Criminalização da Luta Popular no DF" e terá concentração a partir das 17h na rodoviária do Plano Piloto, no centro da capital.
Outras capitais que tiveram manifestações do tipo confirmadas foram Teresina (PI), Recife (PE), Porto Alegre (RS), João Pessoa (PB), Cuiabá (MT), Aracaju (SE), Maceió (AL), Campo Grande (MS), Salvador (BA), Natal (RN), Manaus (MA), Florianópolis (SC), Palmas (TO), Fortaleza (CE), Goiânia (GO) e Recife (PE).
Em cidades do interior, há protestos marcados também em cidades como Mosqueiro (PA), Guaraí, Gurupi e Tocantinópolis (TO), Rio Largo (AL), Jequié, Petrolina e Juazeiro (BA), Sorocaba e Ribeirão Preto (SP), Salgueiro e São Raimundo (PE), Londrina (PR), Esperantina, Parnaíba, Floriano, São Raimundo Nonato, Picos, São João do Piauí e José de Freitas (PI) e Timon (MA).
No Recife, a manifestação está marcada para as 16h, com concentração no Derby. "No dia 20 de junho, o Brasil vai parar, e vai parar pra exigir melhores condições a todos, vai parar pra exigir que parem com as roubalheiras, vai parar pra, enfim, começar a andar", diz a publicação.
Em Porto Alegre, onde o prefeito de José Fortunati (PDT) enviou na terça-feira, à Câmara de Vereadores, um projeto de lei que isenta as tarifas de ônibus do ISS (Imposto sobre Serviços), PIS e Cofins, 25 mil pessoas haviam confirmado presença até a tarde desta quarta-feira na manifestação --cuja concentração ocorre às 18h em frente à Prefeitura de Porto Alegre. O roteiro da passeata será definido no local.
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20.jun.2013 - Um supermercado foi saqueado durante protesto na noite desta quarta-feira (19) na região do Grajaú, zona sul de São Paulo (SP), e um caixa eletrônico foi quebrado na Avenida Dona Belmira Marin, no mesmo bairro, de acordo com a polícia. Um grupo também ateou fogo em dois ônibus. O protesto foi contra a tarifa de ônibus e a qualidade do serviço prestado pelas empresas que servem a região Edison Temoteo/Futura Press
"Pedimos que todos e todas sejam agentes da garantia disso: não provoquem policiais e, caso haja algum tipo de provocação, não cedam. Estimulem seus colegas a manterem a mesma postura, isso é muito importante! Nosso objetivo é estar nas ruas e manifestar nossa indignação, isso é suficiente para nosso objetivo", diz publicação na página do Facebook.
Em Cuiabá, o protesto desta quinta-feira pede a redução da tarifa do ônibus, o passe livre para estudantes, mais qualidade no transporte público e a municipalização do transporte, contra as concessões.
Em Aracaju, mais de 23 mil pessoas tinham confirmado, pelo Facebook, participação no protesto desta quinta-feira. Os líderes afirmam que o protesto será pacífico.
Revogação do aumento no Rio e SP
Os anúncios de revogação do aumento nas duas capitais foi feito no início da noite de ontem, a menos de 24h das manifestações marcadas para hoje. No Rio, a medida foi apresentada pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), segundo o qual o preço das passagens de ônibus na cidade será revogado. Desde o dia 1º de junho, a passagem de ônibus no Rio havia aumentado de R$ 2,75 para R$ 2,95, causando uma série de protestos pela cidade.O prefeito anunciou ainda que os aumentos no metrô (de R$ 3,20 para R$ 3,50), trens (de R$ 2,90 para R$ 3,10) e barcas (R$ 4,50 para R$ 4,80) também serão revogados. Segundo Paes, o impacto no orçamento será de R$ 200 milhões ao ano.
Em São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), anunciaram que o valor dos ônibus, metrô e trem voltarão a R$ 3 a partir da próxima segunda-feira (24), ante os R$ 3,20 que atualmente são cobrados. Já a integração dos ônibus com o metrô e os trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) voltará a custar R$ 4,65 --hoje o valor é R$ 5.
Belo Horizonte
Na capital mineira, após três dias de protestos consecutivos, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) anunciou também nessa quarta que enviaria à Câmara dos Vereadores da cidade projeto de lei com intuito de reduzir o valor passagem de ônibus.O último reajuste foi feito no final do ano passado, e o valor da passagem mais utilizada pelos usuários é a de R$ 2,80.
Segundo nota divulgada pela assessoria da prefeitura, o projeto conterá proposta de isenção do ISS (Imposto Sobre Serviços) na incidência do custo do transporte coletivo. No entanto, não há informação sobre o valor da redução que seria alcançada com a nova medida.
Brasília
Na capital federal, o protesto dessa quarta foi o quarto e em defesa da tarifa zero no transporte público. O ato reuniu cerca de 1.300 manifestantes, de acordo com cálculos da Polícia Militar, e fez com que a estação Rodoviária do Plano Piloto do metrô do DF fechasse mais cedo --por volta das 20h30, e não às 23h30, como ocorre de segunda a sábado. Dez minutos depois, alguns dos manifestantes invadiram a estação, apesar do cordão de isolamento da Polícia Militar.Niterói
Protestos também foram realizados Niterói (RJ) na noite dessa quarta. Manifestantes paralisaram a ponte Rio-Niterói, e centenas de passageiros que seguiam de ônibus para a cidade e já estavam na ponte desceram dos veículos e seguiram a pé para casa. O mesmo aconteceu para quem ia para o Rio de Janeiro. Os passageiros desceram no acesso à avenida Brasil, no bairro do Caju, zona portuária, e procuraram uma forma de seguir para casa.Por volta das 21h, os manifestantes desocuparam a avenida Marquês do Paraná, via que dá acesso à ponte Rio-Niterói, após a intervenção da polícia. A Tropa de Choque utilizou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo e alguns policiais chegaram a sacar armas durante a confusão para retirar os manifestantes da avenida. Os confrontos continuaram pelo centro de Niterói.
Fortaleza
Também ontem, cerca de 10 mil manifestantes, de acordo com a polícia, ocuparam a avenida Alberto Craveiro, a principal via de acesso ao estádio Castelão, na capital cearense, onde o Brasil enfrentaria horas depois a seleção do México pela Copa das Confederações. Com faixas e gritos de ordem, eles pedem "mais pão e menos circo" no país.Com cartazes de protestos e manifestações proibidos de entrar na Arena, alguns torcedores deram um jeito de 'burlar' essa regra. O estudante de engenharia Murilo Melo foi revistado na entrada e a Força Nacional apreendeu um cartaz com os dizeres "Enfia os 20 centavos no SUS", em português.
O outro, em inglês, dizia. "Não são só 20 centavos. São 69 bilhões roubados dos cofres públicos". Este foi verificado pela Força e liberado para entrar no estádio, já que os responsáveis pela revista não entenderam o que estava escrito.
Revogação de aumento demorou, dizem analistas
Para analistas políticos ouvidos pelo UOL, o anúncio da revogação do aumento das tarifas de transporte coletivo em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro demorou para acontecer, foi realizado em meio ao acirramento de protestos que comprometeram a dinâmica do cidadão, mas evitaram que movimentos como o do Passe Livre perdessem o controle da situação para grupos.Para o professor de sociologia e teoria política na faculdade Rio Branco Luís Antônio Vital Gabriel, a revogação, que passa a ser efetivamente válida a partir da próxima segunda-feira (24), aconteceu "só após a situação chegar a um ponto realmente muito perigoso". "A pressão dos últimos dias mostrou que, como o movimento num todo não tem uma liderança clara, efetiva, fica difícil controlar atos de vandalismo que estavam se acirrando", disse.
Já o cientista político Fernando Abrucio, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), também defendeu que houve demora por parte dos governantes em responder aos movimentos sociais, mas classificou: "Antes tarde do que nunca. Acho que essa resposta os governantes deveriam ter dado pelo menos após a manifestação de segunda; ali teria sido um marco. Mas o fato de eles cederem mostra também que o governo ouve a sociedade. E quando consegue ouvir a voz das ruas, ganha mais legitimidade", afirmou.
OS PROTESTOS EM IMAGENS (Clique na foto para ampliar)
- Manifestante tenta invadir a sede da Prefeitura de São Paulo, na região central da cidade
- Carro de TV Record é incendiado em frente à Prefeitura de São Paulo durante protestos
- Manifestante corre ao lado de estabelecimento comercial em chamas no centro de São Paulo
- PM espirra spray de pimenta em manifestante durante protesto no Rio
- Em Brasília, manifestantes conseguiram invadir a área externa do Congresso Nacional
- Milhares de manifestantes tomam a avenida Faria Lima, em SP
- Após protesto calmo em SP, grupo tenta invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo
- Manifestantes tentam invadir o Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio
- Um carro que estava estacionado em uma rua do centro do Rio foi virado e incendiado
- Cláudia Romualdo, comandante do policiamento de Belo Horizonte, posa com manifestantes
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