Abertura de sessões marca nova fase de atuação da Comissão da Verdade
DE BRASÍLIA
Ustra rebate acusações de mortes na ditadura e cita atuação de Dilma em grupo
Análise: Tese de crime permanente não afronta o STF
Até então, tinham sido convocados 15 agentes de repressão para falar, dos quais 11 já testemunharam e quatro não apareceram.
A comissão tem poderes para convocar testemunhas e obrigá-las a depor, mas adotou a prática de convidar as pessoas e só transformar convites em convocações nos casos em que houver recusa.
Os nomes dos depoentes não foram liberados --a Folha teve o pedido por esse dado negado por meio da Lei de Acesso à Informação.
A publicidade de depoimentos é uma questão central para comissionados, familiares de desaparecidos políticos e entidades que buscam a elucidação das mortes e torturas ocorridas na ditadura.
O que está em jogo é a discussão em torno de qual deve ser o objetivo da comissão.
Parte dos membros diz acreditar que ela deve provocar uma forte discussão pública mesmo com o risco de promover sessões conturbadas como a de ontem --que, segundo afirmou Fonteles, "faz parte da democracia".
Ontem, um dos principais receios da comissão em relação a sessões abertas não se concretizou --o de que militares fossem alvos de protestos.
Outros membros, encabeçados por Paulo Sérgio Pinheiro, defendem que as atividades do colegiado sejam majoritariamente reservadas.
A ideia é que, ao não expor os militares, eles se sentem mais confortáveis para revelar pontos obscuros do regime. Na prática, a condução dos trabalhos vem mudando de acordo com o coordenador do momento. Rosa Cardoso, partidária dos depoimentos públicos, deve ser a próxima a assumir o posto.
Como a Folha mostrou há cerca de um mês, a opacidade dos trabalhos do colegiado é um dos pontos das críticas que ela sofre interna e externamente --inclusive por membros do governo.
Além disso, os críticos se dizem céticos sobre a possibilidade real de o grupo descrever, em detalhes, cada uma das violações cometidas pela ditadura. A maior possibilidade, dizem, é que a comissão se detenha a casos de maior repercussão.
DE BRASÍLIA
A sessão aberta de ontem pode iniciar novo capítulo da Comissão Nacional da Verdade, que completa neste mês um ano e chega à metade de seu prazo de funcionamento.
Segundo Claudio Fonteles, um dos sete integrantes do colegiado, agora serão feitos novos depoimentos públicos. "Primeiro houve uma formatação documental [procura de papéis para subsidiar os depoimentos], agora começam [os depoimentos], se Deus quiser", disse ele. Ustra rebate acusações de mortes na ditadura e cita atuação de Dilma em grupo
Análise: Tese de crime permanente não afronta o STF
Até então, tinham sido convocados 15 agentes de repressão para falar, dos quais 11 já testemunharam e quatro não apareceram.
A comissão tem poderes para convocar testemunhas e obrigá-las a depor, mas adotou a prática de convidar as pessoas e só transformar convites em convocações nos casos em que houver recusa.
Sérgio Lima/Folhapress | ||
Audiência pública da Comissão da Verdade em que foi ouvido o depoimento do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra |
Os nomes dos depoentes não foram liberados --a Folha teve o pedido por esse dado negado por meio da Lei de Acesso à Informação.
A publicidade de depoimentos é uma questão central para comissionados, familiares de desaparecidos políticos e entidades que buscam a elucidação das mortes e torturas ocorridas na ditadura.
O que está em jogo é a discussão em torno de qual deve ser o objetivo da comissão.
Parte dos membros diz acreditar que ela deve provocar uma forte discussão pública mesmo com o risco de promover sessões conturbadas como a de ontem --que, segundo afirmou Fonteles, "faz parte da democracia".
Ontem, um dos principais receios da comissão em relação a sessões abertas não se concretizou --o de que militares fossem alvos de protestos.
Outros membros, encabeçados por Paulo Sérgio Pinheiro, defendem que as atividades do colegiado sejam majoritariamente reservadas.
A ideia é que, ao não expor os militares, eles se sentem mais confortáveis para revelar pontos obscuros do regime. Na prática, a condução dos trabalhos vem mudando de acordo com o coordenador do momento. Rosa Cardoso, partidária dos depoimentos públicos, deve ser a próxima a assumir o posto.
Como a Folha mostrou há cerca de um mês, a opacidade dos trabalhos do colegiado é um dos pontos das críticas que ela sofre interna e externamente --inclusive por membros do governo.
Além disso, os críticos se dizem céticos sobre a possibilidade real de o grupo descrever, em detalhes, cada uma das violações cometidas pela ditadura. A maior possibilidade, dizem, é que a comissão se detenha a casos de maior repercussão.
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