Dilma Rousseff não responde a torturador-chefe do DOI-Codi
11/5/2013 12:12
Por Redação - de Brasília e São Paulo
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A presidenta Dilma Rousseff informou, neste sábado, que não irá se pronunciar sobra a acusação feita pelo torturador Carlos Brilhante Ustra, de que ela teria participado de organizações terroristas durante a ditadura (1964-1985). A assessoria de imprensa da Presidência da República comunicou que Dilma não vai emitir nenhuma nota oficial sobre as declarações de Ustra, que comandou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo (DOI-Codi-SP), organismo de repressão instalado em São Paulo. As acusações foram feitas durante um depoimento realizado diante da Comissão da Verdade, criada pela presidente para investigar os crimes cometidos durante o regime militar.
O coronel reformado disse, na véspera, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV), que se não fosse a atuação dos militares, o comunismo existiria hoje no Brasil.
– Estávamos lutando pela democracia e estávamos lutando contra o comunismo. Se não fosse a nossa luta, se não tivéssemos lutado, eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o paredón. Os senhores teriam um regime comunista, um regime como o de Fidel Castro. O Brasil teria virado um ‘Cubão’ [em referência a Cuba] – afirmou o militar acusado de tortura e assassinato de presos políticos nos porões do DOI-Codi.
Ustra também citou a presidenta Dilma em seu depoimento sobre os Anos de Chumbo.
– Ela integrou quatro grupos terroristas que teriam como objetivo final a implantação de uma ditadura do proletariado, o comunismo. Derrubar os militares e implantar o comunismo. Isso consta de todas as organizações – disse o coronel que comandou o DOI-Codi, entre 1970 e 1974.
Durante a ditadura, Dilma integrou as organizações clandestinas Política Operária (Polop), Comando de Libertação Nacional (Colina) e Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), dedicadas a combater a ditadura militar. Condenada por “subversão”, ela passou três anos presa no presídio Tiradentes, em São Paulo, entre 1970 e 1972.
O coronel compareceu à Comissão da Verdade e, apesar de decisão judicial que lhe garantia o direito de não se pronunciar durante o depoimento, Ustra falou aos membros da comissão e negou também que tenha cometido assassinato, tortura e sequestro. O ex-comandante afirmou ainda que nenhuma tortura foi cometida dentro das instalações do órgão de repressão do governo militar.
O militar, processado por crimes contra a vida humana, foi desmentido no ato. O vereador Gilberto Natalini (PV-SP) esteve presente ao depoimento de Ustra, quando ele foi questionado sobre se o teria torturado, em 1972, Ustra respondeu que não tinha nada a dizer e negou o fato. A negativa foi rebatida por Natalini que interrompeu a fala de Ustra aos gritos:
– Sou um brasileiro de bem. O senhor é que é terrorista. Eu fui torturado pelo coronel Ustra – acusou.
A claque de apoio ao torturador protestou contra a interrupção do depoimento e o tumulto interrompeu a sessão.
Antes do coronel Ustra, Natalini prestou depoimento a CNV e disse que “Ustra sempre foi muito presente nas sessões de tortura”. Estudante de medicina e integrante do centro acadêmico à época, Natalini narrou um episódio no qual o foi colocado por Ustra nu em cima de uma poça d’água com fios de choque atados ao corpo.
– Ele chamou a tropa para que eu fizesse uma sessão de poesia. Durante horas ele ficou me batendo com uma vara. Outros vinham e me davam telefone (tapa com as mãos nos ouvidos) e muito eletrochoque – relata Natalini.
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